O termo Sociedade da Informação vem sendo largamente utilizado nas últimas décadas, para definir a nova sociedade na qual estaríamos vivendo. Este texto objetiva justamente discutir essa afirmação, a partir da revisão bibliográfica de autores consagrados na disciplina. Em primeiro lugar, argumenta-se que, pelo contrário, a informatização é característica da longa onda de modernização iniciada no século XVII. Decorre da organização das sociedades e do Estado modernos, em um exercício de crescente vigilância de indivíduos, atividades e estruturas, para fins de ordem, controle e provisão de proteção e serviços. Em segundo lugar, busca-se demonstrar que a informatização e o acesso à informação são também componentes vitais para a construção e a sustentação da democracia. Sem isso, restringem-se as oportunidades para a participação e oposição, que equilibram a concentração de poder nas mãos do Estado. Contende-se, enfim, que a informação é fundamento tanto da capacidade estatal quanto da democracia, em uma lógica complementar que aponta para a maior responsividade dos governos às demandas da sociedade. Ao final, propõe-se um modelo analítico que conecte os principais pontos abordados no texto, para fins de operacionalização de análises futuras sobre os efeitos das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) sobre essas duas variáveis principais — capacidade estatal e democracia.
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Informação como fundamento da capacidade estatal e da democracia
Textos para Discussão FEE, n.138 (2015) - ISSN 1984-5588
Autor(es):
Ana Júlia Possamai