Mesmo com venda de plataforma, Rio Grande do Sul registra retração no valor exportado no trimestre  

As exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 5,518 bilhões no terceiro trimestre de 2015, uma redução de US$ 329,7 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior. Em decorrência desse resultado, a receita em dólar auferida pelo Estado retraiu-se com menos intensidade (-5,6%) que a observada no País (-20,5%). No mesmo sentido, o crescimento do volume embarcado para o exterior pelo RS (17,4%) foi maior que o do Brasil (-0,8%), mesmo com quedas semelhantes em preços (-19,6% e -19,9% respectivamente). Assim, o Estado avançou no ranking nacional, ocupando a terceira posição (atrás de São Paulo e um pouco atrás de Minas Gerais), com 11,0% das exportações brasileiras. Contribuiu para esse desempenho a venda do casco da plataforma P-67 para a China (US$ 394,2 milhões). Caso contrário, a retração do valor exportado seria de 12,4%.

O recuo na receita das exportações gaúchas deu-se pela retração do valor exportado tanto dos produtos agropecuários quanto dos manufaturados, com maior intensidade do último (cerca de 90% do recuo total). A indústria de transformação contribuiu com 68,8% das vendas externas gaúchas no trimestre, alcançando um valor exportado de US$ 3,796 bilhões, uma retração de US$ 299,2 milhões. Assim, houve uma retração de 7,3% no valor exportado (com crescimento de 12,6% em volume e recuo de 17,7% em preços). Quanto à agropecuária, a qual representou 30,0% das exportações estaduais, apesar do bom crescimento na quantidade embarcada (28,1%), a queda de preço (-23,4%) fez com que o setor registrasse uma receita em moeda norte-americana 1,9% inferior comparando-se com o terceiro trimestre de 2014.

Enquanto o desempenho da agropecuária foi estritamente relacionado às vendas de soja em grão pelo Estado (a qual contribuiu com 96,4% das exportações do setor no trimestre e 28,9% da pauta total do Estado, apresentando um recuo de US$ 24,8 milhões, -1,5% em valor, aumento de 32,0% em volume e -25,4% em preço), o da indústria de transformação foi mais heterogêneo. Os destaques positivos foram o crescimento de US$ 392,9 milhões do segmento de outros equipamentos de transporte (fruto da exportação do casco da P-67 em setembro) e de US$ 91,0 milhões do de celulose e papel (233,1% em valor, 242,3% em volume e -2,7% em preço), pelo recente aumento da capacidade de produção da Celulose Riograndense, instalada na cidade de Guaíba. Por outro lado, os desempenhos negativos foram observados nos segmentos mais tradicionais do Rio Grande do Sul: -US$ 289,9 milhões nos produtos do fumo (34,9% em valor, -14,9% em volume e -23,5% em preço), -US$ 153,3 milhões nos produtos alimentícios (-13,0% em valor, 6,8% em volume e -18,6% em preço), -US$ 69,0 milhões nos produtos químicos (-11,0% em valor, 15,3% em volume e -22,8% em preço), -US$ 60,2 milhões em couros e calçados (-20,3% em valor, -2,4% em volume e -18,3% em preço) e   -US$ 56,3 milhões em máquinas e equipamentos (-19,4% em valor, -13,2% em volume e    -7,1% em preço). Dos 23 segmentos exportadores do Rio Grande do Sul, apenas um não apresentou retração de preços de seus produtos (o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com aumento de 9,8%), e 14 registraram recuo nas quantidades embarcadas.

No que diz respeito ao destino das vendas gaúchas, China (40,2%), Estados Unidos (6,6%) e Argentina (5,6%) destacaram-se, sobretudo o país asiático pela importação da plataforma e de 92% da soja gaúcha. No que diz respeito aos crescimentos do valor exportado e dos produtos que mais contribuíram para esse aumento, foram destaques, além da China (US$ 372,7 milhões; plataforma P-67 e celulose), Venezuela (US$ 62,0 milhões; leite, carne de frango e tratores), Itália (US$ 21,8 milhões; celulose), Arábia Saudita (US$ 19,7 milhões; carne de frango e farelo de soja) e Eslovênia (US$ 18,9 milhões; farelo de soja). Já os maiores recuos no valor exportado foram observados para Paraguai (-US$ 105,5 milhões; óleos combustíveis e máquinas e aparelhos para uso agrícola), Argentina (-US$ 61,9 milhões; gasolina e polímeros de etileno, propileno e estireno), Alemanha (-US$ 53,3 milhões; fumo em folhas), Estados Unidos (-US$ 49,0 milhões; hidrocarbonetos e seus derivados halogenados) e Holanda (-US$ 47,8 milhões; fumo em folhas e éteres alcoólicos e seus derivados).

Setembro: plataforma representou 18,8% da pauta exportadora do Estado

Em setembro, as exportações do Rio Grande do Sul registraram US$ 2,097 bilhões, um aumento de US$ 30,0 milhões em relação a setembro de 2014 (aumento de 1,5% em valor, 26,7% em volume e -19,9% em preço). Tal desempenho fez com que o Estado ocupasse a segunda posição no ranking nacional, apenas atrás de São Paulo. Se fosse desconsiderada a exportação do casco da P-67, que foi contabilizada no mês, as vendas externas gaúchas recuariam 17,6%, praticamente o mesmo desempenho apresentado pelo Brasil (-17,7%), e o estado perderia uma posição no ranking nacional. Para dimensionar o “efeito-plataforma”, 18,8% das receitas de exportação do RS foram provenientes da venda de um casco de plataforma de petróleo, participação maior que qualquer segmento industrial (a maior participação foi a dos produtos de fumo, 13,3%) e apenas menor que a participação da soja em grão na pauta exportadora gaúcha (22,0%).

Acumulado do ano: preços afetam negativamente receitas das exportações

Já no acumulado do ano (janeiro a setembro), as vendas externas gaúchas alcançaram US$ 13,567 bilhões, um recuo de US$ 1,202 bilhão (-8,1% em valor, 8,7% em volume e -15,5% em preço). O segmento de derivados do petróleo foi o que mais contribui negativamente para o recuo do valor exportado do Estado (-US$ 359,9 milhões), seguido pela soja em grão (-US$ 343,5 milhões), produtos alimentícios (-US$ 223,0 milhões), produtos do fumo (-US$ 215,7 milhões), milho (-US$ 174,7 milhões) e máquinas e equipamentos (-US$ 150,3 milhões). Os destaques positivos ficaram por conta da fabricação de outros equipamentos de transporte (US$ 389,3 milhões), trigo em grãos (US$ 247,3 milhões) e fabricação de celulose e papel (US$ 65,6 milhões).

Ressalta-se que todos os segmentos exportadores mais tradicionais do Estado perceberam preços menores que no acumulado janeiro-setembro de 2014, resultado que vem na esteira do enfraquecimento da demanda externa, do arrefecimento dos preços das commodities e do atual quadro recessivo da economia brasileira.

Já os destinos que apresentaram as maiores variações negativas do valor exportado e os produtos que mais contribuíram para esse resultado foram Paraguai (-US$ 444,2 milhões; óleos combustíveis), Estados Unidos (-US$ 151,7 milhões; hidrocarbonetos e soja em grão) e Alemanha (-US$ 106,1 milhões; farelo de soja e fumo em folha e manufaturado). Por seu turno, os maiores crescimentos do valor exportado foram observados para Vietnã (US$ 78,7 milhões; soja e trigo), Eslovênia (US$ 77,6 milhões; farelo de soja) e Bangladesh (US$ 62,1 milhões; trigo).