As exportações do Rio Grande do Sul no terceiro trimestre de 2015 foram de US$ 5,5 bilhões, uma redução de aproximadamente US$ 330 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior. Trata-se de um trimestre que mantém crescimento de volume, mas redução dos preços. O crescimento do volume embarcado para o exterior (17,4%) foi bastante superior ao do Brasil (-0,8%), ainda que o trimestre registre queda em preços (-19,6% no RS). Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (27), pelo Núcleo de Dados e Estudos Conjunturais da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Com os índices do trimestre, o RS passa a ocupar a terceira posição de estado exportador no ranking nacional, com 11% das exportações brasileiras, superando o Rio de Janeiro e atrás de São Paulo e de Minas Gerais. Contribui para esse desempenho a venda do casco da plataforma P-67 para a China (US$ 394 milhões). Caso contrário, a retração do valor exportado seria de 12,4%. “O RS apresentou o maior crescimento em volume entre os principais estados exportadores e a segunda menor redução em valor no trimestre. A venda do casco P-67 e o recorde em toneladas de soja em grão explicam este resultado”, pondera Tomás Torezani, pesquisador da FEE.
A queda de preço e o crescimento de volume ocorrem tanto na agropecuária quanto, sobretudo, nos produtos manufaturados (cerca de 90% do recuo total). Na agropecuária (30% das exportações gaúchas), apesar do bom crescimento na quantidade embarcada (28%), a queda de preço (-23,4%) acarretou queda de 1,9% no valor exportado pelo setor comparando-se com o terceiro trimestre de 2014, especialmente pela redução em valor da venda de soja em grão para a China.
A indústria de transformação contribuiu com 68,8% das vendas externas gaúchas no trimestre, alcançando um valor exportado de US$ 3,8 bilhões (retração de US$ 299 milhões). Assim, houve uma retração de 7,3% no valor exportado, com crescimento de 12,6% em volume e recuo de 17,7% em preços.
Os destaques positivos foram o crescimento de US$ 393 milhões do segmento de outros equipamentos de transporte (fruto da exportação do casco da P-67 em setembro) e de US$ 91 milhões do de celulose e papel (233% em valor), pelo recente aumento da capacidade de produção da Celulose Riograndense, instalada na cidade de Guaíba. Por outro lado, os desempenhos negativos foram observados nos segmentos mais tradicionais do Rio Grande do Sul: fumo, produtos alimentícios, produtos químicos, couros e calçados e em máquinas e equipamentos. Dos 23 segmentos exportadores do Rio Grande do Sul, apenas um não apresentou retração de preços de seus produtos (o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com aumento de 9,8%), e 14 registraram recuo nas quantidades embarcadas.
Quanto aos países de destinos dos produtos gaúchos, destacam-se China (40,2%), Estados Unidos (6,6%) e Argentina (5,6%), sobretudo o país asiático pela importação da plataforma e de 92% da soja gaúcha.
Setembro: plataforma representou 18,8% da pauta exportadora do Estado
Em setembro, as exportações do Rio Grande do Sul registraram US$ 2 bilhões, um aumento de US$ 30 milhões em relação a setembro de 2014 (aumento de 1,5% em valor, 26,7% em volume e -19,9% em preço). Tal desempenho fez com que o Estado ocupasse a segunda posição no ranking nacional, apenas atrás de São Paulo. Se fosse desconsiderada a exportação do casco da P-67, que foi contabilizada no mês, as vendas externas gaúchas recuariam 17,6%, praticamente o mesmo desempenho apresentado pelo Brasil (-17,7%), e o Estado perderias uma posição no ranking nacional. A venda do casco de plataforma de petróleo correspondeu a 18,8% das receitas de exportação. É um desempenho que supera todos os setores industriais e que é menor apenas do que a participação da soja em grão na pauta exportadora gaúcha (22%).
Já no acumulado do ano, observa-se que os preços afetam negativamente receitas das exportações. De janeiro a setembro de 2015, as vendas externas gaúchas alcançaram US$ 13,5 bilhões, um recuo de US$ 1,2 bilhão (-8,1% em valor, 8,7% em volume e -15,5% em preço). Para Torezani, “a depreciação do real frente ao dólar também contribui para o crescimento em volume, já que, como a rentabilidade em reais está elevada, o produtor pode praticar preços mais competitivos”, analisa.
Acesse a íntegra dos dados