Exportações do agronegócio gaúcho em outubro seguem impulsionadas pelos embarques de soja

Em outubro de 2017, as exportações do agronegócio gaúcho totalizaram US$ 1,0 bilhão. Comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, ocorreram aumentos no valor (24,1%) e no volume (54,3%) e redução nos preços médios praticados (-19,5%). Em termos absolutos, o aumento nas exportações foi de US$ 202,3 milhões.
Os cinco principais setores exportadores do agronegócio em outubro de 2017 foram: complexo soja (US$ 407,3 milhões), fumo e seus produtos (US$ 280,8 milhões), carnes (US$ 173,4 milhões), produtos florestais (US$ 43,3 milhões) e couros e peleteria (US$ 29,8 milhões).

Comparativamente a outubro de 2016, o crescimento no valor exportado foi condicionado, sobretudo, pelo resultado dos seguintes setores: complexo soja (mais US$ 166,3 milhões, 69,0%), fumo e seus produtos (mais US$ 37,2 milhões, 15,3%) e carnes (mais US$ 10,3 milhões, 6,3%). O aumento nas exportações do complexo soja é explicado, sobretudo, pelo maior volume embarcado de soja em grão, que atingiu 839,7 mil toneladas em outubro, quantidade 88,4% maior que a registrada em 2016. Analisando a série histórica iniciada em 2002, observa-se que esse foi o segundo maior volume de soja em grão exportado pelo Rio Grande do Sul no mês de outubro. Esse incremento na comercialização da soja, já ressaltado na análise de setembro, foi favorecido pela sensível recuperação dos preços externos e pela desvalorização cambial, fatores que reforçam o faturamento dos agentes envolvidos.

Na contramão da tendência geral, o setor do agronegócio gaúcho que apresentou a maior queda no valor exportado foi o de máquinas e implementos agrícolas, com decréscimo de US$ 11,0 milhões (-46,2% em valor e -62,0% em volume). O segundo maior declínio nas exportações do agronegócio verificou-se no setor de produtos florestais (menos US$ 10,8 milhões, -19,9%). Nesse setor, a elevação nas vendas de madeira e manufaturas de madeira não foi suficiente para compensar a expressiva redução na comercialização de celulose.

Em outubro, os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho foram: China (37,3%), União Europeia (20,2%), Coreia do Sul (4,3%), Rússia (3,1%) e Estados Unidos (3,0%). Esses destinos concentraram 67,8% do valor das vendas externas. Comparativamente a outubro de 2016, a União Europeia foi responsável pelo maior incremento absoluto em valor (mais US$ 69,1 milhões, 49,2%), seguida da China (mais US$ 47,3 milhões, 13,9%), de Taiwan (mais US$ 25,2 milhões; 4.270,2%) e do Irã (mais US$ 20,0 milhões, 377,9%). O crescimento nas vendas para a União Europeia concentrou-se nos setores de fumo e seus produtos (fumo não manufaturado) e do complexo soja (farelo). O aumento nos embarques destinados à China deu-se principalmente nos setores de complexo soja (grão) e produtos florestais (madeiras). Para Taiwan e Irã, os maiores acréscimos ocorreram nos embarques de soja em grão.

Acumulado do ano

No acumulado de janeiro a outubro de 2017, as exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 9,5 bilhões, valor 0,6% menor que o registrado em igual período de 2016. A dinâmica das vendas externas foi caracterizada por apresentar aumento no volume embarcado (4,7%) e queda nos preços médios (-5,1%).

Nos primeiros 10 meses de 2017, os setores mais importantes para as exportações do agronegócio gaúcho foram: complexo soja (US$ 4,7 bilhões), carnes (US$ 1,7 bilhão), fumo e seus produtos (US$ 1,2 bilhão), produtos florestais (US$ 484,4 milhões) e cereais, farinhas e preparações (US$ 337,1 milhões).

Comparativamente aos 10 primeiros meses do ano anterior, o setor de produtos florestais foi o que apresentou a maior queda absoluta no valor exportado (menos US$ 151,3 milhões, -23,8%). A queda de 27,4% no valor e de 26,0% no volume das exportações de celulose foi a principal responsável por esse desempenho e encontra explicação na interrupção temporária da produção na empresa Celulose Riograndense, iniciada em agosto e retomada no início de novembro. Os setores que apresentaram a segunda e a terceira maior queda absoluta nos valores exportados foram os de máquinas e implementos agrícolas (menos US$ 129,0 milhões, -63,4%) e de fumo e seus produtos (menos US$ 81,9 milhões, -6,2%).

Por outro lado, dentre os setores com elevação no valor exportado em 2017, destacam-se: o de soja (mais US$ 228,4 milhões, 5,1%), o de carnes (mais US$ 72,2 milhões, 4,5%) e o de demais máquinas e o de demais equipamentos agropecuários e suas partes (mais US$ 22,3 milhões, 28,4%). O crescimento no valor das exportações do setor do complexo soja ocorreu devido ao aumento do volume embarcado, refletindo a safra recorde, enquanto o de carnes foi impulsionado pela elevação nos preços médios das carnes suína (22,0%) e de frango (3,7%). Na demanda externa pelos produtos da indústria de máquinas e implementos agrícolas, a tendência é de queda, com sinais de substituição de bens finais por intermediários (peças e conjuntos mecânicos), para montagem nos países de destino da América do Sul.

Em se tratando dos destinos das vendas do agronegócio gaúcho em 2017, os destaques são: China (44,6%), União Europeia (14,1%), Rússia (3,4%), Estados Unidos (3,2%) e Coreia do Sul (2,9%). Esses destinos concentraram 68,2% das exportações do período. As principais quedas absolutas nas vendas ocorreram para a União Europeia (menos US$ 135,5 milhões, -9,2%), o Irã (menos US$ 116,4 milhões, -34,6%), a Venezuela (menos US$ 85,1 milhões, -65,5%), o Paquistão (menos US$ 80,3 milhões, -70,8%) e a Arábia Saudita (menos US$ 63,0 milhões, -28,8%). Para a União Europeia, os destaques negativos ficaram por conta dos setores de produtos florestais (celulose), do complexo soja (grão e farelo) e de couros e peleteria. Irã e Paquistão diminuíram as importações do Estado no setor do complexo soja. Os setores de carnes (carne de frango), de cereais, farinhas e preparações (arroz com casca) e de lácteos (leite em pó) apresentaram quedas significativas nas exportações para a Venezuela. Para a Arábia Saudita, o desempenho negativo do acumulado no ano é explicado, em grande parte, pelas reduções nas vendas dos setores de carnes (carne de frango) e do complexo soja (farelo). Por outro lado, o país que mais incrementou suas compras do agronegócio gaúcho foi a China (US$ 527,3 milhões, 14,2%). Esse país foi o destino de cerca de 80% das exportações do complexo soja do Estado, tendo expandido em mais de 20% as compras desses produtos em 2017.