Salão de Iniciação Científica mostra integração entre FEE e universidades na produção de diferentes pesquisas

O Salão de Iniciação Científica da FEE contou com a apresentação oral dos bolsistas nesta quarta-feira, 29, no auditório da Fundação. Os trabalhos expõem resultados de pesquisas realizadas em diversas áreas. Os alunos foram avaliados pelos orientadores e puderam dialogar com os demais pesquisadores presentes.

SIC

O estudante João Batista Santos Conceição apresentou estudo sobre a distribuição de renda e riqueza no Brasil,  sob orientação do pesquisador Róber Iturriet Ávila. De acordo com o trabalho, a desigualdade avançou no mundo, mas foi mitigada no Brasil devido a fatores como a valorização do salário mínimo, a maior demanda por mão-de-obra e políticas de distribuição de renda e investimento em assistência social.

Sob orientação da pesquisadora Clarisse Castilhos, o estudante Eduardo Moreira Thomé analisou a expansão da soja na Argentina, Brasil e Paraguai. No Brasil, o destaque é o crescimento da produção na região conhecida como MATOPIBA ( Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que em 1990 foi responsável pela produção de 1,30 % e em 2014 saltou para 10,07% da produção. A soja é o principal produto de exportação do País e a conclusão parcial do estudo é que seu avanço se dá pelo aumento da produção e não da produtividade. Também, de acordo com a pesquisa, há aumento de conflitos e de violência no campo em função das disputas por terras e água, principalmente nessa nova fronteira agrícola.

O estudante Alison Ribeiro Centeno, orientando da economista Cecília Hoff, mostrou estudo sobre a indústria, com destaque para a indústria oceânica, com pequena participação, mas elevado crescimento. A pesquisa mostra que essa indústria cresceu 1400 % em três anos no Rio Grande do Sul.

Transversalidade nas políticas públicas de gênero foi o tema desenvolvido pela estudante Deisi Conteratto, orientada pela pesquisadora Clítia Martins. Deisi analisou a Rede Lilás do Rio Grande do Sul e apontou os desafios do RS na luta pela equidade de gênero. O trabalho já foi apresentado num congresso internacional no Uruguay. Também sob orientação da Clítia, Ricardo Minelli Bockmann mostrou estudo sobre a Desigualdade de participação política no Brasil e no Rio Grande do Sul sob uma perspectiva de gênero. Segundo o pesquisador, esse é um dos mais evidentes indicadores da disparidade de oportunidades entre homens e mulheres, já que menos de 10% das cadeiras da Câmara Federal no Brasil são ocupadas por mulheres. Enquanto a média mundial de participação feminina na política é de 22.1%, o Brasil figura entre os 37 países com média abaixo dos 10%, ao lado do Japão e da Nigéria. A participação política de mulheres negras se mostra ainda mais difícil. Entre os eleitos de 2014 para a Câmara Federal, 1,6% são de mulheres pardas, apenas 0,6% de mulheres negras e não há nenhuma mulher indígena. Já no Senado, houve apenas três mulheres negras em toda a história. O mapa abaixo mostra dados da eleição do ano passado.

mapa

Um dos fatores para a falta de efetividade da lei 9095/5 que prevê cotas destinadas às mulheres, seria a falta de apoio nos partidos. Essa legislação prevê reserva mínima de 5% do Fundo Partidário Público para criação e manutenção de promoção da participação política feminina, mas dos  26 partidos existentes, apenas 15 investiram pelo menos o mínimo previsto na Lei no ano de 2012. O estudo conclui que ainda há um grande caminho para a equidade na participação política, que a atual legislação é insuficiente para garantir o avanço da pauta e que por isso existe a necessidade de uma reforma política democrática e de amplo espectro.

A estudante Camila Cauzzi, orientanda da socióloga Miriam De Toni, estudou o mercado de trabalho do setor cultural.O trabalho apresentado no Salão de Iniciação Científica da FEE mostra dados que desmistificam algumas concepções sobre os profissionais dessa área. A maioria se concentra em Porto Alegre e é do sexo masculino, tem maior escolaridade, jornada de trabalho menor e rendimento médio maior. Mas houve queda da ocupação após crise de 2008, enquanto o nível ocupacional dos demais trabalhadores se manteve. Os dados ajudam a pensar no segmento da indústria criativa no RS.

O estudante Eduardo de Gaspari, orientado pela pesquisadora Beky Macadar, apresentou alguns recortes do projeto, desenvolvido em diferentes etapas pelos pesquisadores da FEE, sobre aglomerações industriais e agroindustriais no Rio Grande do Sul.

As pesquisas também estão disponíveis nos pôsteres fixados no corredor de entrada da FEE até esta sexta-feira.