A Fundação de Economia e Estatística (FEE) e as demais instituições estaduais, em conjunto e sob a coordenação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgam os dados das Contas Regionais para 2013 e a revisão dos dados de 2010 a 2012. Essa nova série incorpora as mudanças metodológicas realizadas nas Contas Nacionais no início do ano. A partir desses dados, é possível a comparação das 27 economias estaduais com a economia brasileira, bem como fazer comparações entre elas.
Mudanças metodológicas e o PIB em 2010
Em março de 2015, o IBGE divulgou a nova série do PIB (Referência 2010), incorporando diversas mudanças conceituais e metodológicas com a finalidade de aperfeiçoar a aferição dos resultados econômicos do País. Neste novembro, o processo teve continuidade com a divulgação dos números definitivos de 2012 e 2013 das Contas Nacionais, segue agora com a divulgação das Contas Regionais e culminará com a divulgação do PIB dos municípios em dezembro.
Na comparação entre as séries de 2010 e 2002 do Rio Grande do Sul, destacam-se a perda de participação do PIB do RS no PIB do Brasil em 0,49 p.p. e o aumento da participação dos impostos (1,48 p.p.) e dos serviços (0,48 p.p.) no PIB gaúcho.
Os fatores que determinaram a perda de participação do Rio Grande do Sul na economia nacional são o aumento da participação de outras unidades federativas na agropecuária, as mudanças de classificação nas atividades na indústria e, principalmente, os novos procedimentos para o cálculo do Valor Adicionado da administração pública. Já o aumento da participação dos impostos é decorrência de sua nova classificação, segundo a qual passam a ser considerados impostos sobre produtos obrigações que antes eram consideradas encargos (PIS/COFINS) ou impostos sobre a propriedade (ITBI). No caso do aumento da participação dos serviços, tal fato decorreu da mesma reclassificação de atividades que diminuiu a parte da indústria.
O desempenho gaúcho nos anos de 2011 e 2012
O crescimento do PIB do RS em 2011 em relação a 2010 foi de 4,4%, pouco superior ao da economia brasileira, que cresceu 3,9% no período. Os principais destaques vieram do crescimento da agricultura (19,3%) e da construção (7,2%). Já em 2012, a economia gaúcha recuou 2,1%, fortemente impactada pela estiagem, que prejudicou tanto o desempenho da agricultura (-43,3%) quanto o da indústria de transformação (-5,4%). Já o PIB do Brasil cresceu 1,9% em 2012.
Crescimento de 8,2% e perda de posição em 2013
O crescimento do PIB gaúcho em 2013 (8,2%) foi o maior do País no ano e ficou significativamente acima do nacional (3,0%), em função, na sua maior parte, da recuperação das perdas decorrentes da estiagem de 2012. O retorno à normalidade climática impactou principalmente a agricultura, que cresceu 79,3% em 2013 ante 2012, e também a pecuária, que cresceu 20,3%. Na agricultura, os destaques positivos foram o cultivo da soja e o de cereais.
Já a indústria de transformação do RS cresceu 7,3% em 2013 por fatores alheios à recuperação da agropecuária local. Destacaram-se a produção do complexo automotivo (automóveis, demais veículos, peças e acessórios), a de máquinas e equipamentos (principalmente máquinas e implementos agrícolas) e a de produtos de borracha, plásticos e químicos. Outras duas atividades que tiveram um incremento significativo em 2013 foram o comércio (7,0%) e a construção (6,0 %).
Apesar do grande crescimento em termos de volume em 2013, a economia gaúcha foi ultrapassada pela do Paraná nesse ano e deixou de ser a quarta economia do País. Tal resultado decorreu principalmente da queda nominal do Valor Adicionado da atividade de geração e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana desde o início da nova série em 2010. Além disso, a distância entre as duas economias já era bem menor desde 2010, e o crescimento também significativo do Paraná em 2013 (5,6%) possibilitou a ultrapassagem.
O PIB per capita e a conta da renda
Na nova série, o PIB per capita do Rio Grande do Sul mantém-se em média 10% acima do valor per capita nacional. No ranking das unidades federativas, o Rio Grande do Sul iniciou a série em sexto lugar, posição que manteve em 2011. Devido à queda do PIB em 2012, o Paraná passou o RS, posições que se mantiveram em 2013.
Uma inovação da série das Contas Regionais é a disponibilização de informações pela ótica da renda. Decompondo o PIB em remunerações, impostos totais líquidos sobre o produto e excedente operacional bruto somado aos rendimentos mistos, as novas informações possibilitam acompanhar como o desempenho econômico influencia a distribuição funcional da renda. Por exemplo, em 2013, o único componente da renda do Estado que teve uma participação na economia nacional maior que a participação do Valor Adicionado do RS no Brasil foi a soma do excedente operacional bruto com o rendimento misto.
FEE/Centro de Informações Estatísticas/Núcleo de Contas Regionais