Impulsionadas pela soja, exportações gaúchas crescem fortemente em janeiro

Grãos não vendidos da safra passada — além de farelo e óleo de soja, carnes e automóveis — contribuem para a maior taxa de crescimento do valor exportado desde 2011 para o mês de janeiro

Em janeiro de 2017, as exportações gaúchas somaram US$ 1,075 bilhão de dólares, um crescimento de US$ 264,3 milhões em relação ao mesmo mês do ano anterior (32,6%). Contribuiu para esse resultado a forte elevação dos embarques ao exterior (34,3%), a despeito da redução de 1,2% nos preços médios dos produtos exportados. Foi embarcado o maior volume já obtido para o mês de janeiro e auferida a maior receita em dólar desde 2014. Ademais, a taxa de crescimento do valor exportado em janeiro foi a maior desde 2011 (quando o aumento tinha sido de 33,9%); e a taxa de crescimento do volume, a maior desde 2015. Mesmo assim, o Rio Grande do Sul continuou figurando na quinta colocação no ranking nacional, na medida em que os estados melhor colocados registraram crescimentos ainda maiores em suas receitas do que o estado gaúcho.

O crescimento, em valor e em volume, das exportações gaúchas em janeiro é fortemente explicado pelo aumento das vendas de soja em grão, que passaram de 59,1 mil toneladas em 2016 para 312,1 mil toneladas em 2017 (mais 490,5% em valor e 428,2% em volume), resultando em uma participação na pauta exportadora gaúcha de 11,5%, ante 2,6% em 2016. Tanto a quantidade embarcada quanto as receitas auferidas das vendas da oleaginosa em 2017 registraram recorde histórico para o mês de janeiro (110% em valor e 139% em volume a mais do que em janeiro de 2012, antigo recorde mensal de janeiro). Adicionalmente, toda a soja exportada foi destinada para a China.

Tal comportamento encontra explicações no desempenho comercial da oleaginosa no ano passado. Em 2016, a produção de soja em grão cresceu 3,2%, mas as exportações recuaram 10,6%. Vale lembrar que, no primeiro semestre, essas bateram o recorde histórico do período. Contudo as vendas externas não se sustentaram no decorrer de 2016, devido a fatores como a tentativa de capitalização do setor a partir da valorização dos preços internacionais do grão e da variação cambial, a concorrência atípica da safra norte-americana e o direcionamento de parte da produção para garantir o abastecimento do mercado interno pela frustração de safra de outras regiões brasileiras. Assim, o referido crescimento das exportações de soja em grão em janeiro de 2017 resulta dos grãos estocados não vendidos da safra passada, na medida em que não são usuais grandes embarques no início do ano.

utros produtos que contribuíram para o crescimento das exportações gaúchas em valor foram farelo de soja (aumento de US$ 35,9 milhões, sendo 74,0% em valor e 74,4% em volume), carne de frango (mais US$ 24,6 milhões; sendo 37,0% em valor e 22,2% em volume), carne suína (mais US$ 15,2 milhões; sendo 67,3% em valor e 24,9% em volume) e automóveis de passageiros (mais US$ 13,0 milhões; sendo 111,0% em valor e 118,9% em volume). Em relação ao volume, a contribuição da celulose também a insere como um dos destaques do mês (mais 24,4%). Já em termos absolutos, os principais produtos vendidos em janeiro foram soja em grão (11,5%), carne de frango (8,5%), polímeros (8,4%), farelo de soja (7,9%) e celulose (6,7%).

Decompondo os dados por fator agregado, observa-se um aumento da participação dos produtos básicos na pauta exportadora gaúcha, passando de 36,2% em janeiro de 2016 para 44,1% em janeiro de 2017, o que significou um crescimento de US$ 180,7 milhões (mais 61,6% em valor e 85,1% em volume, com queda de 12,7% em preço). Por outro lado, os produtos industrializados, que tiveram aumento de US$ 84,0 milhões (mais 16,4% em valor, -5,0% em volume e mais 22,5% em preço), recuaram 7,7 p.p., com os produtos manufaturados (40,7%) sendo ultrapassados pelas vendas de produtos básicos. Já o recuo em volume dos produtos industrializados se deu a partir da redução das vendas de produtos semimanufaturados (-10,8%), enquanto os produtos manufaturados elevaram seus embarques (mais 5,6%).

Para os produtos básicos, comparando-se janeiro de 2017 com janeiro de 2016, cresceram as vendas, principalmente, dos já mencionados soja em grão, farelo de soja, carne de frango e carne suína. Já para os semimanufaturados, houve incremento, sobretudo, nas exportações de óleo de soja em bruto (aumento de US$12,2 milhões; sendo 83,5% em valor e 44,2% em volume) e de borracha sintética (mais US$ 5,1 milhões; sendo 119,4% em valor e 59,0% em volume). Por outro lado, a redução do volume embarcado de produtos semimanufaturados é majoritariamente explicada pelo recuo nas vendas de madeiras em estilhas (menos US$ 8,3 milhões; sendo -50,5% em valor e -49,5% em volume) e de couros e peles (menos US$ 1,1 milhão; sendo -3,8% em valor e -14,1% em volume). Já o crescimento nas exportações de produtos manufaturados foi puxado pelas vendas de automóveis de passageiros (mais US$ 13,0 milhões; sendo 111,0% em valor e 118,9% em volume), chassis com motor (mais US$ 10,9 milhões; sendo 274,4% em valor e 240,3% em volume), máquinas agrícolas (mais US$ 6,3 milhões; sendo 94,5% em valor e 88,7% em volume), calçados (mais US$ 6,2 milhões; sendo 23,0% em valor e 29,2% em volume) e partes/peças para veículos e tratores (mais US$ 5,5 milhões; sendo 46,1% em valor e 49,0% em volume).

Os principais mercados de destino dos produtos gaúchos em janeiro de 2017 foram China (20,2%), Argentina (9,3%), Estados Unidos (7,5%), Coreia do Sul (4,8%) e Chile (3,2%). Já as maiores vendas de produtos para países foram de soja em grão para China (US$ 123,5 milhões), celulose para China (US$ 40,9 milhões), farelo de soja para Coreia do Sul (US$ 24,7 milhões), carne suína para China (US$ 22,6 milhões) e farelo de soja para Eslovênia (US$ 21,2 milhões). Os maiores crescimentos no valor exportado, em relação a janeiro de 2016 — e os principais produtos que contribuíram para tanto —, foram registrados para China (mais US$ 133,3 milhões; soja em grão), Argentina (mais US$ 22,0 milhões; automóveis de passageiros), Coreia do Sul (mais US$ 19,5 milhões; trigo em grão), Indonésia (mais US$ 15,6 milhões; trigo em grão) e Cuba (mais US$ 14,8 milhões; arroz). Por outro lado, os maiores recuos foram percebidos para Bélgica (menos US$ 11,5 milhões; polímeros), Alemanha (menos US$ 10,5 milhões; fumo em folhas), Vietnã (menos US$ 10,1 milhões; trigo em grão), Israel (menos US$ 9,1 milhões; trigo em grão) e Venezuela (menos US$ 8,0 milhões; arroz).

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