Exportações de soja continuam batendo recordes e contribuem para crescimento de volume em outubro

As exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 1,529 bilhão em outubro de 2015, um pequeno recuo de US$ 3,0 milhões em relação ao mesmo mês do ano passado (US$ 1,532 bilhão), resultando em uma variação negativa em valor de 0,2%. Tal redução se deve à retração nos preços dos produtos exportados comparativamente a outubro de 2014 (-21,8%), enquanto se registrou crescimento no volume embarcado para o exterior (27,6%).

Decompondo os resultados por setores de atividade, observa-se que a leve retração do valor exportado pelo Estado foi proveniente do recuo das receitas em dólar da indústria de transformação (-19,6%), a qual registrou estabilidade em seus embarques (-0,04%) e redução nos preços de seus produtos (-21,8%). Por sua vez, a agropecuária registrou, mesmo com preços em queda (-22,5%), um forte crescimento de receitas da ordem de 306,8%, fruto do também expressivo aumento no volume embarcado para o exterior (425,1%). Com isso, o setor ganhou participação na pauta gaúcha, passando de 6,2% em outubro de 2014 para 25,1% em 2015 (em detrimento da diminuição da participação da indústria de transformação nas exportações estaduais de 17,8 p.p. no mesmo período de comparação).

O desempenho da agropecuária gaúcha, se, por um lado, continuou correlacionado com o desempenho da soja (92,6% das exportações do setor) como acontece em metade do ano, por outro se mostrou atípico para o mês de outubro, dado que as vendas externas da oleaginosa começaram a perder fôlego em agosto. Apesar disso, as exportações de soja em grão registraram recorde histórico para o mês, tanto em valor (US$ 355,4 milhões) quanto em volume (930,0 mil toneladas) — crescimento de 434,6% em valor (US$ 289,0 milhões), 589,9% em volume (795,2 mil toneladas) e redução de 22,5% em preço. Esse bom desempenho vem na esteira da supersafra colhida no ano, a qual foi superior à do ano passado (e que também apresentou recordes de produção na época), bem como da depreciação cambial. Até agora, apenas em dois dos 10 meses do ano (fevereiro e maio) a quantidade embarcada de soja para o exterior não foi superior à quantidade embarcada nos meses do ano passado (por conta de questões pontuais de logística dos embarques no porto). Com isso, o grão representou 23,2% das exportações totais do Rio Grande do Sul.

A receita das vendas externas de soja em grão foi superior à de qualquer segmento da indústria de transformação. Os três principais setores industriais exportadores do mês foram produtos alimentícios (US$ 305,0 milhões), produtos do fumo (US$ 245,8 milhões) e produtos químicos (US$ 149,1 milhões). Contudo, esses três também foram os que apresentaram as maiores retrações no valor exportado (-US$ 94,2 milhões, -US$ 40,4 milhões e -US$ 79,0 milhões respectivamente). Deles, apenas o setor de produtos do fumo registrou crescimento de volume (10,5%). Quanto às maiores variações no valor exportado (apenas cinco dos 23 segmentos industriais registraram crescimento de receitas), destacam-se celulose e papel (US$ 43,9 milhões; 329,7% em valor, 326,3% em volume e 0,8% em preço) e veículos, reboques e carrocerias (US$ 14,5 milhões; 16,9% em valor, 39,2% em volume e -16,0% em preço). Por sua vez, o segmento de celulose e papel foi o único dos 23 segmentos industriais que registrou preços de exportação mais elevados que os do ano passado.

Os países que contabilizaram as maiores importações em valor dos produtos gaúchos foram China (US$ 285,5 milhões), Vietnã (US$ 29,5 milhões) e Espanha (US$ 20,4 milhões), com a soja em grão contribuído para tal resultado nos três países em questão. Já os destinos que apresentaram as maiores variações negativas (e os produtos que mais contribuíram para tanto) foram Holanda (-US$ 42,6 milhões; farelo de soja), Estados Unidos (-US$ 36,4 milhões; hidrocarbonetos e seus derivados), Rússia (-US$ 24,0 milhões; carne de suínos e fumo em folhas) e França (-US$ 22,9 milhões; farelo de soja e fumo em folhas). Os três principais compradores dos produtos gaúchos em outubro de 2015 foram a China (30,2%), a Argentina (7,6%) e os Estados Unidos (6,3%).

Indústria de transformação puxa queda das exportações no acumulado do ano

As exportações gaúchas até outubro alcançaram US$ 15,096 bilhões, um recuo de US$ 1,205 bilhão em relação ao mesmo período de 2014 (-7,4% em valor, 10,4% em volume e -16,1% em preço). Mesmo com a retração do valor exportado, o Rio Grande do Sul ganhou participação nas exportações brasileiras, passando de 8,5% em 2014 (4.º maior estado exportador) para 9,4% (3.º maior exportador, atrás de São Paulo e Minas Gerais). Entre os 10 principais estados exportadores, o Rio Grande do Sul registrou o maior crescimento em volume e a menor retração no valor exportado.

Em termos das exportações por fator agregado, houve recuo nas receitas das exportações de todos os tipos de produtos: básicos (-US$ 563,6 milhões, -6,4%), semimanufaturados (-US$ 35,6 milhões, -3,3%) e manufaturados (-US$ 583,9 milhões, -9,5%). Por outro lado, o volume embarcado de todas as categorias aumentou: 13,5% de produtos básicos, 8,6% de semimanufaturados e 5,2% de manufaturados, indicando o efeito negativo do arrefecimento dos preços dos bens para a receita das exportações.

Os destaques positivos foram o crescimento das exportações de plataformas de petróleo e gás (US$ 394,2 milhões) — pela venda da P-67 para a China em setembro —, do trigo em grãos (US$ 247,3 milhões) para Tailândia, Bangladesh, Filipinas, Vietnã e Coreia do Sul (países esses que não compraram trigo gaúcho em 2014) e da celulose (US$ 107,7 milhões) para China, Itália, Estados Unidos e Coreia do Sul. Já os destaques negativos ficaram por conta da redução em valor das exportações de óleos combustíveis (-US$ 298,1 milhões) para o Paraguai, fumo em folhas (-US$ 246,0 milhões) para China e Bélgica, milho em grãos (-US$ 172,4 milhões) para Irã e Vietnã, farelo de soja (-US4 140,9 milhões) para Tailândia, Holanda, Indonésia e Polônia, e carne de frango (-US$ 115,4 milhões) para Japão, Venezuela, Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong, Iraque e Angola.