Em 2013, os municípios que mais cresceram foram impulsionados pela recuperação da seca e pelos bons preços da agropecuária

A Fundação de Economia e Estatística (FEE) e as demais instituições estaduais, em conjunto e sob a coordenação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgam o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios para 2013 e a revisão dos dados de 2010 a 2012. Essa nova série incorpora as mudanças metodológicas realizadas nas Contas Nacionais no início do ano e nas Contas Regionais em novembro. A partir desses dados, é possível a comparação dos municípios das 27 unidades da Federação.

É importante destacar que a metodologia do PIB Municipal não permite a decomposição dos índices em volume e preço e, por isso, ele é calculado apenas em valores nominais.

 O PIB dos municípios em 2010 e as mudanças metodológicas

Em março de 2015, o IBGE divulgou a nova série do PIB nacional (Referência 2010), incorporando diversas mudanças conceituais e metodológicas com a finalidade de aperfeiçoar a aferição dos resultados econômicos do País. Em novembro, o processo teve continuidade com a divulgação das Contas Regionais entre 2010 e 2013 e agora se conclui com a divulgação do PIB dos municípios.

Na comparação entre as séries antiga e nova de 2010 do PIB dos municípios do Rio Grande do Sul, observa-se uma pequena desconcentração da participação dos 10 maiores (-0,3 p.p.), mas com uma maior concentração entre os seis maiores (0,5 p.p.) e principalmente nos dois primeiros (1,3 p.p.). Na composição, Caxias do Sul ultrapassa Canoas, assumindo a segunda colocação, Rio Grande perde três posições, São Leopoldo ganha quatro e, junto com Cachoeirinha (que ganhou duas posições), inclui-se nos 10 maiores, no lugar de Santa Cruz do Sul e Passo Fundo.

No caso do Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária, ocorre uma leve desconcentração da participação nos 10 maiores (diminuição de 0,1 p.p. indo para 10,1%), mas com grandes modificações em sua ordenação. Uruguaiana ultrapassa Alegrete e assume o primeiro lugar. Tupanciretã, ganhando 12 posições, Vacaria (11) e Palmeira das Missões (7) passam a integrar os maiores VABs agropecuários, saindo desse grupo Cachoeira do Sul, Santana do Livramento e Rio Grande.

O VAB da indústria mantém um alto grau de concentração nos 10 maiores (47,8%). No que concerne à composição, Caxias do Sul e Novo Hamburgo ganham 1,2 p.p. e 0,7. p.p. respectivamente, sendo os que mais ganham participação, ao contrário de Canoas (-1,9 p.p.) e Triunfo (-0,7 p.p.), os que mais perdem. Bento Gonçalves, saltando três posições e Sapucaia do Sul, saltando duas, passam a fazer parte dos 10 maiores, enquanto Rio Grande e Guaíba saem do grupo.

O grupo dos 10 maiores municípios segundo o VAB dos serviços não sofreu alteração, mas passou a ter uma maior participação no Estado (52,8%), resultante do aumento de Porto Alegre (3,6 p.p.) e Caxias do Sul (0,8 p.p.).

Essas diferenças nos resultados do PIB dos municípios gaúchos são, em sua maior parte, decorrentes de mudanças nos critérios de rateio dos valores do PIB do RS entre seus municípios, destacando-se a atualização do VAB da agropecuária com base no Censo Agropecuário de 2006 e o uso das estatísticas de saídas da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul (Sefaz-RS) para o comércio e a indústria de forma mais desagregada.

Destaques no PIB dos municípios em 2011 e 2012

Em 2011, em relação a 2010, destacam-se o crescimento do PIB de Caxias do Sul e as quedas de Canoas e Triunfo. No caso do primeiro, a variação positiva foi provocada pela atividade de fabricação de caminhões, reboques e carrocerias, enquanto as variações negativas dos outros dois municípios são explicadas pelo refino e pela petroquímica, respectivamente, ambos decorrendo do aumento no custo de suas matérias-primas. Especificamente em relação ao VAB da indústria, destaca-se a queda de Candiota devido ao aumento do custo da geração de energia térmica. Na agropecuária, a queda do preço do arroz prejudicou Uruguaiana, Alegrete e Santa Vitória do Palmar, enquanto a produção de trigo e milho beneficiou Cruz Alta, e a de soja, Tupanciretã.

Já em 2012 em relação a 2011, as principais mudanças no PIB dos municípios gaúchos vieram da queda de Canoas devido ao impacto do aumento do preço do petróleo no setor de refino e do crescimento de Rio Grande pela produção de plataformas. Especificamente na indústria, Aratiba teve a produção de energia diminuída devido à estiagem. Essa mesma estiagem prejudicou a produção de soja em Tupanciretã, São Miguel das Missões e Jóia.  Dom Pedrito, ao contrário, cresceu devido ao aumento de área plantada de soja. Já Camaquã teve ganhos devido à melhora nos preços do arroz e do fumo.

