A Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (FEE) e as demais instituições estaduais em conjunto, sob a coordenação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgam os dados das Contas Regionais para 2014 e a retropolação da série a partir de 2002, tendo como base o ano de 2010. A partir desses dados, é possível a comparação entre as 27 unidades federativas, assim como a comparação destas com a economia brasileira.
Crescimento do PIB
Após crescer 8,5% em 2013, acima da média nacional (que cresceu 3,0%), a economia gaúcha decresceu 0,3% em 2014, invertendo de sinal com a economia brasileira que teve um modesto crescimento de 0,5% no mesmo ano. Em 2014, o Rio Grande do Sul foi a quarta unidade federativa com o pior desempenho em termos de crescimento, ficando à frente apenas de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, que decresceram 0,7%, 1,4% e 1,5% respectivamente. É importante destacar que a taxa apurada conjuntamente com o IBGE é bastante próxima àquela apurada pela FEE no PIB trimestral (-0,4%).
Participação
Em 2014, o Rio Grande do Sul retomou a quarta posição entre as unidades federativas com maior peso no PIB nacional (6,2%), passando à frente do Estado do Paraná (6,0%). A despeito de obter uma variação negativa do PIB em 2014 (-0,3%), essa retomada de posição decorreu, sobretudo, da queda ainda maior do estado paranaense no ano. Setorialmente, contribuiu para essa ultrapassagem a evolução do Valor Adicionado (VA) de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação. De 2013 para 2014, por exemplo, ao passo que a participação do VA do RS nessa atividade no VA dessa mesma atividade para o Brasil permaneceu estável em 4%, no Paraná houve uma queda de 12,3% para 11%.
Taxa de crescimento na série
Ao longo de toda a série 2002-14, o Rio Grande do Sul teve o segundo menor crescimento acumulado no período, atrás apenas do Rio de Janeiro. A taxa de crescimento acumulada do volume do PIB do Estado em 2014 foi de 37,2%, enquanto, no Brasil, foi 50,7% e, no Rio de Janeiro, 34,8%. Em boa medida, conforme se observa no Gráfico 1, as unidades da Federação que detinham menor participação no PIB nacional em 2002 foram as que apresentaram maior taxa de crescimento acumulada do volume do PIB no período.
O PIB per capita
Em 2014, o PIB per capita do Rio Grande do Sul foi de R$ 31.927, 12% acima do PIB per capita nacional, que atingiu R$ 28.500. No ranking das unidades federativas, o RS iniciou, em 2002, em quinto lugar, sendo seguido pelo Paraná. Em 2005 e 2006, porém, o RS caiu para o sexto lugar e, em 2007 e 2008, para o sétimo. Entre 2009 e 2011, o Estado voltou a ocupar a sexta colocação e, em 2012 e 2013, voltou a ficar em sétimo lugar, perdendo posição para o Paraná. Em 2014, por sua vez, o RS retomou o sexto lugar, tendo à frente o Espírito Santo.
Destaques setoriais
Em 2014, o desempenho em volume do PIB foi fortemente influenciado por:
- queda da indústria de transformação (-5,2%), devido à retração em 27 das suas 33 subatividades;
- queda da agricultura (-4,9%), que, partindo de uma base de comparação elevada em 2013, declinou por causa da redução do rendimento médio da soja e do trigo; e
- variação negativa de 0,5% de administração, educação e saúde pública, defesa e seguridade social, sobretudo por essa atividade ter um expressivo peso de 14,6% no VA do Estado.
Por outro lado, o nível de atividade ainda foi sustentado pelo crescimento do comércio (2,4%) e das atividades profissionais (5,2%), graças à manutenção, durante a maior parte do ano, da ocupação e da renda em níveis ainda elevados.
Em 2014, o Rio Grande do Sul apresentou a maior participação de Valor Adicionado da agropecuária entre as unidades federativas, contabilizando 11,6% do VA da agropecuária do Brasil (maior, por exemplo, que toda a participação da Região Norte, de 11,1%). Esse posto foi retomado do Paraná, em 2014, após, sobretudo em 2012, o Rio Grande do Sul ter sido atingido fortemente pela estiagem.
Ao longo da série 2002-14, a economia gaúcha apresentou trajetória similar à economia brasileira, porém com oscilações mais acentuadas. Isso decorreu pelo maior peso da agropecuária no Rio Grande do Sul, o que condiciona mais o resultado do produto às variações climáticas, casos, por exemplo, dos fortes períodos de estiagem em 2005 e 2012 no Estado. O peso do Valor Adicionado da indústria do RS no PIB gaúcho é muito próximo do peso do VA da indústria brasileira no PIB nacional (20,2% ante 20,5%), sendo o RS a quinta economia mais industrializada do País.
Destaca-se também que o peso do Valor Adicionado da indústria de transformação no PIB é maior no RS do que no Brasil (14,6% ante 10,3%). Essa indústria tem bastante sensibilidade ao câmbio. Assim, como se nota no Gráfico 4, a despeito do razoável crescimento da economia brasileira entre 2004 e 2008, a participação do VA da indústria de transformação do RS no VA da indústria de transformação do Brasil declinou por influência da valorização cambial (e também por conta das estiagens da agropecuária em 2004-05).
No período pós-crise internacional, com uma maior desvalorização do câmbio, além da expansão do crédito para máquinas e equipamentos e automóveis, essa participação voltou a crescer.
Conta da renda
A partir da disponibilização de informações pela ótica da renda, a divulgação atual da série das Contas Regionais permite decompor o PIB em remunerações, impostos (líquidos de subsídios) sobre a produção e a importação e Excedente Operacional Bruto somado aos rendimentos mistos. A série, com dados do período 2010-14, possibilita acompanhar a interação entre o desempenho econômico e a distribuição funcional da renda.
Durante os cinco anos da série, o Rio Grande do Sul permaneceu como a quarta unidade federativa de maior remuneração (salários mais contribuições sociais) do País, alcançando uma participação de 6,1% em 2014. Porém a distância para o quinto colocado, o Estado do Paraná, vem diminuindo. Em 2010, essa diferença era de 0,6% e em 2014 foi de 0,3%.
Por fim, pode-se notar, regionalmente, uma correlação direta entre o crescimento dos salários e a evolução da produtividade relativa. No Gráfico 5, optou-se como proxy para essa produtividade relativa a razão entre o PIB per capita da unidade federativa em questão e o PIB per capita do Brasil. Nota-se, então, que os estados que apresentaram maior variação acumulada, no período 2010-14, em suas remunerações foram aqueles que apresentaram maior variação acumulada da produtividade relativa. Nesse período, o RS foi apenas a 14.ª unidade federativa no ranking de crescimento das remunerações, posicionando-se exatamente na mediana do crescimento nacional (58,7%). Em relação à produtividade relativa, o RS cresceu 1,2%, abaixo, portanto, da mediana do crescimento nacional (1,7%).
FEE/Centro de Indicadores Econômicos e Sociais/Núcleo de Contas Regionais