FEE e parceiros divulgam Informe Especial de Emprego e Desemprego – Negros

O Informe especial PED Negros na Região Metropolitana de Porto Alegre divulgado na manhã desta terça-feira (17/11), pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) e parceiros, evidencia que a participação no mercado de trabalho da população negra e da não negra registra um recuo similar em 2014 e traz diferentes vieses de análise. A segmentação socioeconômica da Pesquisa de Emprego e Desemprego amplia o debate e contribui na atualização das informações estratégicas para gestores públicos sobre a inserção dos negros no mercado de trabalho. A apresentação do Informe contou com a presença do Secretário do Trabalho do Estado, Miki Breier, do Diretor-Presidente da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), Juarez Santinon, dos Diretores Técnicos da FEE e da FGTAS, Martinho Lazzari e Pedro Francisco da Silva Filho, respectivamente, bem como com pesquisadoras da FEE, FGTAS e DIEESE.

Os dados de 2014 mostram que o desemprego ficou relativamente estável para os negros, tendo passado de 8,7% da respectiva População Economicamente Ativa em 2013 para 8,5% em 2014, enquanto, entre os não negros, houve redução de 6% para 5,5%. É um resultado que aumenta a diferença do desemprego entre os dois grupos populacionais, de 2,7 pontos percentuais em 2013 para 3 pontos percentuais em 2014. Pedro da Silva Filho lembra que, “em termos sociais, a questão da cor de pele ainda é um diferencial no mercado de trabalho”. A População Economicamente Ativa negra aumentou em 16 mil pessoas em 2014, enquanto a não negra teve uma redução de 67 mil indivíduos. Assim, a retração da força de trabalho total, em 2014, deveu-se exclusivamente à saída de não negros do mercado de trabalho.

De 2013 para 2014, a ocupação cresceu entre os negros (7,1%) em todos os setores de atividade, enquanto o período trouxe redução de 3,4% do nível ocupacional para os não negros. “A conjuntura do mercado de trabalho em 2014 era outra”, afirma a pesquisadora da FEE Iracema Castelo Branco. “Entre 2004 e 2014 houve uma acentuada queda do desemprego e uma redução da desigualdade”.  O que se observa é que, em 2014, a redução do nível de desemprego resulta de um saldo positivo entre a saída de mais pessoas do mercado de trabalho do que de vagas fechadas.

Em número de horas trabalhadas, a média semanal é exatamente igual para os dois segmentos: 42 horas semanais tanto para negros como para não negros. Enquanto os rendimentos médios dos não negros permaneceram praticamente estáveis, houve crescimento para os negros (R$ 1.473 em 2013 para R$ 1.514 em 2014).

Mas o recorte de gênero evidencia que o único segmento com variação positiva de rendimentos é o das mulheres negras (6,4%). Para Iracema Castelo Branco, a diminuição da mulher negra no emprego doméstico (18,5% em 2013 para 16,5% em 2014) e o ingresso das mulheres negras em outras ocupações, como no serviço público (+3%), explicam essa variação fortemente positiva, que eleva os índices para os negros como um todo. Pedro Francisco da Silva Filho lembra que o sistema de cotas tem forte relação com essa nova inserção profissional das mulheres negras no serviço público. Contudo, mesmo assim, as mulheres negras continuam a ter menor remuneração na comparação com os outros recortes.

A ilustração abaixo sinaliza os principais indicadores das mulheres negras. Íntegra do Informe PED Negros e da Síntese Ilustrada disponíveis no site. Fotos do evento.

 

 

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Anelise Rublescki – Jornalista