Este artigo tem por objetivo colocar em questão a hipótese bastante difundida hoje no Brasil segundo a qual a economia brasileira manterá, de forma duradoura, a aceleração do crescimento econômico iniciada em 2004. O argumento nele exposto é o de que, nos últimos anos, está em curso tendência, a prevalecer também no futuro próximo, de deterioração progressiva das contas correntes externas do País. A mesma tendência decorre da valorização cambial do real e, sobretudo, da elevada elasticidade renda das importações brasileiras. O resultado da referida deterioração será a crescente fragilidade financeira externa do País, que independente do provável agravamento da conjuntura econômica internacional, conforme se noticia diariamente na mídia internacional especializada. Em decorrência dos efeitos inflacionários da maior fragilidade financeira externa, a política econômica encarregar-se-á de elevar as taxas internas de juros, contendo o crescimento econômico. O previsto nesse artigo só não viria a acontecer se o Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, a nova política industrial, o programa do etanol e a exploração do petróleo, em conjunto ou isoladamente, produzirem ganhos correntes externos de grande monta e em período mais curto do que seria razoável esperar.
Fragilidade Financeira Externa e Crescimento Econômico
Textos para Discussão FEE, n.34 (2008) - ISSN 1984-5588
Autor(es):
Pedro Fernando Cunha de Almeida