FEE promove painel sobre o transporte no Brasil

Na tarde desta quinta-feira, 11, a Fundação de Economia e Estatística promoveu o Painel “Transporte no Brasil: indústria automobilística e mobilidade urbana”, com os Economistas da FEE André Coutinho Augustin e Rodrigo Morem da Costa, com mediação da Economista Maria Lucrécia Calandro.

André falou sobre a “Evolução da tarifa de ônibus e do custo do transporte individual em Porto Alegre”. Iniciou apresentando dados sobre o aumento da população, do número de carros e de motos na cidade de Porto Alegre de 1994 a 2014, que foi de respectivamente de 16, 82 e 450%. “O mesmo efeito acontece quando olhamos para os dados brasileiros. O número de carros e motos é cada vez maior e cresce muito mais do que cresce a população brasileira. Nesse mesmo tempo, o número de pessoas que usa o transporte coletivo diminuiu. São vários os fatores que interferem nessa questão. O que procurei analisar é o custo de cada um desses meios”, destaca André.

André Augustin

Economista André Augustin

O pesquisador criou um índice de preço do transporte individual, que leva em conta diferentes itens, entre eles, o preço do carro, da moto, do ônibus, custo do combustível, de pedágios, estacionamentos, entre outros. “De 1989 a 2016, em Porto Alegre, o índice de preços caiu 21% em termos reais, ou seja, andar de carro ficou mais barato, pois o custo não aumentou junto com a inflação, enquanto no mesmo período a tarifa de ônibus aumentou 234% acima da inflação”, salienta André.

Nesse sentido, cada vez mais a população opta por transportes individuais. “Além de ser mais barato, o tempo de locomoção é menor e o conforto é maior. Mas o custo social de andar com transporte individual é muito maior. Utilizar o transporte coletivo evita poluição, reduz o risco de acidentes, bem como a violência nas estradas e os engarrafamentos. Nesse sentido, é muito importante que o governo também subsidie o transporte público e incentive o seu uso”, aponta o Economista.

Rodrigo Morem abordou o tema “A Indústria Automobilística no Brasil e o Plano Nacional de Exportações”. Segundo o pesquisador, a indústria automobilística passou por três grandes momentos de investimento. O primeiro deles foi de 1989 a 1993, quando houve uma reestruturação da indústria e incentivo ao setor por conta do impacto da indústria na economia brasileira. O outro período foi de 1994 a 2003, quando também ocorreram investimentos no setor automobilístico, a modernização e a criação de novas fábricas, a ampliação da capacidade produtiva, entre outros fatores. O terceiro período vai de 2004 a 2012, quando ocorre a expansão e a consolidação da indústria automobilística e o aumento da produtividade, fruto da modernização. “Ainda temos demanda para expandir. A economia cresceu e a renda da população aumentou. Além disso, ocorreu a modernização dos produtos e o acirramento do mercado com a entrada de novos concorrentes. Em 2004, o Brasil era o 8º mercado mundial automobilístico e em 2012 passamos para a 4ª posição, consolidando o país como plataforma de produção”, salienta Rodrigo.

Rodrigo Morem

Economista Rodrigo Morem

No entanto, o ano de 2013 marcou o início de uma crise na indústria automobilística. “De 2013 a 2016, a taxa de variação da indústria foi de 45,6% negativa, em função da desaceleração da economia, do aumento do desemprego, da restrição ao crédito, do aumento do preço da energia, entre outros fatores”, destaca o pesquisador. Em 2015, foi criado o Plano Nacional de Exportações, com o objetivo de incentivar a produção, introduzir novas tecnologias, melhorar o acesso aos mercados, facilitar o comércio, entre outros. Rodrigo mostrou que o Plano gerou um efeito positivo sobre as vendas, através de novas relações comerciais, da consolidação da posição do Brasil como plataforma de produção e vendas de veículos para mercados da América Latina e através do desenvolvimento de veículos para os mercados emergentes. “Mas ainda é insuficiente para tirar o setor automobilístico da crise, que depende mais da retomada do crescimento da economia brasileira”, conclui Rodrigo.

Ambas as análises estão disponíveis na Revista Indicadores Econômicos FEE, lançada no final do mês de julho, e podem ser acessadas aqui.