Exportações do agronegócio gaúcho registram quedas de 20,1% no mês de julho e de 5,1% no acumulado do ano

Em julho de 2017, as exportações do agronegócio gaúcho totalizaram US$ 1,0 bilhão. Comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, ocorreram quedas no valor (-20,1%) e no volume (-23,2%) e elevação nos preços médios praticados (4,0%). Em termos absolutos, a redução nas exportações foi de US$ 265,4 milhões.
Os cinco principais setores exportadores do agronegócio em julho de 2017 foram: complexo soja (US$ 546,8 milhões), carnes (US$ 165,6 milhões), fumo e seus produtos (US$ 161,9 milhões), produtos florestais (US$ 40,9 milhões) e couros e peleteria (US$ 31,5 milhões).

Comparativamente a julho de 2016, a queda no valor exportado foi condicionada, sobretudo, pelo resultado dos seguintes setores: complexo soja (menos US$ 259,5 milhões, -32,2%), produtos florestais (menos US$ 31,2 milhões, -43,3%) e máquinas e implementos agrícolas (menos US$ 19,1 milhões, -80,3%). A queda nas exportações do complexo soja é explicada pela redução nos embarques do grão e, em menor grau, devido à queda nos preços médios (-14,2%). No mês de julho, foi embarcado 1,5 milhão de toneladas de soja em grão, volume 21,0% menor que o comercializado em 2016.

Na contramão da tendência geral, o setor que apresentou maior elevação no valor exportado foi o de carnes, com acréscimo de US$ 12,0 milhões (alta de 7,8% em valor e de 7,3% em volume). Desde a deflagração da Operação Carne Fraca, essa foi a primeira variação mensal positiva nas vendas externas em relação ao ano anterior. O crescimento das exportações de carnes deve-se principalmente às vendas de carne suína (8,9% em volume e 30% em valor), tendo a Rússia como principal destino, bem como ao maior incremento absoluto observado no mês. O segundo maior crescimento nas exportações do agronegócio verificou-se no setor de animais vivos e resulta do expressivo número de bovinos embarcados para a Turquia: no total, foram exportados 14,4 mil animais pelo porto de Rio Grande neste mês.

Os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho foram: China (49,5%), União Europeia (12,0%), Estados Unidos (3,7%), Rússia (3,3%) e Taiwan (2,9%). Esses destinos concentraram 71,4% do valor das vendas externas em julho. Comparativamente a julho de 2016, a China foi responsável pela maior redução absoluta em valor (menos US$ 188,4 milhões, -26,5%), seguida da União Europeia (menos US$ 41,2 milhões, -24,6%), da Coreia do Sul (menos US$ 26,1 milhões; -83,1%) e do Irã (menos US$ 22,5 milhões, -72,3%). As quedas nas vendas para a China concentraram-se no complexo soja e no setor de carnes, notadamente a soja em grão e a carne suína congelada. Para a União Europeia, a Coreia do Sul e o Irã, os setores que apresentaram as maiores reduções foram o do complexo soja (farelo de soja) e o de produtos florestais (celulose).

Acumulado do ano

No acumulado de janeiro a julho de 2017, as exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 6,2 bilhões, valor 5,1% menor ao registrado em igual período de 2016. A dinâmica das vendas externas foi caracterizada por apresentar reduções no volume embarcado (-3,3%) e nos preços médios (-1,9%).

Nos primeiros sete meses de 2017, os setores mais importantes para as exportações do agronegócio gaúcho foram: complexo soja (US$ 3,1 bilhões), carnes (US$ 1,1 bilhão), fumo e seus produtos (US$ 629,5 milhões), produtos florestais (US$ 369,4 milhões) e cereais, farinhas e preparações (US$ 269,9 milhões).

Comparativamente aos sete primeiros meses do ano anterior, o setor de fumo e seus produtos foi o que apresentou a maior queda absoluta no valor exportado (menos US$ 111,2 milhões, -15,0%). Esse movimento ainda encontra explicação no recuo da produção colhida em 2016 (-21,6%). Com a recuperação da safra de fumo e seu processamento, projeta-se um crescimento nos embarques nos próximos meses. Os setores que apresentaram a segunda e a terceira maior queda absoluta nos valores exportados são: o de produtos florestais (menos US$ 107,5 milhões, -22,5%) e o de máquinas e implementos agrícolas (menos US$ 82,2 milhões, -64,6%). No complexo soja, responsável pelo quarto maior recuo no ano (menos US$ 72,5 milhões; -2,3%), o ritmo das vendas está muito aquém das possibilidades determinadas pela oferta. Em um ano em que a produção de soja cresceu 15,7%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume embarcado do grão e de seus produtos avançou apenas 0,2% em relação a 2016. No acumulado de janeiro a julho, o volume exportado dos produtos do complexo soja correspondeu a 45% da quantidade produzida na atual safra, enquanto, em 2016, essa participação era de 52%. Essa relativa desaceleração no ritmo das vendas externas encontra explicação nos preços internacionais mais baixos da oleaginosa associados à oferta abundante e aos preços mais competitivos dos Estados Unidos. Além disso, houve valorização cambial, o que também contribuiu para os preços menores ao produtor.

Dentre os setores com elevação no valor exportado em 2017, destacam-se: o de carnes (mais US$ 48,2 milhões, 4,5%), o de demais máquinas e equipamentos agropecuários e suas partes (mais US$ 21,7 milhões, 48,9%) e o setor de frutas e suas conservas e preparações (mais US$ 13,6 milhões, 86,6%). O crescimento no valor das exportações do setor de carnes foi impulsionado pela elevação nos preços médios da carne suína (33,9%) e da de frango (5,6%). No setor demais máquinas e equipamentos agropecuários e suas partes, destacam-se as vendas de peças e conjuntos de máquinas para serem montados na Argentina. Já no setor de frutas e suas conservas, as exportações de maçãs para a União Europeia garantiram o terceiro maior crescimento absoluto do acumulado do ano em 2017.

Em se tratando dos destinos das vendas do agronegócio gaúcho em 2017, os destaques são: China (43,7%), União Europeia (13,0%), Rússia (3,7%), Estados Unidos (3,2%) e Coreia do Sul (3,0%). Esses destinos concentraram 66,5% das exportações do período. As principais quedas absolutas nas vendas ocorreram para a União Europeia (menos US$ 128,7 milhões, -13,7%), o Paquistão (menos US$ 82,5 milhões, -78,1%), os Estados Unidos (menos US$ 59,2 milhões, -22,7%) e a Venezuela (menos US$ 51,3 milhões, -56,0%). Para a União Europeia e o Paquistão, os destaques negativos ficaram por conta do complexo soja (farelo de soja), bem como dos setores de fumo e seus produtos e de produtos florestais (celulose). O setor de produtos florestais e de fumo também apresentaram quedas significativas nas exportações para os Estados Unidos. Para a Venezuela, o desempenho negativo do acumulado no ano é explicado, em grande parte, pelas reduções nas vendas dos setores de carnes (carne de frango) e de cereais farinhas e preparações (arroz com casca).

Embora os números agregados revelem queda nas vendas externas em 2017, vale destacar o crescimento nas exportações do complexo soja para a China, da carne suína para a Rússia, da carne de frango para o Egito e das partes de outras máquinas e aparelhos para colheita e debulha para a Argentina.