A Fundação de Economia e Estatística divulgou na manhã desta quinta-feira (5/3) o Informe Mulher e Trabalho. O boletim faz uma análise da inserção feminina no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto-Alegre (RMPA) em 2014, a partir da pesquisa Pesquisa de Emprego e Desemprego-RMPA que é executada pela FEE, em convênio com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS/Sine-RS), com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE-SP), e com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA), além de contar com o apoio financeiro do Ministério do Trabalho e Emprego/Fundo de Amparo ao Trabalhador. O evento contou com a presença da Secretária Extraordinária do Gabinete de Políticas Sociais, Maria Helena Sartori.
Entre os principais resultados, observa-se que taxa de desemprego das mulheres é superior a dos homens e que a mão de obra assalariada feminina segue ganhando menos, apesar de ter, em média, um nível de escolaridade superior. O rendimento médio das mulheres é 24,6% inferior ao dos homens e a média salarial do trabalhador masculino é de R$ 2.093 versus R$ 1.579 da mulher trabalhadora.
A presença das mulheres no mercado de trabalho diminuiu em 2014, de 48,9% em 2013 para os atuais 46,7%. É a primeira retração em dez anos na participação da mulher no mercado de trabalho. Em 2013, 813 mil mulheres estavam empregadas na RMPA. Em 2014, o índice caiu para 796 mil mulheres. Para os homens, esse indicador também se retraiu, passando de 65,2% para 63,3%.
A taxa de desemprego apresentou queda para as mulheres. Contudo, conforme salienta a pesquisadora e socióloga da FEE Miriam De Toni, esses resultados decorrem da saída de mulheres do mercado de trabalho e não de uma maior ocupação da mão de obra. A taxa de desemprego total feminina recuou para 6,6% em 2014 frente aos 7,5% de 2013, enquanto a masculina ficou estável em 5,4.
O contingente de mulheres desempregadas foi estimado em 56 mil pessoas (10 mil a menos do que em 2013), e o de homens, em 53 mil pessoas (3 mil a menos). Apesar de ter diminuído o diferencial entre a taxa de desemprego feminina e a masculina, as mulheres ainda apresentam taxa de desemprego superior à dos homens e representam mais da metade dos desempregados (51,1% do total).
A queda do nível ocupacional trouxe efeitos desfavoráveis sobre a formalização das relações de trabalho, interrompendo a tendência de crescimento observada desde 2004. Em 2014, a queda no emprego assalariado foi de 2,4%, tanto para ambos os sexos. A única exceção de crescimento refere-se às mulheres com atividades autônomas, mas somente nas que trabalham para empresas.
Houve retração no emprego doméstico, modalidade constituída em sua quase totalidade por mulheres, com queda de 4,6% no contingente, como resultado da diminuição tanto na modalidade de emprego doméstico mensalista (-5,2%) quanto na de diarista (-3,5%). Miriam De Toni relembra que “as mulheres ainda possuem uma presença maior em nichos que mantêm uma interface com as atividades que exercem no âmbito privado, como educadoras e responsáveis pelos serviços domésticos. Para Lucia Garcia, Coordenadora Nacional do Sistema PED, é importante a realização de estudos que ampliem a compreensão sobre a causa de nichos, já que há predomínio de mulheres nos nichos mais mal remunerados.
Quanto à escolaridade dos ocupados, em 2014, mantendo o comportamento histórico de serem mais escolarizadas do que os homens, as mulheres continuaram apresentando maior concentração nos níveis de escolaridade mais altos, sendo 45,5% no ensino médio completo e 20,7% no ensino superior completo, enquanto os homens ocupados correspondiam a 43,7% e 14,8% respectivamente.