Este trabalho tem quatro objetivos. Primeiro apresentamos o MAUP – Modifiable Areal Unit Problem -, alertando para a falta de confiabilidade de estatísticas obtidas a partir de regionalizações teoricamente inconsistentes. A seguir, propomos o enfrentamento do MAUP por três vias: 1) estudar os outliers (os maiores pólos urbanos) à parte, pois eles distorcem as distribuições de freqüência das variáveis municipalizadas; 2) identificar a homogeneidade interna das regiões a partir das especializações produtivas (e comunhão de interesses) dos municípios não-outliers; 3) identificar os pólos de cada região homogênea a partir da capacidade de atendimento das demandas dos municípios periféricos. O terceiro objetivo é demonstrar que o pólo macro-regional (ou metropolitano) deve ser identificado a partir dos mesmos critérios teóricos – a solidariedade dinâmica e a capacidade de atender às demandas da periferia -, e não por determinações empíricas (conurbação) ou institucionais (regiões metropolitanas oficiais). Por fim, buscamos demonstrar que somente de uma perspectiva ortodoxa e supply-side poderíamos reduzir a relação pólo/periferia à relação motor/movido. De uma perspectiva demand side (marxo-keynesiana), em diversos ambientes e arranjos regionais é a periferia que determina o padrão dinâmico global, inclusive a dinâmica do pólo.
O rural e o urbano nos processos de regionalização com vistas à análise e planejamento do desenvolvimento territorial
Textos para Discussão FEE, n.64 (2009) - ISSN 1984-5588
Autor(es):
Carlos Águedo Paiva