Forte queda nos preços afeta exportações gaúchas em 2015, apesar do volume histórico embarcado

A queda dos preços dos produtos exportados atingiu 17,1% em 2015 em relação a 2014. Esse resultado negativo foi o responsável pela redução de 6,3% nas exportações do Rio Grande do Sul, um recuo de US$ 1,177 bilhão em relação ao ano anterior. Os dados de 2015 foram apresentados pela FEE nesta terça-feira, 26.

 

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O pesquisador Tomás Torezani é entrevistado pela TVE durante coletiva

As vendas gaúchas para o exterior acumularam US$ 17,518 bilhões em 2015. O volume embarcado aumentou 13,1%, a maior quantidade de toda a série histórica (23,5 milhões de toneladas), mas não foi suficiente para compensar a forte retração dos preços. “Para se compreender a magnitude dessa redução: se a quantidade em 2015 fosse vendida pelo preço médio de 2014, as receitas extras chegariam a cerca de US$ 3,6 bilhões, isto é, algo em torno de 20% do total exportado pelo Estado em 2015”, destaca o pesquisador em economia da FEE Tomás Torezani. Mesmo que a alta quantidade vendida não tenha sido capaz de mitigar a perda com o recuo dos preços, ainda assim o Estado aumentou sua participação nas exportações nacionais – saindo da quarta posição em 2014 (8,3%) para a terceira em 2015 (9,1%). “Por conta de outros estados terem sentido retrações ainda mais fortes de preços. O preço internacional de commodities como o minério de ferro e o petróleo recuou em uma intensidade bem superior ao preço da soja. Assim, estados exportadores de minério de ferro e/ou petróleo (como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pará e Espírito Santo) perderam participação nas exportações nacionais, enquanto ocorreu o contrário nos estados exportadores de soja (como o RS, Paraná e Mato Grosso)”, explica Tomás. Contudo, o pesquisador ressalta que “em termos nacionais, o recuo das exportações se deu apenas nas receitas em dólar, pois a magnitude da depreciação da taxa de câmbio foi tamanha que se sobrepôs à elevação dos custos de produção e à redução dos preços dos produtos exportados, levando à maior rentabilidade brasileira em reais dos últimos anos”.

A soja em grão foi o principal produto gaúcho exportado em 2015, atingindo o recorde histórico de 10,6 milhões de toneladas e somando 23,4% das exportações totais do Estado (considerando o complexo soja como um todo, o valor chega a 30,2%), mas, em função da forte retração de preço, não foi registrado recorde em valor (US$ 4,095 bilhões), “A supersafra do ano e o forte aumento na demanda chinesa mais do que compensaram o recuo de seu preço no mercado internacional”, aponta o pesquisador. O segundo principal produto exportado foi o fumo em folhas (US$ 1,535 bilhão), seguido da carne de frango (US$ 1,134 bilhão), polímeros de etileno, propileno e estireno (US$ 1,060 bilhão) e farelo de soja (US$ 980 milhões).

Enquanto a agropecuária registrou crescimento de US$ 102,3 milhões (+2,2% em valor, 30,8% em volume e -21,9% em preço) puxado pela elevação dos embarques de soja e de trigo, a indústria de transformação foi a grande responsável pelo recuo das exportações gaúchas. Confrontando o desempenho de 2015 com o de 2014,  da redução de US$ 1,177 bilhão do total exportado pelo Rio Grande do Sul, US$1,242 bilhão foi proveniente da indústria de transformação (-9,0% em valor, +7,9% em volume e -15,7% em preço). Dos seus 23 segmentos, apenas seis registraram crescimento no valor exportado, 15 apresentaram crescimento em volume e 21 exibiram retrações nos preços de seus produtos. Os maiores recuos no valor exportado foram sentidos nos segmentos de produtos alimentícios (-US$ 396,8 milhões), derivados do petróleo (-US$ 390,3), produtos do fumo (-US$ 289,5 milhões), produtos químicos (-US$ 229,8 milhões) e máquinas e equipamentos (-US$ 219,9 milhões).

No que se refere aos países de destino, estão China (US$ 4,861 bilhões, representando 27,8% da pauta exportadora), seguida da Argentina (US$ 1,271 bilhão, com 7,3% da pauta) e Estados Unidos (US$ 1,190 bilhão, com 6,8% de tudo o que foi vendido pelo RS) .

mesaex2016

Tomás Torezani (E); Martinho Lazzari, Diretor Técnico e Renan Xavier Cortes, Coordenador do Núcleo de Dados e Estudos Conjunturais da FEE

Acesse os slides da apresentação, o vídeo e a síntese ilustrada com os principais infográficos.

Sandra Bitencourt

Jornalista