Resultado do segundo trimestre
No segundo trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul teve uma redução de 3,1% em relação ao mesmo trimestre de 2015. Em sua composição, o Valor Adicionado Bruto (VAB) reduziu-se em 2,6%, e os impostos líquidos caíram 7,0%. Já o PIB do Brasil caiu 3,8%, com uma redução de 3,3% no VAB e de 6,8% nos impostos líquidos. Todas as grandes atividades no Estado tiveram uma redução menor que a brasileira. A agropecuária gaúcha diminuiu 0,8%, e a do País caiu 3,1%. A indústria no Rio Grande do Sul retraiu-se em 2,5%, enquanto a do Brasil decresceu 3,0%. Já os serviços gaúchos reduziram-se em 2,0%, ao passo que os brasileiros, 3,3%.
Esse foi o segundo trimestre consecutivo em que a queda trimestral do PIB gaúcho foi menor que a verificada no trimestre anterior. O resultado foi ainda mais significativo porque se deu sobre o único trimestre do ano passado que apresentou uma taxa positiva. Já no acumulado ao longo do ano, sobre o mesmo período do ano anterior, o efeito das taxas trimestrais negativas cadentes em 2016 foi o de produzir a redução na queda desse indicador. Nos últimos quatro trimestres sobre os quatro trimestres anteriores, as taxas continuam crescentemente negativas. Tal comportamento é produto da influência fortemente negativa dos trimestres finais de 2015.
Destaques setoriais do trimestre
A queda menor do PIB do RS, comparada à do Brasil, refletiu uma retração menos acentuada de todas as grandes atividades da economia gaúcha. A diminuição maior dos impostos líquidos no RS deveu-se à queda de atividades industriais com peso significativo na arrecadação (fumo e derivados de petróleo).
Neste trimestre, o desempenho da agropecuária foi negativo, mas melhor que no trimestre anterior (-0,8% ante -8,1%), principalmente devido ao desempenho e à concentração da safra da soja no período. Por outro lado, o arroz, devido a problemas climáticos, e o milho, pela redução da área plantada, prejudicaram o VAB do setor. Já a pecuária manteve a contribuição positiva para a atividade.
Dos quatro segmentos da indústria, dois caíram (extrativa e transformação) e dois cresceram (eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana; e construção). Enquanto a redução na queda da indústria extrativa foi pequena do primeiro para o segundo trimestre do ano (-9,0% para -8,6%), na indústria de transformação a redução da queda foi mais significativa (-7,6% para -5,3%), apesar dos resultados bastante negativos no fumo e nos derivados do petróleo. O crescimento na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana refletiu a melhora nas condições hídricas de geração de energia elétrica no Estado, revertendo o resultado negativo do primeiro trimestre (-4,8% para 12,0%). O grande destaque positivo do setor industrial foi o de construção, que, apesar de apresentar uma taxa modesta no trimestre (1,0 %), foi o primeiro resultado de crescimento depois de oito trimestres de taxas negativas em um setor com peso significativo tanto na geração de empregos quanto na estrutura econômica do Estado.
O resultado da indústria de transformação no segundo trimestre de 2016, mesmo que ainda negativo (-5,3%), é importante porque foi constituído pela melhoria da maioria das atividades de transformação industrial sediadas no Estado, tanto pelo crescimento (quatro atividades) quanto pela redução da queda (sete atividades). A explicação principal para o resultado vem da exportação da indústria de transformação, que cresceu, em volume, 13,5% no trimestre, considerando que o mercado interno nacional ainda continua restrito devido a reduções de renda e dificuldades de acesso ao crédito. A atividade de celulose, papel e produtos do papel continua sendo a de maior crescimento, com taxa de 69,5%. Destacam-se também os crescimentos de 5,7% de couros e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados e de 8,1% da metalurgia. O resultado da indústria de transformação gaúcha poderia ter uma queda ainda menor se não fosse a diminuição de produção de derivados de petróleo decorrente da realização de serviços de manutenção na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). Assim, os destaques negativos ficaram para os produtos do fumo (-24,6%), redução de matéria-prima, e derivados de petróleo (-19,0%). Já as atividades do complexo metalmecânico apresentaram uma sensível redução em suas quedas no trimestre.
No setor serviços, o comércio diminuiu sua queda (-6,8% no trimestre contra -8,3% no primeiro trimestre de 2016). Entretanto a intermediação financeira e os serviços de informação aumentaram suas reduções. Administração pública e outros serviços apresentaram leves melhorias, mas as atividades imobiliárias, apesar de terem aumentado, apresentaram uma menor taxa de crescimento. O destaque nos serviços fica por conta da atividade de transporte, que cresceu 1,4% no trimestre.
No comércio, apesar de um resultado de queda menor que o do País (-6,8% no RS e -7,4% no Brasil), apenas uma atividade apresentou uma pequena variação positiva, a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,1%). O destaque negativo ficou com a comercialização de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-25,1%), com veículos, motocicletas, partes e peças apresentando uma redução em sua queda, com taxas negativas de 19,5% no trimestre e de 28,1% no trimestre anterior.
Taxas semestrais e resultado acumulado em quatro trimestres
Nas taxas semestrais de 2015 e 2016 observa-se que a recessão nacional foi mais profunda e que Rio Grande do Sul caiu mais que o Brasil no segundo semestre de 2015. Tal comportamento decorre do fato de que os elementos que provocaram a queda da economia do País atingiram mais fortemente a economia gaúcha naquele período. Além disso, o efeito positivo da agropecuária concentrou-se no primeiro semestre.
No resultado acumulado em quatro trimestres, o efeito da base mais elevada do segundo trimestre de 2015 — devido ao desempenho extremamente positivo da agropecuária e dos resultados dos dois últimos trimestres de 2015, quando a recessão teve um impacto maior — provocou uma redução ainda maior neste indicador no segundo trimestre (-4,9%) do que no anterior (-3,9%). Comparando com o resultado do Brasil, que teve uma pequena redução no indicador (-4,7% no trimestre anterior e -4,9 % nesse), as taxas atingiram uma magnitude similar.