No dia do economista, FEE promove debate sobre a economia brasileira

A Fundação de Economia e Estatística reuniu estudantes, autoridades, economistas e outros diversos profissionais para pensar no momento atual e nas perspectivas econômicas para o País. O evento desta quinta-feira, 13, comemorou o dia do economista e deu sequência  à programação semanal especialmente formulada  para marcar a data. Na abertura do encontro, o presidente da FEE, Igor Morais, parabenizou os mais de 60 economistas da Casa. “São profissionais que fazem da FEE uma instituição altamente respeitada”, afirmou. O Secretário do Planejamento, Cristiano Tasch, também economista, destacou o importante papel deste que é “um dos maiores núcleos de economistas no Rio Grande do Sul”. Para o secretário, a crise financeira no Estado e a crise econômica e política no País podem se transformar em um bom momento e novos rumos. “Precisamos ser criativos e audaciosos para traçar novos rumos”, propôs.   O evento contou com duas palestras, de professores da UFRGS, sobre perspectivas  e desempenho econômico do país.

Mesa de abertura

Com a pergunta “há luz no fim do túnel?” o economista, consultor e professor do Programa de Pós Graduação de Economia da UFRGS (PPGE) Marcelo Portugal mostrou sua avaliação para as perspectivas econômicas no Brasil. Para Portugal “há uma luz bem fraquinha, porque antes de melhorar vamos piorar”. O professor apontou que o programa de ajuste proposto pelo governo federal foi resultado da vitória do pragmatismo sobre a ideologia e que as medidas podem resultar numa melhora do cenário a partir do final do segundo semestre do ano que vem. Segundo Portugal,  a situação econômica se deteriorou devido a um conjunto de erros acumulados desde o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, como leniência inflacionária (um afrouxamento nas metas inflacionárias), imprudência fiscal e aumento exagerado dos gastos públicos, além da aplicação equivocada de políticas setoriais e excesso de intervenção e regulação do estado na economia. “Isso provocou a desaceleração do crescimento. Entre 2007 e 2010 o crescimento chegou a 4,60%, já entre 2011 e 2014, esse índice caiu para 2,13%”, demonstra. As perspectivas  de curto prazo, na visão de Portugal, são de recessão em 2015 e estagnação em 2016 . Dentre as reformas que considera mais necessárias, Portugal aponta o avanço nas desindexações, a desvinculação de receitas, as reformas administrativa, no mercado de trabalho e na previdência e a retomada das privatizações, com correção nos “erros regulatórios”.

Portugal

A segunda palestra da tarde coube ao também economista e professor do PPGE-UFRGS  Ronald Hillbrecht. Com o tema “Por que é difícil mudar? A  economia política das reformas”, Hillbrecht  trouxe diferentes indicadores e comparativos com vários países para demonstrar as razões do desempenho brasileiro. O professor apontou que a renda per capita vem caindo a partir de 2011. “Ainda que lentamente,  a renda no país vem em queda nos últimos quatro anos, o que poderia nos levar a pensar em uma década perdida, como ocorreu nos anos 80”, alertou. Hillbrecht também destacou o importante papel dos economistas para auxiliar no desenvolvimento. “A tarefa do economista é de revelar coisas que a sociedade não consegue ver a olho nu”, destaca.

Depois das palestras, houve debate com os professores  em torno de questões como inflação e política monetária, flexibilização do mercado de trabalho e crescimento e déficit público.