A Fundação de Economia e Estatística (FEE) apresentou nesta quinta-feira (10) um estudo sobre o turismo no RS, com estatísticas e análises sobre o setor de turismo no Rio Grande do Sul. A pesquisa é fruto da parceria entre a FEE e a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Estado (Setel-RS) e prevê atualização anual.
O evento, que se insere nas comemorações do 43º aniversário da FEE, contou com a participação do Diretor Estadual de Turismo, Abdon Barreto Filho, do Secretário Municipal de Turismo, Luiz Fernando Moraes, representantes do Observatório de Turismo do Estado, demais autoridades do setor, bem como servidores da Fundação. “A FEE é a principal protagonista para analisar o cenário econômico do turismo. A parceria entre FEE e Setel e a pesquisa hoje disponibilizada agregam valor e informações fundamentais para o setor turístico”, pondera o Diretor de Turismo, Abdon Barretto Filho.
O estudo utiliza a lista de produtos e serviços característicos do turismo proposta pela Organização Mundial do Turismo (OMT) e que faz parte de um conjunto de recomendações internacionais para a produção de estatísticas de turismo. O Valor Adicionado Bruto (VAB) das Atividades Características do Turismo (ACTs ) é calculado para todo o Rio Grande do Sul, para o ano de 2013, e permite saber o peso dessas atividades no Produto Interno Bruto (PIB) da economia gaúcha e como cada setor contribui para o turismo.
“O fluxo de turistas vem aumentando no mundo com deslocamentos mais acessíveis e aumento das viagens de lazer, estudo e negócios, impulsionados pelo aumento da integração econômica e da renda média mundial. Conhecer a dimensão deste setor no total de atividades econômicas realizadas numa região possibilita a elaboração de políticas públicas para aproveitar melhor o potencial, atrair turistas e dinamizar o desenvolvimento da região”, pondera Guilherme Risco, economista do Centro de Indicadores Econômicos e Sociais da FEE.
Os dados evidenciam que o VAB das Atividades Características do Turismo, no Rio Grande do Sul, foi de R$ 7,4 bilhões, em 2013, o equivalente a 4% do VAB do setor de serviços ou, ainda, 2,6% do VAB total do Estado. Em comparação com o resultado para o Brasil essa participação fica abaixo da média nacional. Alojamento e alimentação respondem por 50,2% (R$ 3,7 bilhões) do valor adicionado pelas atividades.
Quatro regiões se destacam do RS: a Região das Hortênsias, Porto Alegre, Litoral Norte e a Região da Uva e do Vinho.
Região das Hortênsias
A Região das Hortênsias é a região do RS na qual o turismo tem o maior peso, o que também é resultado da longa trajetória histórica da população gaúcha no ambiente serrano. Do VAB total da região, 9,2% é oriundo de atividades características do turismo, número que chega a 16,8% no município de Gramado e 7,1% em Canela, respectivamente a primeira e a segunda colocação como municípios nos quais as atividades do turismo têm maior peso sobre a economia local em todo o RS. Mais da metade do Valor Agregado Bruto das atividades do setor na Região das Hortênsias é de oferta de hotéis, pousadas e similares.
Porto Alegre
Porto Alegre é a segunda região em destaque na análise da FEE, com a peculiaridade de ser constituída por um único município, a capital do Estado. Com cerca de 13,2% da população e 17,3% do PIB do RS, Porto Alegre abrange 37% de todo o VAB do turismo no RS. Embora conte com grande concentração de eventos nacionais e internacionais, profissionais, esportivos, de lazer e culturais, a capital gaúcha exerce prioritariamente a função de núcleo distribuidor. A cidade se destaca em serviços como agências, operadores de turismo e locação de automóveis, categoria na qual o Estado detém uma média de 9,5% no VAB do turismo e Porto Alegre registra 21,8%. Segundo o economista Tomás Fiori, Coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Regional, “Pode-se supor que mesmo as empresas que atendem ao interior do RS estejam operando a partir de uma base na capital. Uma boa parcela do turismo da região das Hortênsias, por exemplo, chega ao Estado pelo aeroporto Salgado Filho e, de lá, parte para a região serrana em veículos alugados ou mesmo em ônibus fretados por operadores sediados em Porto Alegre”.
Litoral Norte
A Região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul é a terceira região em destaque, com 2,5% do total estadual, em 2013. Desde a primeira metade do século XX o Litoral Norte já contava com a presença de veranistas nas praias da região e um incipiente negócio hoteleiro, impactando no perfil do desenvolvimento das atividades turísticas da região.
Com 18 municípios, entre os quais Torres, pertencente à melhor categoria do Mapa do Turismo Brasileiro quanto à infraestrutura adequada para atender ao turista, o Litoral Norte é uma região relativamente pobre quando observada do ponto de vista da geração própria de riqueza. Com 75% de sua estrutura produtiva baseada nos serviços, boa parte está associada ao fluxo sazonal dos turistas no verão, especialmente na rubrica que agrega os serviços de alimentação.
Uva e Vinho
A quarta região do Rio Grande do Sul a ser destacada nos indicadores do turismo é a Região da Uva e do Vinho. Pela sua importância global na economia gaúcha, a Região da Uva e do Vinho, com 27 municípios, detém a segunda maior fatia do VAB turístico do RS, com 9,2% do total. Caxias do Sul é o segundo município que mais contribuiu para o VAB do turismo em 2013, com 5,46% do total do Estado e 59,2% da região, ao passo que Bento Gonçalves ocupa a 12ª colocação, com uma fatia de 1,4% do VAB turístico estadual e 15,3% da região.
Íntegra do relatório Atividades Características do Turismo no RS em 2013: Valor Adicionado Bruto no Estado, Regiões do Turismo e Municípios, bem como metodologia, disponíveis no site da FEE. Palestra dos pesquisadores aqui.
Anelise Rublescki – jornalista FEE