Violência reduz expectativa de vida dos homens gaúchos

A Fundação de Economia e Estatística divulgou nesta terça, 31, a primeira Carta de Conjuntura do ano. Entre os destaques deste mês de janeiro, a redução da expectativa de vida dos gaúchos pela violência, no texto “Quantos anos de vida são perdidos na expectativa de vida ao nascer pelos homens gaúchos devido aos óbitos por causas violentas?”, da pesquisadora em estatística Marilene Dias Bandeira e o aumento do desemprego, no artigo A retração do emprego formal se prolonga em 2016, no RS e em suas regiões, do sociólogo Guilherme G. de F. Xavier Sobrinho. Os dois pesquisadores foram responsáveis pela apresentação das análises.

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Marilene Bandeira, Guilherme Xavier Sobrinho e Martinho Lazzari apresentam a primeira Carta de Conjuntura de 2017

Em 13 períodos analisados, divididos em triênios, a partir de 2000, a expectativa de vida ao nascer da população gaúcha aumentou 2,5 anos, passando de 73,41 para 75,94 anos. De acordo com os dados, o aumento de 2,75 anos foi superior para os homens ( 69,42 para 72,17 anos), já que  para as mulheres o incremento foi de 2,19 anos ( 77,47 para 79,66 anos). No entanto, em 2014 as mulheres esperavam viver, em média, 7,5 anos mais que um homem nascido no mesmo período. Dentre as principais causas de morte para ambos os sexos, doenças do aparelho circulatório, neoplasias, doenças do aparelho respiratório  e causas externas, tem mais repercussão para os homens este último item que é decorrente de causas violentas como acidentes de transporte, homicídios, afogamentos, suicídios, quedas. Em 2014, a violência representa, para os homens a terceira causa de morte, responsável por 14% dos óbitos no período, o que significou 18,5 mil mortes, quase quatro vezes maior que o ocorrido dentre as mulheres. “Esse contingente de óbitos devido a causas violentas dentre os homens está relacionado, principalmente, com a ocorrência de 6.677 devidos a homicídios (36% dos óbitos da categoria), 5.009 decorrentes de acidentes de transporte (27%) e 2.711 ocasionados por suicídios (15%)”, explica Marilene Bandeira.  De acordo com a pesquisadora, se todos os óbitos por causas externas pudessem ser evitados, a expectativa de vida ao nascer dos homens em 2014 aumentaria de 72,17 para 74,88 anos, um acréscimo de 2,71 anos. A pesquisa recomenda que deve ser dada atenção especial à população masculina jovem, já que  em 2014 um terço dos óbitos por causas externas ocorreram entre as idades de 15 a 29 anos. “De fato, nota-se que é preciso intensificar políticas públicas que ajudem na redução de óbitos por causas violentas, pois se tratam de causas passíveis de prevenção e que acarretam um grande diferencial nos níveis de expectativa de vida dos homens gaúchos”, destaca Marilene.

O texto do sociólogo Guilherme Xavier Sobrinho mostra que 2016 prolonga a reversão da trajetória expansiva do mercado formal de trabalho observada em 2015. O texto que avalia dados do CAGED ( Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostra rápida e continuada deterioração do mercado de trabalho gaúcho. “Mesmo se manifestando com alguma diversidade nas diferentes porções do território, não preserva qualquer foco de dinamismo, nessa conjuntura adversa que ainda não dá sinais de superação no curto prazo”, diz o pesquisador.

A Carta de Conjuntura do mês de janeiro também analisa:

A Produção Industrial do RS em 2016 e suas perspectivas de crescimento, do pesquisador em economia André Luis Contri

A persistência dos efeitos da queda de indústria de transformação do RS, do pesquisador em economia Roberto Rocha

Safra recorde, exportações em queda: o desempenho do complexo soja gaúcho em 2016, do pesquisador em economia Rodrigo Feix

Competitividade em Aglomerações Produtivas e APLs no Rio Grande do Sul, do Pesquisador em Economia Rodrigo Morem da Costa

A evolução da economia brasileira recente revelada pela comparação de suas duas últimas Matrizes de Insumo-Produto, de Carlos Paiva

 

Sandra Bitencourt- Jornalista