PIB do RS no primeiro trimestre tem queda, mas menor que a brasileira

Resultado do primeiro trimestre

No primeiro trimestre de 2016, em relação a igual trimestre de 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) do RS teve uma redução de 4,3%. Essa queda foi menor que a verificada pela economia nacional no mesmo período (-5,4%). Em sua composição, o Valor Adicionado Bruto (VAB) reduziu-se em 4,2%, e os impostos líquidos caíram 4,9%. Já o VAB do Brasil caiu 4,6% e os impostos líquidos diminuíram 10,4%. Em virtude da redução menos acentuada de segmentos com maior incidência tributária, a queda do volume arrecadado em impostos sobre produtos no Rio Grande do Sul teve menor magnitude do que no Brasil. Entre as grandes atividades, a agropecuária gaúcha foi a única que teve redução mais acentuada que a do País     (-8,1% ante -3,7%). A indústria no Rio Grande do Sul caiu 6,3%, enquanto a do Brasil, 7,3%. Já os serviços gaúchos reduziram-se em 2,5%, ao passo que, no País, decresceram 3,7%.

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Observando-se as taxas trimestrais, destaca-se a reversão da tendência de taxas negativas cada vez maiores encontrada nos dois trimestres imediatamente anteriores. Já no acumulado ao longo do ano e nos últimos quatro trimestres, as taxas continuam crescentemente negativas. Tais comportamentos são explicados pela influência fortemente negativa dos resultados dos dois trimestres imediatamente anteriores.

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Ao se analisarem as taxas trimestrais de 2014 e 2015, comparadas com as nacionais, apenas no primeiro trimestre do ano houve taxa positiva e levemente superior à nacional, restando quedas nos três trimestres subsequentes, com um resultado um pouco melhor que o nacional apenas no terceiro trimestre.

Durante 2015, apenas no segundo trimestre, devido ao resultado excepcional da agropecuária, a taxa trimestral foi positiva e superior à nacional. Nos três outros trimestres, os resultados foram crescentemente negativos e inferiores aos do Brasil. No resultado deste primeiro trimestre de 2016, a taxa foi negativa, mas inferior à nacional, revertendo também a tendência de quedas trimestrais maiores.

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 Destaques setoriais do trimestre

A queda menor do PIB do RS, comparada à do Brasil, reflete uma retração menos acentuada da indústria gaúcha do que da brasileira, mesmo com uma diminuição significativa da agropecuária, segmento que vinha sustentando melhores resultados. Das taxas dos grandes setores, apenas a agropecuária apresentou resultado pior que no trimestre anterior (-8,1% ante -2,4%), tendo a indústria caído 6,3% neste trimestre e 12,4% no quarto trimestre de 2015. Já os serviços diminuíram 2,5% neste trimestre e 3,4% no final do ano passado. Com base nesses desempenhos, a taxa trimestral do VAB total caiu 4,2% neste trimestre e 5,7% no trimestre anterior; a dos impostos sobre produtos líquidos de subsídios diminuiu 4,9% neste trimestre e 10,6% no quarto trimestre de 2015. Sendo assim, a taxa trimestral do PIB, que havia recuado 6,4% no quarto trimestre de 2015, caiu 4,3% no primeiro de trimestre de 2016.

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Neste trimestre, o desempenho da agropecuária foi muito prejudicado pelas condições climáticas. O arroz, que é a principal cultura agrícola do trimestre, foi prejudicado pelo excesso de chuvas tanto no plantio quanto na colheita. Assim, a produção, a área e a produtividade dessa lavoura reduziram-se em relação a 2015, com taxas de -5,4%, -3,4% e -1,1% respectivamente. O único desempenho mais significativamente positivo foi o da batata, cuja produção cresceu 14,6% apesar da redução de área. Ainda assim, esse desempenho influencia pouco o crescimento do setor. Por outro lado, a pecuária contribuiu positivamente com a atividade, beneficiada pela exportação de derivados da sua produção pela indústria.

