FEE debate inovação

O lançamento do livro Inovação, sustentabilidade e desenvolvimento no RS, disponível online no site da FEE, reuniu pesquisadores para debater os temas que compõe a publicação, nesta quinta-feira, 08, no auditório da Fundação. O trabalho reúne 14 artigos apresentados  no 8.° Encontro de Economia Gaúcha (EEG), ocorrido no ano passado e organizado em parceria pela FEE e pela Pontifícia Universidade Católica do Estado do Rio Grande do Sul (PUCRS).

O geógrafo da FEE, Doutor em Geografia pela UFRGS e professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da FACCAT, Iván G. Peyré Tartaruga, apresentou o trabalho Inovação no RS:distribuição espacial do potencial de inovação, explorando resultados obtidos na sua tese de doutorado.  Ivan destacou que o Brasil ainda é um país com grau de novidade das inovações de produto nas empresas industriais ainda baixo, com taxa total ao redor de 18,3% (relativa a 2012-2014). O Rio Grande do Sul tem um desempenho melhor, alcançando 21,8%. No entanto, se olharmos a inovação para o mercado nacional, o Brasil alcança taxa de 6,3%, enquanto o RS tem taxa de 6,3. Considerando o mercado mundial, o Brasil registra taxa de novidade das inovações em apenas 0,4% e o RS, 1,2%. Os países com taxa mais alta são Noruega (29,7%), Alemanha (26,4%) e França (25,4%). De acordo com o pesquisador ao avaliar riscos  para a inovação, se percebe que o sucesso é maior onde o rumor local e os canais globais trabalham juntos. A pesquisa resultou na elaboração de um Indicador de Potencial de Inovação Territorial (IPIT). Os municípios identificados com potencial mais alto de inovação no RS são Porto Alegre, São Leopoldo, Caxias do Sul e Novo Hamburgo, todos vinculados a universidades. A Região Oeste do estado é a menos desenvolvida em termos de potencial de inovação. O geógrafo destacou ainda o estabelecimento de uma nova agenda de pesquisa, para medir a evolução e buscar compreender os aspectos culturais e sociais relativos à ciência, tecnologia e inovação. “Também devemos ampliar o estudo para determinar a importância do papel do Estado. Já sabemos que a falta de cooperação entre o setor público e o setor privado é muito danosa para a inovação. O ideal é a parceria. Por isso, este processo que vivenciamos aqui no RS, de extinção de instituições de pesquisa, é algo impensável em outros países mais desenvolvidos em inovação”, explica.

Iván Tartaruga, geógrafo da FEE, apresenta o artigo Inovação no Rio Grande do Sul:distribuição espacial do potencial de inovação

Os pesquisadores Daniel Arruda Coronel e Reisoli Bender Filho apresentaram o artigo  Desindustrialização na economia gaúcha: evidências a partir de indicadores de orientação externa. Os  autores buscam examinar se a economia gaúcha passou por um processo de desindustrialização ao longo do período 1998-2013, verificando os fluxos de comércio industriais do Estado. Para os pesquisadores há evidências de retração da indústria gaúcha nos últimos três anos, mas a condição pode derivar da desindustrialização ou da mudança de estrutura produtiva. Nessa análise, são utilizados os coeficientes de Penetração das Importações  e de Exportações , para a indústria total e por fator agregado.

No estudo Distribuição espacial e efeitos de transbordamentos do setor agropecuário no Rio Grande do Sul, o economista professor do PPGE/PUC e ex-presidente da FEE, Adelar Fochezatto, analisa a distribuição espacial do setor agropecuário no RS, entre os 597 municípios gaúchos e seus transbordamentos para os municípios vizinhos. Adelar refere que a nova economia, a partir dos anos 80, se caracteriza em termos mais intangíveis , com o crescimento do setor de serviços e, portanto, das cidades maiores passando a ter um papel mais relevante, com a fragmentação da produção industrial. Nesse contexto, a agropecuária tende a ter um desenvolvimento mais igual do ponto de vista espacial. NO caso do RS, quanto maior o município, menor o tamanho da participação do setor agropecuário na economia . Destacam-se binômios bem característicos nas  diferentes regiões gaúchas: bovinos e arroz na campanha e soja e trigo no noroeste. Na análise, realizada para o período 2004-11, os autores utilizaram o VAB, como variável dependente, e a ocupação por hectare, tratores por hectare, o número de estabelecimentos rurais e a educação como variáveis independentes.

Sandra Bitencourt- Jornalista