Resultados da agropecuária garantem recuo menor do PIB do RS

No segundo trimestre de 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul apresentou uma taxa negativa de 0,6% contra igual trimestre do ano anterior, sendo esta a quinta queda consecutiva.

tabela 1 - Taxas de crescimento do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul — 2º trim./14-2º trim./15

Na composição da taxa trimestral do PIB, os impostos caíram 4,8%, e o Valor Adicionado Bruto (VAB) variou negativamente em apenas 0,1%. A redução dos impostos foi decorrência da grande queda da indústria (-9,1%) e da redução dos serviços (-1,2%). Já a variação quase nula do VAB deve-se ao crescimento significativo da agropecuária (15,6%), que minimizou o impacto negativo dos outros rsetores.

Tabela 2 - Taxas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), dos impostos, do Valor Adicionado Bruto (VAB) total e do VAB, por atividade, no Rio Grande do Sul — 2º trim./14-2º trim./15

O crescimento de 15,6% do VAB da agropecuária gaúcha foi causado pelo desempenho positivo da safra da soja, cuja produção aumentou em 20,4% ante 2014 e tem a colheita concentrada no trimestre. O resultado pode ser considerado ainda mais positivo porque se deu sobre o nível elevado de produção de 2013 e 2014. O desempenho da soja foi decorrente da ampliação de área e do grande crescimento da produtividade observado em 2015. Nesse quadro, o volume exportado da soja cresceu 15,8% no primeiro semestre de 2015.

 

tabela 3 - Quantidades produzidas em 2015 e taxas de crescimento da produção, área e produtividade em relação  a 2014 dos principais produtos agrícolas do Rio Grande do Sul

O VAB da indústria do RS caiu 9,1% no trimestre, principalmente devido à queda da transformação em 10,1% e ao expressivo recuo do VAB da construção civil no trimestre (-8,0%), mais que o dobro da taxa do trimestre anterior. A taxa da construção civil reflete a desaceleração tanto do setor empresarial (edifícios e obras públicas) quanto da produção familiar no RS. Já o agregado das demais indústrias (extrativa mineral, eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana) teve o VAB reduzido em 4,6%, refletindo o impacto do aumento das tarifas no consumo de energia elétrica residencial.

tabela 4 - Taxas de crescimento do Valor Adicionado Bruto da indústria total e de suas atividades  no Rio Grande do Sul — 2º trim./14 e 2º trim./15

As maiores contribuições para o decréscimo da transformação no Estado vieram da queda da produção de veículos automotores (-28,4%) e de máquinas e equipamentos (-25,1%). O resultado negativo da transformação é mais significativo ainda porque foi uma redução maior que a ocorrida no trimestre anterior e sobre uma base trimestral já reduzida em 2014, resultando em uma queda só superada pelas taxas extremamente negativas de 2009. O quadro de crise na economia nacional (fiscal, cambial e inflacionária), a queda da renda real e a piora nas condições de crédito são os principais fatores que explicam tais resultados. Os destaques positivos do setor vieram do aumento da produção de celulose, papel e produtos de papel (12,8%) e de outros produtos químicos (12,3%), o primeiro causado pela abertura de uma nova unidade produtiva e o segundo, pelo aumento das exportações.

tabela 5 - Taxas de crescimento das atividades industriais do Rio Grande do Sul — 2º trim./15 e 1º sem./15

 

O VAB do setor serviços recuou 1,2% no segundo trimestre, impactado pela expressiva redução de 8,2% do comércio, a maior taxa negativa desde o início da série, e a queda de 1,8% nos transportes. As contribuições positivas nesse setor vieram da administração pública (2,8%) e das atividades imobiliárias e aluguéis (1,9%). Já os demais serviços (intermediação financeira, alojamento e alimentação, informação e comunicação, prestados às famílias e associativos, prestados às empresas, saúde e educação mercantis, manutenção e reparação e domésticos) ficaram quase estáveis, variando positivamente 0,1%.

tabela 6 - Taxas de crescimento do Valor Adicionado Bruto dos serviços e de suas atividades  no Rio Grande do Sul — 2º trim./14-2º trim./15

 

A redução de 8,2% do comércio teve como principais contribuições negativas a queda da venda de veículos (-24,2%) e dos móveis e eletrodomésticos (-12,8%). O único segmento do setor que ainda manteve uma taxa positiva no trimestre foi o de artigos farmacêuticos (1,8%). A causa da forte e disseminada desaceleração do comércio foi a deterioração das condições de emprego, renda e crédito no Estado.

tabela 7 - Taxas de crescimento das atividades comerciais do Rio Grande do Sul — 2º trim./15 e 1º sem./15

 

A taxa acumulada ao longo do ano, correspondente ao primeiro semestre de 2015, teve uma redução de 0,9%. Em sua composição, os impostos caíram 4,0%, e o VAB reduziu-se em 0,5%. Da mesma forma que na taxa trimestral, a agropecuária foi o único setor com taxa positiva no semestre (9,7%), com a indústria caindo 8,2% e os serviços variando negativamente 0,4%.

No semestre, a indústria de transformação caiu 9,8%, tendo a atividade fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias apresentado o pior desempenho (-30,2%), e a fabricação de outros produtos químicos, o melhor (8,1%).

Já o comércio sofreu uma redução de 7,3% na comparação do primeiro semestre de 2015 com o mesmo período de 2014, sendo a venda de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos o destaque positivo (2,1%) e a venda de veículos, motos, peças e partes o negativo (-21,0%).

grafico-1 - Taxas acumuladas do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Sul — 1º sem./14 e 1º sem./15

 

Na taxa acumulada em quatro trimestres, o PIB gaúcho também apresentou queda de 0,9%. Nesse resultado, o VAB total caiu 0,6%, enquanto os impostos decresceram 3,1%. O VAB da agropecuária aumentou em 8,3%, e o da indústria total recuou 5,9%, puxado pela queda da transformação de 7,2%. Já o setor serviços teve variação nula (0,0%) no acumulado de quatro trimestres, apesar da queda do VAB do comércio em 3,9%. Considerando o resultado estável dos serviços, o desempenho da agropecuária evitou uma queda maior do PIB nos últimos 12 meses.

grafico-2 - Taxas acumuladas do PIB e da agropecuária em quatro trimestres  no Rio grande do Sul — 3º trim./08-2º trim./15

 

Já em relação ao primeiro trimestre de 2015, na série com ajuste sazonal, o Produto Interno Bruto do RS ficou quase estável, variando positivamente 0,2% no segundo trimestre do ano. Nas taxas dessazonalizadas, a agropecuária cresceu 5,8%, a indústria caiu 3,1%, e os serviços reduziram-se em 1,0% no trimestre.