Mudanças na China e impactos para o RS: FEE promove análise no lançamento da Panorama Internacional

‘Mudanças e Transições politicas na China Contemporânea e seu impacto Global’ e ‘Dinâmicas e transições do desenvolvimento rural chinês’ são os temas de análise do painel que deu segmento ao lançamento da   sexta edição da publicação Panorama Internacional, promovido pela FEE nesta quinta-feira, 06. O evento contou com a presença do diretor chinês do Instituto Confúcio, Tiejun Gu, além de pesquisadores, professores e estudantes.

Professor da UFRGS Sérgio Schneider abriu sua palestra reiterando a importância da preservação da FEE para garantir inteligência e suporte para o planejamento a longo prazo, uma das deficiências do Brasil e do RS em relação à China.Completam a mesa o editor da Panorama Internacional, Robson Valdez, e o pesquisador da FEE Tarson Núñez

O pesquisador em Ciência Política da FEE Tarson Núñez , que abordou as mudanças políticas na China, destacou o porquê da relevância em estudar o país asiático: “trata-se do principal mercado para as exportações do RS, é um modelo bem sucedido de desenvolvimento e tem um grande potencial de geração de sinergias com o nosso Estado”, elencou. Tarson destacou que a China teve um crescimento na renda per capita de US$ 3.100 em 2008 para US$ 7.100 em 2015, retirando mais de 600 milhões de pessoas da condição de pobreza e expandindo demandas consumidoras. “Acho muito importante romper com preconceitos, buscar fontes e compreender as particularidades do modelo chinês e sua cultura milenar. É importante conhecer o projeto político chinês, mas não com um olhar ocidental”, defendeu o pesquisador da FEE. Um dos aspectos que o cientista político destacou é a noção comunitária que impera nas relações e no planejamento. “A unidade na China não é o indivíduo, é a família, o lugar e a nação. É um pensamento coletivo”, explica. Além desse aspecto, outros dois pontos determinantes para a compreensão e cooperação são o sentido de mudança associado à estabilidade como elementos complementares e mutuamente condicionados, além da flexibilidade para alcançar o objetivo estratégico que é a prosperidade da sociedade chinesa. “O fato de eles terem um projeto de longo prazo não os aferra a um único caminho. Há flexibilidade derivada de um grande pragmatismo”, pontua. Para Tarson, entre as sinergias possíveis para o Rio Grande do Sul e o “Império do Meio”  estão o aumento das exportações, especialmente de produtos alimentares de maior valor, a atração de investimentos, sobretudo em infra-estrutura e setores industrias, e a cooperação técnica e científica.

O professor de Sociologia do Desenvolvimento Rural e Estudos Alimentares da UFRGS, Sergio Schneider, tratou das dinâmicas e transições do desenvolvimento rural chinês. Schneider relatou que crescem os estudos relativos ao país asiático e seu segmento agrícola. “Acabo de orientar a primeira tese sobre o Brasil e a China num estudo comparativo sobre o meio rural. Na China há um forte processo de transição e mudança da sua relação rural-urbana, capo-cidade”, destacou. Para o professor é necessário mobilizar o que temos de melhor em termos de Recursos Humanos para compreender e se aproximar da China em um momento decisivo. “O meu ponto central é a ideia de dinâmicas e transições, olhando agricultura e meio rural sob três prismas: demografia, produção e aspectos socioeconômicos”. O pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da UFRGS explica que há um sistema controlado pelo estado chinês sobre as relações rurais-urbanas, produzindo uma realidade Sui generis, com contradições e problemas como a precarização das condições de trabalho.

Depois das palestras dos dois pesquisadores, seguiu-se debate com os participantes.

 

Sandra Bitencourt- Jornalista