Exportações do agronegócio gaúcho apresentam queda em valor e volume, em 2016

Em dezembro de 2016, as exportações do agronegócio gaúcho totalizaram US$ 712,1 milhões. Comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, ocorreram altas no valor exportado (13,7%) e nos preços médios praticados (40,2%), enquanto os volumes foram menores (-18,9%). Em termos absolutos, a elevação no valor exportado foi de US$ 86,0 milhões.

No mês de dezembro, os cinco principais setores exportadores do agronegócio foram: complexo soja (US$ 202,2 milhões), carnes (US$ 161,0 milhões), fumo e seus produtos (US$ 128,1 milhões), produtos florestais (US$ 65,7 milhões) e couros e peleteria (US$ 34,8 milhões). Entre os principais setores, o complexo soja e o fumo e seus produtos foram os únicos a apresentar crescimento no volume embarcado, respectivamente, 90,8% e 24,0%.

O resultado do mês de dezembro foi condicionado pelas elevações nas exportações do complexo soja (mais US$ 104,7 milhões; 107,4%), do setor de fumo e seus produtos (mais US$ 56,6 milhões; 79,1%) e de produtos florestais (mais US$ 11,6 milhões; 21,4%). Por outro lado, as maiores variações absolutas negativas foram registradas nos setores de cereais, farinhas e preparações (menos US$ 78,0 milhões; -83,5%) e de couros e peleteria (menos US$ 13,0 milhões; -27,1%) (Gráfico 1).

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Os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho em dezembro de 2016 foram: China (28,3%), União Europeia (17,2%), Coreia do Sul (4,4%), Rússia (3,6%) e Arábia Saudita (3,2%). Esses cinco destinos concentraram 56,7% das exportações do setor em dezembro. Em relação a dezembro de 2015, a China foi responsável pela maior alta absoluta em valor (mais US$ 167,8 milhões; 501,1%), seguida da Coreia do Sul (mais US$ 16,3 milhões; 109,4%), do Irã (mais US$ 14,9 milhões; 3.405,8%) e da Rússia (US$ 7,7 milhões; 43,2%) (Figura 1).

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Acumulado do ano em 2016

No acumulado do ano de 2016, as exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 11,0 bilhões, o que representa uma queda de 5,7% em relação a 2015. Nesse período, a dinâmica das vendas externas foi caracterizada por apresentar queda nos volumes embarcados (-8,3%) e pequena elevação nos preços médios por tonelada (2,8%) (Gráfico 2).

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No ano de 2016, os setores mais importantes para o agronegócio gaúcho foram: complexo soja (US$ 4,9 bilhões), carnes (US$ 1,9 bilhão), fumo e seus produtos (US$ 1,7 bilhão), produtos florestais (US$ 778,9 milhões) e couros e peleteria (US$ 429,0 milhões). O complexo soja foi o setor com maior queda absoluta em valor (menos US$ 433,0 milhões; -8,2%). Embora tenha ocorrido uma leve elevação nos preços médios (1,9%), o menor volume embarcado (-9,9%) foi determinante para o desempenho do setor. Se analisada em retrospectiva às previsões do início de 2016, a retração nos embarques de soja pode ser considerada surpreendente. Com a elevação da quantidade colhida de soja no Rio Grande do Sul (3,2%), esperava-se um crescimento na quantidade comercializada. Contudo, a maior concorrência com a safra norte-americana e a valorização cambial atuaram como desestimulantes das vendas. O crescimento relativo das exportações, no último trimestre, não foi suficiente para reverter a tendência de queda.

O setor de cereais, farinhas e preparações apresentou a segunda maior queda absoluta no valor exportado em 2016 (menos US$ 356,6 milhões; -49,0%). Esse resultado é explicado principalmente em razão da redução das vendas de trigo, que recuaram 64,9% em volume e 70,8% em valor.

O setor de carnes registrou a terceira maior redução no valor exportado (menos US$ 65,6 milhões; -3,3%). Essa queda ocorreu apesar da elevação nos volumes embarcados, principalmente para as carnes suína (21,2%) e bovina (4,8%). O recuo dos valores médios, por tonelada embarcada (-6,4%), e dos volumes exportados de carne de frango (-0,7%) foram determinantes para o resultado do setor.

Embora a dinâmica dominante em 2016 tenha sido de queda, ocorreram incrementos nas exportações de determinados setores. As principais elevações absolutas ocorridas em 2016 foram verificadas nos setores de produtos florestais (mais US$ 322,2 milhões; 70,6%), fumo e seus produtos (mais US$ 47,3 milhões; 2,9%) e animais vivos (mais US$ 25,5 milhões; 292,4%).

Os principais destinos das exportações gaúchas do agronegócio, em 2016, foram: China (37,7%), União Europeia (15,4%), Estados Unidos (3,7%), Irã (3,5%) e Coreia do Sul (3,4%). As principais reduções absolutas ocorreram nas vendas para o Vietnã (menos US$ 263,3 milhões; -60,1%), Venezuela (menos US$ 228,2 milhões; -57,8%), Tailândia (menos US$ 116,7; -82,4%) e China (menos US$ 109,5 milhões; -2,6%). O complexo soja foi o setor com maior redução absoluta nas exportações para o Vietnã e a China. Para a Venezuela, a principal redução nas exportações ocorreu no setor de carnes, notadamente as carnes de frango, assim como no setor lácteo (leite em pó) e de máquinas e implementos agrícolas (tratores agrícolas). No caso da Tailândia, além de uma redução nas remessas do complexo soja, também foi verificada uma substancial queda nas vendas externas do setor de cereais, farinhas e preparações.

No acumulado do ano de 2016, o Irã, o Paquistão, os Estados Unidos e a Argentina apareceram como destaques positivos. No caso do Irã e do Paquistão, foram observadas significativas elevações nas exportações do complexo soja. Os setores de produtos florestais e de fumo e seus produtos apresentaram crescimento nas exportações para os Estados Unidos, ao passo que para a Argentina, o destaque fica por conta do setor de máquinas e implementos agrícolas (Figura 2).

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