“É difícil de entender a sugestão de extinção da FEE porque a relevância e a necessidade do que ela faz é tão óbvia que até fica difícil explicar o desastre que seria abrir mão de uma instituição assim. Abrir mão da FEE é tirar um pedaço de inteligência que o Estado precisa“, diz Carlos Brum Torres, ex-secretário do Planejamento dos governos Antônio Britto e Germano Rigotto, em evento organizado pelo Conselho Regional de Economia (CORECON RS) nesta terça-feira (29/11) sobre a importância da sociedade gaúcha. Além de Brum Torres, também palestraram o economista Bruno Caldas, conselheiro do CORECON/RS e Assessor da Presidência da FEE, e a jornalista Patrícia Comunello, do Jornal do Comércio.
Brum Torres destacou que a extinção da FEE é uma atitude desastrosa e do ponto de vista financeiro a economia seria irrelevante. “No século XXI ter informações socioeconômicas é um requisito básico, elementar para qualquer gestão, no setor público e privado. Ainda mais se pudermos ter a segurança de que essas informações tenham competência no ponto de vista técnico e isenção no ponto de vista político, além de ter profundidade e continuidade histórica, como é o caso das pesquisas divulgadas pela FEE”, afirmou o ex-secretário do Planejamento do PMDB. “Ao buscar extinguir a FEE você está jogando fora um capital científico e cultural e do ponto de vista financeiro a economia seria irrelevante. É como cortar as árvores no inverno porque as folhas caíram. A vida pública, institucional precisa de mais tempo e maior cuidado”, complementou.
O palestrante ainda frisou que a Fundação tem um capital de conhecimento acumulado ao longo do tempo e que esse conjunto de dados e informações não são suficientes se não tivermos recursos humanos que avaliem isso. “Uma ruptura institucional como a extinção da FEE seria horrível porque a capacitação e o know how historicamente adquirido se perde e essa perda é irrecuperável. Sem isso, não adiantará ter essa base de dados. É preciso um convencimento geral de que a extinção da FEE é uma atitude desastrosa“, ressaltou. Disse ainda que a FEE tem valor para dentro do governo e para fora, para a sociedade em geral. “A FEE é uma instituição de interesse público e não apenas governamental”. Brum Torres destacou ainda, a partir da sua trajetória em duas oportunidades na Secretaria do Planejamento do RS, que as consultorias servem para análises pontuais, mas não contínuas. “Para saber o desempenho da agricultura, dos serviços, do mercado de trabalho e tantos outros setores, é necessário ter acompanhamento e continuidade, porque isso implica discussão metodológica e avaliação de inúmeros especialistas. Trabalhos como esses requerem continuidade e idoneidade, compromisso que a FEE tem há mais de 40 anos”.
A jornalista Patrícia Comunello, do Jornal do Comércio e especializada em Economia, aponta também a obviedade da relevância de uma instituição como a FEE. “Até agora me pergunto como a FEE está no pacote de extinção. É uma falta de respeito com a história da instituição e uma falta de conhecimento sobre o que ela efetivamente faz”, apontou. “No dia a dia como jornalistas, às vezes temos dificuldades de buscar dados concretos que ajudem a explicar as situações. A FEE auxilia muito, é uma ferramenta de trabalho. A gente não teria produzido muitas matérias no Jornal do Comércio se não fossem os dados da FEE. Eu não consigo imaginar como seria sem a FEE”, justificou.
O economista Bruno Caldas destacou que o valor que a FEE gera é muito superior ao custo. “Para qualquer governo, é necessário ter informações socioeconômicas de credibilidade e qualidade para entender o contexto regional. A FEE dá conta de suprir esses dados, em função do acúmulo em 43 anos de existência. A instituição tem papel fundamental na definição de políticas públicas e tomada de decisões”, explicou. “Nossos estudos não podem ser feitos pela iniciativa privada. A FEE tem conhecimento especializado e isenção para fazer estudos que as consultorias não podem fazer, inclusive porque elas usam nossas bases de dados. As pessoas só se dão conta que a saúde é importante quando ela falta. Assim é com as nossas estatísticas”, indicou.
Confira informações sobre a FEE no site Em defesa da FEE e em página do Facebook.
Gisele Reginato – Jornalista