Taxa de desocupação e desigualdade salarial são os destaques da Carta de Conjuntura

A taxa de desocupação do Rio Grande do Sul saltou de 5,4% no primeiro trimestre de 2014 para 9,1% no mesmo trimestre de 2017, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua do IBGE. Flutuações na taxa de desocupação podem ser causadas por mudanças na probabilidade de um ocupado perder a ocupação, de um desocupado encontrar uma ocupação ou de indivíduos saírem e entrarem na força de trabalho. Na Carta de Conjuntura da FEE de julho, divulgada nesta quinta-feira (13), os economistas Guilherme Stein e Vanessa Neumann Sulzbach utilizam dados longitudinais do mercado de trabalho para decompor variações na taxa de desocupação no Rio Grande do Sul.

Pesquisadores Guilherme Stein (esq), Raul Luis Bastos e Martinho Lazzari, Diretor-Técnico da FEE

O estudo evidencia que o principal fator que explica o aumento da taxa de desocupação no Rio Grande do Sul entre o primeiro trimestre de 2012 e o mesmo período de 2017 são as demissões, responsáveis  por 36,6% do avanço total. Isso porque a chance de um indivíduo perder ocupação no trimestre seguinte e virar desocupado avançou de 0,7% para 1,20% no período considerado.

“Durante uma recessão, é esperado que as demissões aumentem. Surpreendente, é que em segundo lugar esteja o componente associado à entrada das pessoas não economicamente ativas para a situação de desocupação”, pondera Stein. Segundo o economista, “parte do fenômeno pode ser explicado pelo fato de que, na medida em que, por exemplo, chefes de família perdem a ocupação, outros membros que estavam fora da força de trabalho agora precisam ofertar sua mão-de-obra no mercado”, o que é um indício de que a crise pode ter mudado a alocação intrafamiliar da força de trabalho.

Íntegra do estudo Decomposição da Mudança da Taxa de Desocupação no RS.

Em outro texto da Carta de Conjuntura FEE, o economista Raul Luís Assumpção Bastos discute a deterioração do mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), durante a crise econômica. De acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMPA (PED-RMPA), a taxa de desemprego total subiu de 5,9% em 2014 para 8,7% em 2015 e para 10,7% em 2016. Na comparação de 2014 com 2016, o contingente de desempregados na região teve um acréscimo de 89 mil pessoas, passando de 113 mil para 202 mil desempregados.

Quanto aos rendimentos do trabalho, os salários reais tiveram um comportamento bastante adverso na conjuntura de crise econômica. O salário médio real, que havia tido uma leve variação negativa em 2014, evidenciou uma queda abrupta de 8,2% em 2015 e de 7,3% em 2016, situando-se no menor patamar da série histórica da Pesquisa, cuja primeira média anual é a de 1993. A questão que o estudo Crise econômica e desigualdade salarial na Região Metropolitana de Porto Alegre propõe é se esta enorme redução do salário médio real implicou, também, em aumento da desigualdade da estrutura salarial na RMPA. “A conjuntura de crise econômica não trouxe consigo elevação da desigualdade dos rendimentos do trabalho assalariado; pelo contrário, ela provocou uma considerável redução da desigualdade salarial”, explica Raul Bastos.

Íntegra do estudo Crise econômica e desigualdade salarial na Região Metropolitana de Porto Alegre.

 Outros temas da Carta de Conjuntura de julho:

Redução das desigualdades no desenvolvimento humano

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Anelise Rublescki – Jornalista FEE