No mês de setembro, foi registrado saldo negativo de empregos formais no agronegócio do Rio Grande do Sul. O número de admissões (9.564) foi inferior ao de desligamentos (12.615), resultando na perda de 3.051 postos de trabalho com carteira assinada. Esse é o sexto mês consecutivo com saldo negativo de empregos. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (7), pela Fundação de Economia e Estatística (FEE).
A perda mais substancial ocorreu no segmento “depois da porteira”, formado por atividades agroindustriais e de comércio atacadista (menos 3.221 postos). A indústria fumageira liderou os desligamentos, com saldo negativo de 3.861 empregos com carteira assinada. São 2.497 desligamentos a mais em setembro de 2017 do que no mesmo mês de 2016. A desmobilização desse setor – concentrada nos municípios de Santa Cruz do Sul e de Venâncio Aires – teve início em junho, com picos em agosto e setembro.
Segundo o economista Rodrigo Feix, Coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da FEE, trata-se de um movimento típico do período, ainda que tenha sido mais intenso em 2017. “Ocorre que, na comparação com setembro de 2016, em 2017, a indústria fumageira foi favorecida pela expansão da oferta de matéria prima agrícola para processamento, o que se traduziu na maior demanda por mão de obra e no alongamento do tempo médio dos contratos temporários característicos dessa atividade. Isso ajuda a explicar o fato de, em setembro, os desligamentos estarem acima da média histórica para o mês”, pondera Feix.
Na contramão do movimento geral do agronegócio, o setor com maior criação de vagas no mês foi o de abate e fabricação de produtos de carne (mais 436 postos), especialmente pela reabertura de um importante frigorífico no município de Alegrete, gerando, desde agosto, a criação de mais de 500 postos de trabalho com carteira assinada na atividade de abate de reses.
No segmento “antes da porteira”, constituído por atividades dedicadas ao fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária, houve perda de 79 postos de trabalho. Nesse segmento, o setor de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários registrou a maior queda de empregos com carteira assinada em setembro (menos 179 postos).
O segmento composto por atividades características da agropecuária (segmento “dentro da porteira”) foi o único a registrar criação de empregos (mais 249 postos de trabalho). Contribuiu decisivamente para esse desempenho o setor de produção de lavouras temporárias, responsável pela criação de 408 empregos com carteira assinada. Em razão do início da mobilização de mão de obra para a implantação da safra de verão, registrou-se saldo positivo em 340 empregos na atividade de cultivo de cereais.
Acumulado no ano
No acumulado de janeiro a setembro, foram criados 211 empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho. Em igual período de 2016 o saldo entre admissões e desligamentos era de 1.491 empregos, resultando, portanto, em uma variação negativa de 1.280 postos.
Os setores com maior criação de empregos em 2017 foram os de produção de lavouras permanentes (mais 1.254 postos), fabricação de produtos do fumo (1.117 postos) e de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (mais 792 postos). Por outro lado, os setores com maior fechamento de vagas foram os de produção de sementes e mudas certificadas (menos 1.542 postos), de fabricação de conservas (menos 1.356 postos) e de produção de lavouras temporárias (menos 602 postos).
Íntegra dos dados do emprego com carteira assinada no agronegócio aqui.
Anelise Rublescki – Jornalista FEE