Nesta segunda-feira, 24, a FEE promoveu o Salão de Iniciação Científica da FEE, que se constitui em um espaço para a divulgação, a promoção e o acompanhamento dos trabalhos de Iniciação Científica desenvolvidos por alunos de graduação que são bolsistas da Fapergs na FEE. De manhã aconteceu a avaliação dos pôsteres pelos orientadores e de tarde ocorreu a apresentação oral dos trabalhos. Nove bolsistas apresentaram seus estudos, que tratam de diferentes temas e assuntos sobre a sociedade gaúcha e brasileira.
Priscila von Dietrich, orientada pelo pesquisador Raul Bastos, apresentou o trabalho “Trabalhadores de baixos salários: evolução das desigualdades de gênero na Região Metropolitana de Porto Alegre e de São Paulo” e mostrou que, entre 1995 e 2014, a situação das mulheres é mais adversa, uma vez que, entre elas, a incidência de baixos salários é praticamente o dobro em comparação aos homens, em ambas as regiões analisadas. “Percebe-se que a questão de raça interfere bastante, pois entre mulheres e homens negros a incidência de baixos salários é ainda maior do que entre mulheres e homens brancos. E a desigualdade é maior entre as mulheres negras do que entre os homens negros. Portanto, as mulheres se beneficiaram ao longo dos anos, mas ainda se mantêm em situação desfavorável”, afirma Priscila.
No trabalho “Matriz de Insumo Produto 2016: uma atualização a partir da MIP 2008”, Marina Gonzatto, orientada pelo pesquisador César Conceição, mostrou que houve uma mudança estrutural na economia gaúcha entre os anos de 2008 e 2016, sendo que as áreas de agropecuária, indústria de transformação e comércio são as que mais mostram mudança. “É fundamental atualizar a MIP para analisar essas mudanças no emprego e na produção do RS”, afirma Marina.
Orientado pelos pesquisadores Rodrigo Weimer e Álvaro Klafke, Vinícius Reis Furini desenvolveu o estudo “Dessa barranca do rio, ninguém me tira”: Costumes, estratégias e resistências da população das ‘vilas de malocas’ de Porto Alegre (décadas de 50 a 70)”, onde analisa um período de intensificação na remoção das famílias que viviam nas vilas de malocas de Porto Alegre, consideradas casas precárias construídas em regiões irregulares da cidade. “A população das malocas tinha códigos morais justificativos de sua presença nesses lugares. Eles moravam e trabalhavam nesses locais e consideram o espaço como direito adquirido”, afirma Vinícius.
Renata Oliveira Jung, orientada pela pesquisadora Marilyn Agranonik, desenvolveu o estudo “Evolução da Mortalidade Infantil por Causas Evitáveis no Rio Grande do Sul, 2000-2014” e demonstrou que, em geral, houve uma queda nas taxas de mortalidade no período analisado. Isso se deve total ou parcialmente devido às ações efetivas do serviço de saúde. Apesar disso, houve aumento dos óbitos em um dos quesitos analisados pela pesquisadora, que é a questão da gestação. “As condições da população e o acesso à saúde melhoram ao longo dos anos, mas ainda falta atenção às mães e recém-nascidos”, completa Renata.
No estudo “Inovação Tecnológica no RS: Relações entregrupos de pesquisa e empresas”, Leonardo Gomes, orientado por Iván Tartaruga, analisa que houve crescimento dos grupos de pesquisa e das empresas de 2002 a 2010, sendo que as áreas que mais crescem são as de engenharia e de agrárias.
Vitória Gonzatti de Souza, orientada pelos pesquisadores Daiane Menezes e Társon Nuñes, desenvolveu o estudo “Habitação de interesse social e segregação socioterritorial em Porto Alegre”. Ela demonstrou que apesar das pessoas que habitam as moradias oferecidas pelo programa “Minha Casa, Minha Vida” terem acesso a serviços básicos de saúde e educação, o acesso à cultura, ao lazer e ao entretenimento é restrito. “O programa não deveria segregar a população beneficiada e o governo local deveria auxiliar na distribuição de equipamentos e serviços dentro da cidade, visando o bem-estar público”, afirma Vitória.
Já no estudo “RS mais igual: uma análise do programa gaúcho de transferência de renda no período 2001 a 2017”, Brendon Diehl, orientado pela pesquisadora Ana Júlia Possamai, mostrou alguns resultados do programa RS mais igual, programa de erradicação da pobreza criado em 2011 pelo governo gaúcho, e do RS mais renda, programa complementar criado em 2012 e extinto em 2015. “Apesar dos impactos positivos em termos sociais e econômicos, os programas de transferência de renda condicionada sofreram cortes em face da crise econômica enfrentada pelos governos, chegando a sua completa extinção no caso do RS. Em uma conjuntura em que cresce o número de famílias vulneráveis devido ao aumento do desemprego e a da diminuição da renda do trabalho, esse cenário torna ainda mais crítico o problema da pobreza no Brasil e no Estado, em específico”, afirma Brendon.
Gustavo Alovisi, orientado por Liderau Marques, apresentou o estudo “Processo orçamentário, previsões orçamentárias e os desvios de execução no RS”, com o objetivo de discutir o processo orçamentário brasileiro e mensurar, para o RS, os desvios de execução da receita primária, despesa primária e resultado primário do Estado no período de 2002 a 2016. “O processo orçamentário do RS, no período analisado, apresenta deterioração das previsões fiscais. Isso é observado com o aumento dos desvios de execução negativos, que sugerem superestimação dos resultados”, conclui Gustavo.
E, por fim, Luis Henrique Paese, orientado pelo pesquisador Marcos Vinicio Wink Junior, apresentou o estudo “Impactos da configuração escolar no desempenho de estudantes brasileiros”. Ao analisar o desempenho de alunos do 5º ano de escolas com educação do 1º ao 5º ano e alunos do mesmo ano de escolas do 1º ao 9º ano, Luis concluiu que nas escolas com educação inicial o desempenho nas disciplinas de português e matemática é maior, existe maior taxa de aprovação e as taxas de abandono da escola são menores. “Possivelmente porque nessas escolas existe mais incentivo para manter os alunos na escola e práticas pedagógicas mais avançadas para os professores. Nesse caso, seria interessante pensar em alternativas para o não fechamento das escolas que oferecem apenas os níveis iniciais de educação e aproveitar a infraestrutura já existente”, afirma.
O evento é realizado todos os anos e conta com a participação do público interno e externo da FEE.