Em maio e no acumulado de 2015, as vendas gaúchas para o exterior registraram queda devido à redução dos preços, especialmente das commodities internacionais. É o que revelam os dados das exportações de maio e do acumulado do ano apresentados nesta segunda (22) na sede da FEE pelo Núcleo de Indicadores Conjunturais.
O pesquisador Tomás Torezani destacou o papel determinante das exportações de soja para os resultados negativos em maio no comparativo com o mesmo mês do ano passado. As exportações gaúchas alcançaram um valor de US$ 1,6 bilhão, que representou um decréscimo de US$ 392,5 milhões (-19,9% em valor, 2,6% em volume e -21,9% em preços) em relação ao mesmo mês do ano anterior. Dos US$ 288 milhões a menos de vendas do setor agropecuário registrados em maio com relação a 2014, US$ 270,7 milhões se referem ao valor exportado de grãos de soja. “Apesar do RS ter uma pauta diversificada, a soja é um produto muito importante para o Estado. Houve uma queda de 25,6% nos preços em maio. Ainda assim, os preços continuam num patamar elevado. Com o crescimento mais discreto da China, nosso principal comprador, a tendência é que os preços não se elevem”, analisa Torezani. A queda no volume de exportações de soja em maio, apesar da supersafra (-11,4%), se deve a problemas de logística e operações no embarque. “Houve paradas técnicas nos terminais devido a problemas climáticos e concorrência com o embarque do arroz”, salienta o pesquisador. Mesmo com o desempenho em queda, o Rio Grande do Sul passou para a terceira posição no ranking nacional — abaixo de São Paulo (22,79%) e de Minas Gerais (10,57%) — com uma participação de 9,44%. “Isso acontece porque em maio todos os estados, com exceção do Acre e do Amapá, tiveram redução do valor em função da queda de preços”, destaca Torezani. No Brasil, houve uma redução de US$ 4,0 bilhões (-19,2% em valor, 5,9% em volume e -23,7% em preços).
Acumulado em 2015
Os resultados são semelhantes nos primeiros cinco meses do ano, com desempenho negativo devido a queda nos preços. No acumulado, as vendas do Rio Grande do Sul alcançaram US$ 6,3 bilhões, com US$ 579,3 milhões a menos, uma redução de 8,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já no País, as exportações sofreram um decréscimo de 17,1%. Esse desempenho colocou o Estado em quarto lugar no ranking nacional, abaixo de São Paulo (23,84%), Minas Gerais (12,20%) e Rio de Janeiro (8,48%), representando 8,46% das exportações nacionais. O economista Guilherme Risco destaca que a queda no valor exportado se deve principalmente à redução nos preços “Houve melhora no volume exportado de 10,4%. Por setor, a soja manteve volume crescente. Embarcamos 17% a mais em toneladas, mas o valor caiu 12,7% por conta da redução dos preços”, esclarece.
No acumulado do ano, as exportações da indústria de transformação registraram queda de US$ 400,9 milhões (-8,1%), com redução de 13,2% nos preços. O economista Guilherme Risco chama a atenção para o desempenho negativo de 17 dos 22 setores pesquisados da indústria. “Derivados de petróleo, especialmente pela redução da exportação de óleo diesel para o Paraguai, máquinas e químicos tiveram queda. Já o segmento de fumo, importante para o RS, alimentos e bebibas, especialmente a carne suína vendida para a Rússia, derivados de soja e arroz, garantiram um bom desempenho”, avalia o pesquisador.
No que diz respeito aos principais destinos das exportações do Estado, destacam-se, no acumulado do ano, as reduções de US$ 274,5 milhões para o Paraguai, de US$ 232,0 milhões para a China, de US$ 49,0 milhões para os Estados Unidos e de US$ 46,2 milhões para a Venezuela. Os destaques de crescimento são de US$ 77,8 milhões para a Coreia do Sul, de US$ 66,2 milhões para Bangladesh e de US$ 62,2 milhões para a Rússia.
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