Exportações do agronegócio gaúcho crescem em valor e volume no mês de agosto

A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas de exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul referentes a agosto de 2016. As informações geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Secex-MDIC). Em seguida, são descritos os resultados para o mês de agosto e para o acumulado do ano de 2016.

 Mês de agosto

As exportações do agronegócio do Rio Grande do Sul somaram US$ 1,28 bilhão no mês de agosto, valor 15,3% superior ao verificado no mesmo mês do ano anterior. Esse crescimento é explicado pelas elevações nos volumes embarcados (5,8%) e nos preços médios (9,0%). Em agosto, as exportações do agronegócio participaram com 73,5% das exportações gaúchas de mercadorias.

O macrossetor de produtos de origem vegetal foi o que obteve o maior crescimento nos valores exportados (22,7%). Em relação a agosto de 2015, houve melhoria nos preços médios (15,2%) e elevação nos volumes embarcados (6,5%). O desempenho foi puxado pelas vendas de produtos do complexo soja, que totalizaram         US$ 721,8 milhões. O complexo soja foi responsável por 56,2% das vendas externas do agronegócio gaúcho no mês. Também houve crescimento significativo nos valores exportados de fumo e seus produtos que somaram       US$ 198,2 milhões (alta de 48,5% em valor e 34,2% em volume). Por outro lado, entre os setores de produtos de origem vegetal, os que sofreram as maiores quedas nas exportações foram os de cereais, farinhas e preparações (US$ -17,0 milhões; -63,0%) e de produtos florestais (US$ -15,4 milhões; -22,2%). No setor de cereais, o principal recuo ocorreu nas vendas de arroz (US$ -17,3 milhões; -65,7%). No setor de produtos florestais, a queda foi determinada pelas vendas de celulose (US$ -17,3 milhões; -33,9%). Transcorrido mais de um ano desde a ampliação da capacidade produtiva da empresa CMPC Celulose (Guaíba), a base de comparação desse setor ampliou-se, o que tende a se refletir em menores variações nas exportações.

As exportações do macrossetor de produtos de origem animal totalizaram US$ 218,9 milhões, valor 8,0% menor ao registrado em agosto de 2015. O setor de carnes apresentou a maior queda nas exportações (US$ -11,0 milhões; -6,1%), movimento determinado pelo recuo nas vendas de carne de frango (US$ -12,9 milhões; -11,6%). Nesse setor, apenas as vendas externas de carne suína apresentaram crescimento substantivo em relação a agosto de 2015 (alta de US$ 2,9 milhões; 7,8%). No setor lácteo, em razão da queda nos embarques de leite em pó, houve queda de US$ -7,9 milhões (-54,3%). Entre os principais setores exportadores de produtos de origem animal, o único que apresentou elevação nas vendas externas foi o de couros e peleteria (alta de US$ 1,3 milhão; 4,0%).

No macrossetor de insumos, máquinas e equipamentos agropecuários, ocorreu alta de 2,5% no valor exportado. O destaque foi o setor de máquinas e implementos agrícolas, com vendas de US$ 27,2 milhões (alta de 11,2% em relação a agosto de 2015). As vendas externas de tratores agrícolas e colheitadeiras cresceram, respectivamente, 9,8% e 57,3%. O setor que registrou a maior queda nas exportações foi o de adubos e fertilizantes (US$ -1,7 milhões; -21,2%).

grafico-1

Em se tratando dos destinos das exportações gaúchas do agronegócio, em agosto os principais foram China, União Europeia, Irã e Estados Unidos. Em valor, as maiores variações elevações nas vendas ocorreram para o Irã (US$ 98,4 milhões), a União Europeia (US$ 84,2 milhões), a China (US$ 35,3 milhões) e os Estados Unidos        (US$ 15,9 milhões). Os destaques negativos ficam por conta da Venezuela (US$ -30,4 milhões) e do Vietnã           (US$ -27,8 milhões). Na Venezuela, houve significativa redução nas vendas de carne de frango e de leite em pó, movimento que contribuiu para o desempenho exportador desses setores em agosto.

grafico-2Acumulado do ano

No acumulado do ano, de janeiro a agosto, as exportações do agronegócio gaúcho totalizam US$ 7,86 bilhões, valor 0,1% superior ao registrado em 2015. Esse valor corresponde a 70,3% do total das exportações gaúchas de mercadorias no período. No ano, a dinâmica das exportações do agronegócio tem sido de crescimento nos volumes embarcados (2,5%) e de queda nos preços médios (-2,3%).

Os principais setores exportadores do agronegócio gaúcho em 2016 são complexo soja (US$ 3,93 bilhões, 49,9% do total); carnes (US$ 1,25 bilhão, 15,9% do total); fumo e seus produtos (US$ 938,9 milhões; 11,9% do total); e produtos florestais (US$ 530,9 milhões; 6,8% do total). Nos oito primeiros meses do ano, comparativamente a 2015, os setores que apresentaram os maiores incrementos em termos absolutos foram os de produtos florestais (US$ 304,9 milhões, 134,9%); soja (US$ 64,3 milhões, 1,7%); fumo e seus produtos (US$ 40,2 milhões, 4,5%;) e animais vivos (US$ 12,1 milhões, 3.360,9%). No sentido oposto, os setores com as maiores quedas nas exportações foram cereais, farinhas e preparações (US$ -213,2 milhões, -41,1%); carnes (US$ -58,0 milhões, -4,4%); couros e peleteria (-25,7 milhões, -7,8%); e máquinas e implementos agrícolas (US$ -25,5 milhões, -14,2%). Em grande medida, a retração nas vendas externas de cereais pode ser explicada pelo recuo da produção de trigo (safra 2015) e de milho (safra 2015/2016). Em volume, as vendas externas desses produtos recuaram, respectivamente, 55,7% e 30,2%. Já o recuo nas exportações de carnes pode ser atribuído às vendas de carne de frango (US$ -40,7 milhões,    -5,2%). Apesar de os volumes embarcados do produto terem crescido (4,7%), houve queda nos preços médios          (-9,4%). Movimento similar também foi verificado nas vendas de couros e peles, que cresceram 4,4% em volume, mas com queda de 11,7% nos preços.

De janeiro a agosto, a China foi o principal destino das exportações do agronegócio gaúcho. O país asiático absorveu 40,2% das vendas externas, seguido da União Europeia (14,7%), dos Estados Unidos (4,0%), do Irã (3,7%) e da Coreia do Sul (3,2%). Enquanto, para a China, aproximadamente 90% das exportações são constituídas de produtos do complexo soja, para a União Europeia as vendas são mais diversificadas, com destaque para o tabaco, o farelo de soja e as carnes.

 

FEE/Centro de Estudos Econômicos e Sociais/Núcleo de Estudos do Agronegócio