Em 2015, a taxa de desemprego total chegou a 8,7%, contra 5,9% no ano anterior. O aumento de 47% representa a maior elevação de um ano para outro desde o início da série histórica da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA), em 1993. Os dados do desempenho anual do mercado de trabalho foram apresentados nesta quarta, 27, na FEE.
O mercado de trabalho regional apresentou comportamento muito adverso, na comparação com o ano anterior. Em 2014, eram 113 mil pessoas desempregadas. O número saltou para 169 mil pessoas, um incremento de 56 mil pessoas desempregadas em um ano.
Os dados revelam os segmentos em que o desemprego mais aumentou. Se na média o aumento do desemprego chegou a 47,5 %, entre os homens a taxa alcançou 55,6%. Já entre as pessoas com 40 anos ou mais e entre os chefes de domicílio, a elevação das taxas de desemprego chegou a 78,6% e 78,8% respectivamente. “Os mais atingidos foram os mais experientes, os chefes de família, provavelmente com rendimentos mais altos. Diferente de outros anos em que os jovens eram o contingente mais afetado. A hipótese que nos ocorre é que o ajuste começou por quem ganha mais”, aponta o estatístico Rafael Caumo, coordenador da PED na FEE.
O nível ocupacional evidenciou retração de 1,7%, com a perda de 31 mil postos de trabalho. As posições mais atingidas foram os assalariados sem carteira (redução de 11,7%) e autônomos (redução de 8,7%). A posição na ocupação que revelou crescimento foi a do emprego doméstico, com aumento de 2,2%.
Os setores da atividade econômica com maior redução na ocupação foram a indústria de transformação (menos 11 mil, ou -3,6%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 22 mil, ou -6,2%) e construção (menos 6 mil, ou -4,7%).
O rendimento médio real dos ocupados também teve acentuada redução em 2015.A renda média de ocupados e assalariados era, em 2014, de R$ 2.093 e R$ 2.048, respectivamente. Em 2015, passou para R$ 1.923 e R$ 1.880,reduções de 8,1% e 8,2%, respectivamente, interrompendo uma série de aumentos reais na renda média do total de ocupados que se verificava desde 2005.
“Os números foram ruins nos três principais indicadores, desemprego, nível de ocupação e rendimentos, sugerindo ruptura de um ciclo de melhorias que vinha sendo observado desde 2004, tamanha a deterioração que esses indicadores sofreram em 2015”, observa Rafael Caumo.
A redução foi generalizada por todos os setores de atividade e posições na ocupação. O aumento do desemprego na RMPA foi o maior entre as regiões metropolitanas pesquisadas pela PED. E as perspectivas para 2016 não são otimistas. “As perspectivas do mercado de trabalho para este ano são muito difíceis. A tendência é de uma continuidade da piora. Dada a conjuntura, a expectativa é pouco promissora”, analisa o economista da FEE Raul Bastos.
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Sandra Bitencourt
Jornalista