Agronegócio gaúcho registra saldo superior a 10.000 empregos em janeiro

Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio do Rio Grande do Sul e do Brasil referentes a janeiro de 2018. As estatísticas geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em seguida, são descritos brevemente os resultados do Rio Grande do Sul, comparativamente ao mês de dezembro de 2017 e a janeiro de 2018.

Comparação com dezembro de 2017

Em janeiro de 2018, o agronegócio do Rio Grande do Sul apresentou saldo positivo de empregos formais. O número de admissões (20.713) foi superior ao de desligamentos (10.431), resultando na criação de 10.282 postos de trabalho com carteira assinada. Essa variação positiva, típica no primeiro trimestre do ano, representa um aumento de 3,2% no estoque estimado de empregos do setor, comparativamente a dezembro de 2017. Historicamente, o mês de janeiro é caracterizado pela ocorrência de saldos positivos de empregos no agronegócio gaúcho, fenômeno explicado, sobretudo, pela mobilização de mão de obra para a safra de verão. Assim, uma parcela expressiva das contratações é realizada por tempo determinado, o que define a redução das admissões e a ocorrência de saldos negativos a partir do segundo trimestre de cada ano.

O movimento de criação de empregos em janeiro foi determinado, principalmente, pelo desempenho do segmento “dentro da porteira”, formado de atividades características da agropecuária (mais 7.578 postos). Os setores com maior abertura de vagas foram os de produção de lavouras permanentes (mais 6.787 postos) e lavouras temporárias (mais 710 postos). O setor de lavouras permanentes foi influenciado pela sazonalidade da cultura da maçã, que, nos primeiros meses do ano, demanda mão de obra para a colheita, sobretudo nas regiões da Serra e dos Campos de Cima da Serra. Apenas no Município de Vacaria foram criados 5.538 empregos com carteira assinada nessa atividade em janeiro. No setor de lavouras temporárias, o avanço no desenvolvimento das culturas agrícolas de verão também acelerou o ritmo de contratações, sobretudo nas atividades de cultivo de cereais e da soja.

No segmento “depois da porteira”, composto predominantemente de atividades agroindustriais, também houve criação de empregos (2739 postos). Os setores que mais contribuíram para esse resultado foram os de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (861 postos), de fabricação de produtos do fumo (845 postos) e de fabricação de bebidas alcoólicas (354 postos). Em janeiro, o destaque negativo nesse segmento foi o setor de fabricação de conservas, que registrou a perda de 153 postos de trabalho no Rio Grande do Sul.

O único segmento do agronegócio gaúcho com perda de postos de trabalho em janeiro foi o “antes da porteira”, constituído de atividades dedicadas ao fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária. Foram perdidos 35 postos de trabalho nesse segmento, principalmente em razão do desempenho do setor de produção de sementes e mudas certificadas (menos 125 postos). No setor fabricante de máquinas e equipamentos agropecuários, que oferece a maior remuneração média, houve a quinta redução consecutiva no número de trabalhadores ocupados com carteira assinada (menos 15 postos). No segmento “antes da porteira”, o único setor com expressiva criação de postos de trabalho foi o de fabricação de rações, com saldo de 65 empregos em janeiro.

Comparação com janeiro de 2017

Na comparação com igual período dos anos anteriores, os números revelam que a criação de postos de trabalho em janeiro de 2018 foi recorde. Em relação a janeiro de 2017, a diferença foi de 4.248 empregos, tendo como principais elementos explicativos o desempenho dos setores de fabricação de conservas e de produção de sementes e mudas certificadas. Ainda que tenham registrado saldo negativo em janeiro de 2018, o número de empregos perdidos foi significativamente inferior em igual mês do ano anterior. Em verdade, a desmobilização de mão de obra nesses setores concentrou-se no mês de dezembro de 2017, o que foi decisivo para que o saldo de empregos no agronegócio gaúcho tenha sido negativo no acumulado do último ano. O setor de produção de lavouras permanentes, líder na criação de empregos em janeiro deste ano, também registrou saldo superior ao de 2017 (mais 1.058 postos).

É importante reiterar que, apesar de ter registrado a maior criação de empregos com carteira assinada em janeiro desde o início da série, a análise da conjuntura econômica indica que se trata de movimento sazonal, condizente com as características da estrutura produtiva da agropecuária gaúcha. Como se sabe, projeta-se que, em função de fatores climáticos que reduziram o rendimento por unidade de área, a produção agrícola do Rio Grande do Sul e do Brasil declinará em 2018. Em se confirmando essa previsão, seus potenciais impactos nas cadeias industriais situadas a montante e a jusante da agropecuária, seja em termos produtivos, seja para a geração de empregos, não podem ser desprezados.

No Gráfico 2, são apresentadas as informações dos principais setores empregadores do agronegócio do Rio Grande do Sul, e, na Tabela 1, daqueles que responderam pelas maiores variações de empregos em janeiro de 2018.