Agronegócio gaúcho registra perda de 1.177 empregos com carteira assinada em julho

A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio do Rio Grande do Sul e do Brasil referentes a julho de 2017. As estatísticas geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Em seguida, são descritos, brevemente, os resultados do Rio Grande do Sul para o mês de julho, o acumulado do ano e os últimos 12 meses.

Julho de 2017

No mês de julho, foi registrado saldo negativo de empregos formais no agronegócio do Rio Grande do Sul. O número de admissões (10.998) foi inferior ao de desligamentos (12.175), resultando na perda de 1.177 postos de trabalho com carteira assinada. Esse é o quarto mês consecutivo com saldo negativo de empregos, o que reflete a continuidade do movimento sazonal de desmobilização de mão de obra que historicamente se inicia no segundo trimestre de cada ano.

Em julho, apenas um dos três segmentos do agronegócio gaúcho registrou saldo negativo de empregos. A perda deu-se no segmento “depois da porteira”, formado por atividades agroindustriais e de comércio atacadista (menos 1.906 postos). O setor de fabricação de produtos de fumo registrou a maior perda, de 1.353 empregos com carteira assinada. Após ter liderado as contratações entre março e abril com vistas ao processamento do fumo colhido no início do ano, a indústria fumageira iniciou o período de demissões, que tende a perdurar até outubro.
No segmento constituído por atividades características da agropecuária (segmento “dentro da porteira”), houve criação de 454 postos de trabalho. Contribuiu decisivamente para esse desempenho a produção de lavouras permanentes, responsável pela criação de 718 empregos com carteira assinada, após quatro meses de saldo negativo.
Por fim, no segmento “antes da porteira”, constituído por atividades dedicadas ao fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária, o saldo foi de 275 empregos. O setor de fabricação de rações foi o que registrou o maior ganho de empregos no segmento (mais 97 postos). O setor de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários voltou a criar empregos (81 postos), após dois meses de saldo negativo.
Na comparação com julho do ano anterior, a perda de postos de trabalho em 2017 foi inferior, com diferença de 2.378 empregos. Enquanto, em julho de 2016, foram perdidos 3.555 empregos, em 2017 a perda foi menor (1.177 postos). Os setores com maior aumento no saldo de empregos, na comparação desses dois meses, foram os de fabricação de produtos do fumo e de produção de lavouras permanentes.

Acumulado no ano

No acumulado de janeiro a julho, foram criados 5.721 empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho. Esse número é 54,9% superior ao observado em igual período de 2016, quando foram criados 3.693 empregos.
Os setores com maior criação de empregos em 2017 foram os de fabricação de produtos do fumo, produção de lavouras permanentes e de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários. Por outro lado, os setores com maior fechamento de vagas foram os de produção de sementes e mudas certificadas, de fabricação de conservas, de produção de lavouras temporárias e de abate e fabricação de produtos de carne (Tabela 1).

Na comparação dos primeiros sete meses de 2016 com os de 2017, o setor que mais melhorou seu saldo de empregos no período foi o de fabricação de produtos do fumo, seguido pelo de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários. A indústria fumageira gaúcha foi beneficiada pela condição da safra local de fumo, que se recuperou em relação ao ano anterior, quando o rendimento físico foi impactado por adversidades climáticas. O maior volume de matéria-prima disponível contribuiu para o alongamento do intervalo de tempo com maior nível de atividade na indústria fumageira e, portanto, com a melhoria do saldo nesse setor até esse momento do ano. Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul estão entre os municípios brasileiros que mais criaram postos de trabalho com carteira assinada em 2017. Porém esse resultado não é extraordinário, pois decorre da característica da agroindústria do fumo, aglomerada no Vale do Rio Pardo, que concentra a demanda por mão de obra temporária no primeiro semestre, com os desligamentos ocorrendo nos meses seguintes.

No que se refere à indústria de máquinas e equipamentos agropecuários, observa-se uma significativa melhoria na dinâmica do mercado de trabalho, que passou de um saldo negativo de 1.001 postos nos primeiros sete meses de 2016 para a criação de 844 vagas no ano corrente. No primeiro semestre de 2017, o avanço na produção de máquinas agrícolas foi de 23,5% comparativamente a 2017, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. A melhoria da percepção do ambiente de negócios e a expansão da produção agrícola (31,1% em relação a 2016) são fatores que contribuíram para a retomada dos investimentos pelos agricultores brasileiros. Contudo, a recuperação ainda pode ser qualificada como lenta e gradual, estando a produção muito distante dos patamares recordes verificados em 2013.

Os setores que mais pioraram seu saldo de empregos em relação ao período de janeiro a julho de 2016 foram os de produção de sementes e mudas certificadas, de fabricação de conservas e de abate e fabricação de produtos de carne. Sobre este último setor, observa-se que, das quatro principais atividades pecuárias dedicadas à produção de carne, apenas a bovinocultura registrou crescimento em relação ao primeiro semestre de 2016 (3,2%). O número de frangos guiados para abate recuou 8,1%, enquanto o de suínos e o de ovinos registraram quedas de 5,6% e 20,3% respectivamente. O cenário nacional continua marcado pela incerteza da recuperação do ritmo de atividade econômica, pela contração da massa salarial e pela elevada taxa de desemprego. Esses são condicionantes importantes para a determinação do nível de demanda interna por proteínas de origem animal.

Últimos 12 meses

Nos últimos 12 meses (ago./2016-jul./2017), foram criados 3.717 postos de trabalho no agronegócio gaúcho. Os setores com maior criação de empregos nesse período foram os de fabricação de produtos do fumo (mais 3.359 postos), de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 1.086 postos), de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (mais 1.003 empregos) e de produção de lavouras temporárias (mais 589 empregos).
Em contrapartida, entre os setores que seguem apresentando saldo negativo de empregos nos últimos 12 meses, os destaques são os de abate e fabricação de produtos de carne (menos 1.446 postos) e de curtimento e preparações do couro (menos 823 empregos). O encolhimento do quadro funcional neste último setor pode ser parcialmente atribuído às dificuldades estruturais que afetam a competitividade do setor calçadista gaúcho.
Em termos relativos, comparando-se a variação nos saldos de empregos nos últimos 12 meses, observa-se que o setor que mais melhorou sua condição foi o de fabricação de produtos do fumo. Enquanto, no período ago./2015-jul./2016, foram fechados 2.565 postos, nos últimos 12 meses foram criados 3.359 empregos no setor. Por outro lado, os setores de abate e fabricação de produtos de carne e de curtimento e preparações de couro são os que apresentam as quedas mais agudas.
No Gráfico 2, são apresentadas as informações do número de empregos nos sete principais setores empregadores formais do agronegócio do Rio Grande do Sul. A diferença nos estoques de emprego de cada setor equivale ao saldo nos últimos 12 meses.