Em 2016, as exportações gaúchas totalizaram US$ 16,578 bilhões, o que representa uma redução de 5,4% em relação a 2015. A receita seguiu em queda pelo terceiro ano consecutivo e atingiu o menor patamar desde 2010. O volume também caiu em relação a 2015 (-7,6%), mesmo com preços voltando a crescer após dois anos (2,5%). Esses dados foram divulgados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) nesta quinta-feira (26).
O pesquisador em Economia da FEE Tomás Torezani explica que a redução do volume exportado pelo RS se relaciona com a dinâmica global de menor crescimento do produto e do comércio, além da elevação de práticas protecionistas. “Ainda que sem os dados consolidados, 2016 deve ser o ano com o ritmo mais lento de crescimento do comércio mundial desde o auge da crise financeira internacional, em 2009”, indica Tomás. O pesquisador acrescenta ainda que o comércio mundial cresceu o dobro da taxa do PIB global desde os anos 80 até a crise financeira de 2009, mas no período recente se desacelerou pela metade. “Há a possibilidade de o comércio ter crescido menos que o PIB em 2016, algo que não ocorre há 15 anos”, projeta.
Nesse contexto, o desempenho do Estado não foi tão ruim, conseguindo alcançar em 2016 o seu segundo maior volume embarcado da história. O destaque positivo das exportações no ano passado foi a evolução dos preços dos produtos vendidos, que iniciaram uma recuperação gradual ao longo de 2016. “Esse movimento foi influenciado pela valorização, mesmo que inicial, dos preços dos produtos básicos, na esteira da recuperação dos preços internacionais de algumas commodities importantes para o Estado, como a soja em grão e o fumo em folhas”, elenca Tomás.
Os dados divulgados pela FEE apontam que os principais produtos exportados pelo RS em 2016 foram soja em grão, fumo em folhas, carne de frango, polímeros plásticos e farelo de soja. A venda desses cinco produtos representou metade de toda a receita exportadora gaúcha. Houve recorde no volume exportado de celulose, polímeros plásticos e de outros 62 produtos de menor participação na pauta gaúcha.
Tomás destaca ainda que a queda de mais de 10% nas vendas de soja em grão ao exterior foi a que mais impactou negativamente o volume embarcado do Estado. “O trigo, o arroz, o farelo de soja e o leite e creme de leite também afetaram negativamente o volume das exportações gaúchas. Por outro lado, a celulose foi o produto que mais contribuiu para o crescimento do volume embarcado, além de produtos manufaturados importantes como calçados, polímeros e automóveis”.
Os principais destinos das exportações gaúchas foram China, Argentina, Estados Unidos, Holanda e Bélgica. Confira os dados completos.
Gisele Reginato – Jornalista