Com mais pessoas no mercado de trabalho e com o número de vagas praticamente estável, a Região Metropolitana de Porto Alegre registrou crescimento do desemprego em junho de 2015, passando de 7,8% em maio para 8,5%. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (29) pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), que executa a pesquisa em convênio com a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) e com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE).
O número de desempregados em junho foi de 163 mil pessoas, um acréscimo de 15 mil pessoas em relação ao mês anterior. “Esse resultado se deve à criação de apenas mil novas vagas, insuficientes para absorver o ingresso de 16 mil pessoas no mercado de trabalho da Região”, explica a economista Iracema Castelo Branco, Coordenadora do Núcleo de Análise Socioeconômica e Estatística da FEE. Para a pesquisadora, a economia em 2015 não está crescendo e, quando isso ocorre, não são gerados novos postos de trabalho. “Como decorrência, aumenta a taxa de desemprego dos chefes de família, o que leva mais pessoas a disputarem uma vaga de emprego para manter o nível de renda familiar”, complementa.
No setor privado houve redução do emprego formal (-1,5%) e crescimento dos empregos sem carteira assinada (12,6%)e de autônomos (4,6%). Os dados de junho sinalizam crescimento de 2,4% nas demais ocupações (empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais, entre outros). Nos empregos domésticos, houve uma redução de dois mil postos de trabalho (-2,2%). Já o setor público registrou diminuição de 9 mil funcionários em junho de 2015. Os dados são comparativos a maio deste ano.
Os setores que apresentaram crescimento da ocupação foram a construção (5,5%) e os serviços (0,6%). Já o comércio (-0,6%) e a indústria de transformação (-2,3%) tiveram redução do número de ocupados.
Para Iracema, é necessário, contudo, pensar em perspectiva. “Se os números não animam e a conjuntura sinaliza dificuldades ao longo de todo o 2015, a taxa de desemprego está bastante longe dos 17% de 2003 ou dos 19% em 1999”.
Junho trouxe também uma redução na média dos salários, tanto para empregos formais, como para autônomos e informais. Segundo a economista da FEE, trata-se de um movimento normal do mercado de trabalho quando há excedente de mão-de-obra, já que “o aumento de pessoas procurando uma vaga reduz a força de negociação das entidades representativas por aumento real de salário”. Na mesma linha de análise, Lucia Garcia, Coordenadora Nacional do Sistema PED, salienta que o desemprego é um problema coletivo e que o trabalhador deve buscar as entidades de classe para orientação.