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Os quatro segmentos da indústria contribuíram negativamente para os -6,3% do setor no trimestre. Entretanto, enquanto as indústrias de transformação e extrativa obtiveram taxas melhores que as apresentadas no último trimestre de 2015 (-7,7% ante -16,1% e -8,9% contra   -9,5% respectivamente), as atividades de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana e de construção pioraram (-4,8% contra -3,9% e -4,1% ante -3,4%). No caso da eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, seu desempenho destoou também do nacional, que cresceu 4,2% no trimestre. A explicação é que, em 2015, as usinas termoelétricas gaúchas estavam ligadas para compensar a falta de energia (provocada pela estiagem) em outros estados, ao mesmo tempo em que as hidrelétricas do Estado operavam em níveis normais. Neste trimestre, com a retomada da produção hidrelétrica no restante do País e o desligamento de parte das termoelétricas do RS, a produção nacional deu-se sob uma base de comparação menor, ao contrário do que aconteceu no Rio Grande do Sul.

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O resultado da indústria de transformação no primeiro trimestre de 2016, apesar de negativo (-7,7%), foi bastante significativo, porque, nos últimos quatro trimestres, suas quedas vinham sendo acima de 10%. Esse resultado decorreu do desempenho de seis atividades que tiveram taxas positivas, o que não ocorria há sete trimestres, e foi melhor que o brasileiro, o que não ocorria há quatro trimestres. A explicação do resultado vem da exportação da indústria de transformação gaúcha. Cinco das seis atividades que tiveram taxas positivas também tiveram desempenho exportador significativo. A que mais cresceu foi a de celulose, papel e produtos do papel, com taxa de 94,4%. Nos dados sobre a exportação do segmento no primeiro trimestre, divulgados pela FEE em abril, o volume da indústria de transformação havia crescido 16,4%. A única atividade que teve crescimento na produção e não teve aumento da exportação foi a de derivados do petróleo. A explicação para tal comportamento é que sua produção serviu para substituir importações no restante do País. Os destaques negativos continuam advindos do complexo metalmecânico, principalmente da fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, que caiu 30,2% no trimestre.

No setor serviços, o comércio diminuiu sua queda (-8,4% no trimestre contra -12,9% no quarto trimestre de 2015). Entretanto, no restante dos serviços, apenas a intermediação financeira melhorou no primeiro trimestre de 2016 em relação ao quarto trimestre de 2015      (-0,4% contra -0,8%). Nos outros cinco segmentos (transporte, informação, imobiliário, outros serviços e administração pública), as taxas trimestrais do primeiro trimestre de 2016 foram inferiores às taxas trimestrais do quarto trimestre de 2015.

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Apesar de melhorar o desempenho em relação ao trimestre anterior e de ter um resultado melhor que o do País, revertendo o que tinha ocorrido no final de 2015, o resultado trimestral do comércio expressou-se na taxa positiva de uma única atividade, a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,9%). O destaque negativo ficou novamente com a comercialização de veículos, motocicletas, partes e peças, que caiu 28,1% no trimestre.

 Resultado acumulado em quatro trimestres: contexto regional e nacional

O resultado acumulado em quatro trimestres da economia do Rio Grande do Sul (-3,9%) foi melhor que o nacional, que caiu 4,7%, mas foi pior que a taxa do trimestre anterior (-3,4%). Observa-se uma diminuição da queda, que se explica pela desaceleração da retração da indústria de transformação, associada ao crescimento da exportação de alguns segmentos, mas não existe sinal de reversão generalizada em outras atividades.

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Com os rendimentos reais ainda em níveis baixos, mas estabilizados, e a taxa de desemprego subindo, mas menor que a brasileira, pode-se perceber que a recessão se expressa de maneira diferente na economia estadual, mas não é menos grave. Somando-se a isso o crédito caro e restrito e as dificuldades fiscais dos governos, não é possível vislumbrar uma retomada da economia.

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Observando-se as taxas de crescimento trimestral dos componentes da demanda no país, nota-se que o consumo e a formação bruta de capital fixo ainda caem a taxas crescentes, acompanhados da importação, que responde à queda da atividade. Considerando que a maior parte do Valor Adicionado da indústria gaúcha se destina ao resto do País, principalmente ao investimento, a melhora da exportação, isoladamente, não possibilitará que a economia do Rio Grande do Sul volte a ter taxas positivas.

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