A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulgou nesta terça-feira (21) a Carta de Conjuntura FEE. Publicada desde maio de 1991, é uma publicação mensal, que tem por objetivo analisar as questões mais importantes da conjuntura econômica nacional e regional.
No texto de abertura, o Economista Roberto Rocha, Coordenador do Núcleo de Contas Regionais, aborda o Comportamento das atividades econômicas no RS a partir da crise de 2008 , cotejando-as com o desempenho no Brasil, e apresentando algumas sugestões de interpretação para os fenômenos observados. As atividades da agropecuária, das indústrias de transformação, da construção e do comércio integram a análise.
Segundo Roberto Rocha, o desempenho do PIB no RS foi sustentando pela construção e o comércio até 2014. A transformação ficou estagnada em um nível inferior ao pico pré-crise até 2014, caindo a partir daí. A agropecuária manteve tendência de crescimento. “A deterioração do saldo de transações correntes em 2013, fruto principalmente da queda dos preços das commodities e do aumento das importações, e as respostas de política a partir disso podem explicar a reversão dos fatores que sustentaram o PIB até 2014, tanto no Brasil quanto no RS.”, pondera Roberto.
Para o pesquisador, fica claro que, independente das políticas adotadas no período, o comportamento da indústria de transformação nacional e os determinantes da formação dos preços internacionais são elementos estruturais para o entendimento dos impactos da crise no Brasil e no RS.
Entenda mais sobre Comportamento das atividades econômicas no RS a partir da crise de 2008.
Já no texto Evolução da produção e da ocupação na agropecuária gaúcha 2006-2015, o economista Vanclei Zanin, Supervisor do Centro de Estudos Econômicos e Sociais da FEE, reforça a importância da agropecuária no PIB gaúcho e sinaliza que o desempenho do setor primário é que diferencia o comportamento do PIB estadual em relação à média nacional. No biênio 2015-2016, por exemplo, a agropecuária teve crescimento (6,99%) enquanto setores como Indústria (-14,56%), Serviços (-3,8%) e Valor Adicionado Bruto total (-5,32%) decresceram, devido à forte crise.
Para Vanclei Zanin, esse crescimento ocorre pelo aumento da produtividade, o que reforça a necessidade de compreender como o setor trabalho no setor vem evoluindo. “A escassez de pesquisas censitárias faz com que se utilizem dados, sobretudo do emprego formal ou celetista, advindos da RAIS e CAGED do Ministério do Trabalho e Emprego para acompanhar o desempenho mais atual do setor. Ocorre que isso tem limitações, já que o último Censo Agropecuário realizado no Brasil ocorreu em 2006”, pondera o economista.
Na Carta de Conjuntura FEE de novembro, Zanin salienta que, a partir do censo de 2006 e para inferir a evolução da ocupação na agropecuária gaúcha e nacional, as pesquisadas utilizam os dados da RAIS e da PNAD. Paradoxalmente, essas fontes mostram tendências divergentes para o emprego formal: enquanto a RAIS indica um crescimento, a PNAD mostra queda desse emprego na agropecuária gaúcha.
Segundo o pesquisador, “a redução do emprego total com aumento, ainda que relativo, da ocupação formal é algo a se esperar pelo contínuo processo de modernização da agropecuária, com aumento do uso de máquinas, sementes e pacotes tecnológicos que, se por um lado, reduzem a mão-de-obra empregada por unidade de área cultivada, por outro, acentuam a demanda por mão de obra mais qualificada e, em geral, formalizada, para desempenhar a atividade”.
Saiba mais sobre o tema e sobre outros fatores que contribuem para a redução do emprego total com aumento da ocupação formal – e formas para se apropriar ainda mais do aumento da produtividade da agropecuária gaúcha – na íntegra do texto aqui.
Outros temas da Carta de Conjuntura de novembro:
Consumo e investimento: avaliando as previsões do Banco Central do Brasil para o ano 2017 – Fernando Maccari Lara
O novo Federal Reserve de Trump e a indicação de Jerome Powell – André Luís Forti Scherer
Expansão de matrículas e massificação do Ensino Superior no Brasil – Lívio Oliveira
Existência de plano diretor nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas no Rio Grande do Sul – Ricardo César Gadelha de Oliveira Júnior
Zoneamento Ambiental da Silvicultura gaúcha: uma década de aprendizado – Túlio Antônio de Amorim Carvalho
Anelise Rublescki – Jornalista FEE