Principais resultados de 2013

O PIB do RS apresentou, em 2013, um crescimento nominal de 15,3%. O setor que mais contribuiu para esse desempenho foi a agropecuária, que cresceu nominalmente 76,7%, resultado da recuperação da estiagem do ano anterior. Os setores de serviços e indústria também apresentaram variações positivas de 13,8% e 6,3% respectivamente.

Os cinco municípios que apresentaram maior crescimento relativo possuíam a agropecuária como principal setor da economia. São eles: São Miguel das Missões (167,9%), André da Rocha (156,1%), Três Arroios (143,2%), Boa Vista do Cadeado (141,7%) e Bozano (131,5%).

No Gráfico 1, podemos observar a taxa de crescimento dos 10 municípios com maior ganho de participação em 2013. Tupanciretã foi o município que mais cresceu, graças à recuperação da soja, que também teve um impacto positivo em Júlio de Castilhos e em Cruz Alta. Rio Grande obteve o maior ganho de participação devido ao elevado crescimento nos serviços e na produção de outros equipamentos de transporte. Passo Fundo apresentou crescimento do comércio de combustíveis, e Gravataí destacou-se na produção de automóveis.

grafico-1

O Gráfico 2 apresenta os 10 municípios que mais perderam participação no PIB do Estado em 2013. O município que mais se destaca é Osório, que, embora não tenha tido a maior queda absoluta de participação, foi o município que mais caiu em termos relativos (-38,5%), devido à suspensão da importação de petróleo pelo município, o que incorreu em perda na arrecadação de impostos. Entre os motivos para as demais perdas de participação estão: queda na participação na indústria do Estado, no setor de serviços e na arrecadação de impostos em Porto Alegre; perda de participação na indústria e nos serviços em Caxias do Sul; perda de participação da indústria, especificamente no setor de alimentos e de equipamentos de transporte, e serviços (comércio atacadista) em Pelotas; e queda da participação nos impostos e serviços em Triunfo.

grafico-2

A Tabela 1 apresenta o ranking dos 10 maiores PIBs do RS em 2013. Esses municípios eram responsáveis por 42,7% do PIB gaúcho em 2013. Os 10 maiores municípios são, em geral, baseados na indústria e em serviços, e a agropecuária tem uma pequena participação no Valor Adicionado. O setor serviços destaca-se como a atividade mais importante nesses municípios, sendo responsável pela maior parte do valor gerado. Destaca-se também o fato de que são municípios bastante populosos, com população superior a 100.000 habitantes, com exceção de Triunfo. As principais mudanças de colocação em relação a 2012 foram dos Municípios de Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul. Novo Hamburgo caiu duas posições, devido ao crescimento abaixo da média do Estado. Santa Cruz do Sul, por outro lado, subiu duas posições, devido ao bom desempenho da indústria do fumo.

tabela-1

Em termos de PIB per capita dos municípios, o maior valor do Estado continua sendo o de Triunfo (R$ 215.393,60), devido às atividades do polo petroquímico. Na sequência, destacam-se os Municípios de Aratiba (R$ 111.147,71), que assumiu a segunda posição no ranking dos municípios devido ao maior volume de geração de energia na Usina Hidrelétrica de Itá, Pinhal da Serra (R$ 102.491,90) e Muitos Capões (R$ 101.313,12). Em seguida, destacam-se os Municípios de Horizontina (R$ 84.842,04), em que predominam atividades de fabricação de máquinas agrícolas, e André da Rocha (R$ 78.332,53), com grande expansão da produção de madeira em tora. Por outro lado, os municípios que detêm os menores níveis de renda gerada per capita são Ametista do Sul (R$ 9.596,81), Alvorada (R$ 9.730,61), São José do Norte (R$ 10.030,56), Caraá (R$ 10.121,52) e Benjamin Constant do Sul (R$ 10.257,55). A renda per capita do Estado é de R$ 29.657,28.

 Os municípios do Rio Grande do Sul entre os maiores PIBs do Brasil em 2013

Cinco municípios gaúchos (Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Gravataí e Rio Grande) estão entre os 100 maiores PIBs do Brasil. No caso do PIB per capita, são 12 municípios; do VAB da agropecuária, 10; e dos VABs da indústria e dos serviços, em ambos, são quatro. Em 2013, em comparação com o PIB de 2012 da série antiga, Porto Alegre manteve a mesma participação no PIB do País (1,1%) e a mesma colocação (sétima) entre as capitais de Estado, mas perdeu uma posição na lista geral de municípios para Campos dos Goytacazes, passando para oitava nessa relação.