A Fundação de Economia e Estatística lançou nesta terça-feira (12) a Carta de Conjuntura FEE de julho, cujo destaque da capa é a análise dos economistas Vanclei Zanin e Rodrigo Feix sobre A elevação do preço do milho e seus impactos. No Estado do Mato Grosso, maior produtor nacional, a saca de 60 quilos do cereal chegou a ser negociada pelo preço médio de R$ 37 reais em maio de 2016, alta de 148% em relação ao mesmo período de 2015.
Correlacionando fatores como a desvalorização cambial, quantidade do milho produzido, rentabilidade por hectare e articulações com a indústria de carnes brasileira, os economistas acreditam que, com a entrada da segunda safra de milho no mercado, já em curso, a pressão de elevação nos preços domésticos deve diminuir. Contudo, os pesquisadores acham difícil que haja um retrocesso aos patamares de 2015.
Nesse contexto, é comum o questionamento sobre quem ganha e quem perde com a alta nos preços do milho no Brasil. Para Rodrigo Feix e Vanclei Zanin, “Por um lado, o preço elevado do milho beneficia os produtores, se bem que nem todos, porque uma parcela expressiva da produção de grãos é comercializada antecipadamente. Por outro, o cereal serve de insumo para diversas cadeias agroindustriais, principalmente as de carnes de aves e de suínos, que têm sua competitividade impactada negativamente”, ponderam. “A capacidade da indústria de carnes de repassar para o consumidor final brasileiro os aumentos dos custos nos insumos é limitada, especialmente na atual conjuntura econômica nacional. No setor externo, a desvalorização cambial contribuiu para o crescimento dos volumes embarcados de carnes, mas a alta nos preços recebidos em reais parece ter sido inferior ao aumento dos custos de produção. Isso sinaliza que as margens de comercialização continuam desfavoráveis, seja no mercado doméstico, seja no exterior”, avaliam os economistas.
Outro destaque da Carta de Conjuntura é a Dívida ativa do Rio Grande do Sul. Os economistas Guilherme Stein e Vanessa Neumann Sulzbach salientam que “O momento de dificuldade financeira vivida pelo Rio Grande do Sul faz com que a sociedade gaúcha e os gestores públicos do Estado voltem sua atenção para o ajuste fiscal, que depende não apenas de cortes de despesas, mas também da análise sobre a administração da receita estadual. Além da arrecadação de impostos, o Estado possui créditos a receber. Um grupo importante desses créditos é o que constitui a dívida ativa do Estado”.
O total da dívida tributária soma RS 32 bilhões até abril de 2016. “Esse valor representa cerca de 60% da dívida do RS com a União, mas apenas 28% são considerados viáveis de recuperação pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), segundo critérios de classificação como tempo de inscrição da dívida ativa e possibilidade de falência dos devedores”, ponderam os economistas. O tempo médio da dívida chega a dez anos.
Estavam presentes no lançamento da Carta de Conjuntura os procuradores do Estado (PGE) Dr. Rafael Cândido Orozco e o Dr. Cândido Inácio Martins de Oliveira, além do Assessor de Projetos Maurícius Munhoz de Medeiros. Questionados pelos pesquisadores e jornalistas presentes sobre dívidas viáveis de cobrança e as mais difíceis, Orozco salientou a importância de ter um perfil acurado dos devedores. “Existem pessoas que tentaram empreender e se deram mal, seja pelo mercado, seja por má gestão. É uma situação completamente diferente daquele que entra no mercado apenas com a ideia de ganhar dinheiro, independente do que tenha que fazer de errado ou a quem prejudique”.
O projeto Recupera+R$, feito em parceria entre a FEE e a PGE-RS, objetiva avaliar e qualificar a cobrança da dívida ativa do RS. Os dados apresentados por Guilherme Stein e Vanessa Neumann Sulzbach refletem o levantamento inicial desse projeto. “A parceria com a FEE é de extrema importância. Através do trabalho técnico de quem entende de Economia, vai ser possível entender o perfil do devedor e da realidade da dívida ativa do Rio Grande do sul”, avalia o procurador da PGE, Dr. Rafael Cândido Orozco.
Outros destaques:
As múltiplas independências do Banco Central – Bruno Paim
Uma ponte… Para onde? Augusto Pinho de Bem
O Programa Brasil Mais Produtivo, os APLs e o Desenvolvimento Regional – Rodrigo Morem da Costa
Violência de gênero e rede de proteção às mulheres no RS – Clítica Martins e Deisi Conteratto
Caracterização da gestão municipal do planejamento urbano a partir dos dados da Munic 2015– Ricardo César Gadelha de Oliveira Jr
Nível e Desigualdade do Aprendizado Escolar no RS -Marcos Vinicio Wink Junior
Estimativas da População Flutuante do Litoral Norte: uma aplicação para taxas de criminalidade – Pedro Zuanazzi
Anelise Rublescki – Jornalista