Carta de Conjuntura traz entre os destaques as expectativas inflacionárias e a desistência no ensino superior gaúcho

A Carta de Conjuntura de fevereiro foi lançada nesta terça-feira, 20, na FEE.

Os pesquisadores Bruno Paim e Gisele Ferreira apresentam a Carta de Conjuntura de fevereiro

Dentre os destaques, está a análise feita pelo economista Bruno Paim Expectativas Inflacionárias e Política monetária. De acordo com o pesquisador, apesar de a inflação ser um indicador que chama muito a atenção da imprensa e do público, o principal instrumento em posse do Banco Central do Brasil (BC) para administrar a variação dos preços é a taxa básica de juros. Em patamar elevado desde julho de 2015 (14,25%), a taxa básica passou a 7% em dezembro de 2017, com a justificativa de  produzir o arrefecimento da inflação (reduzida de 10,7% em 2015 para 2,95 em 2017 ) e responder à baixa atividade econômica, que acumulou 11 trimestres consecutivos de queda. O Banco Central considera a redução da inflação e a ancoragem das expectativas como elementos de sucesso na condução da política monetária recente. No entanto, Bruno Paim aponta dois componentes da inflação com relevante influência individual sobre o índice de preço, mas que não estão sujeitos aos efeitos da política monetária, os preços dos alimentos dos combustíveis e energia. “Faz-se necessário perguntar se, dada a volatilidade do preço dos alimentos e dada a autonomia na administração dos preços de combustível e energia, estes deveriam influenciar de forma tão profunda a administração da taxa básica de juros, indaga o pesquisador. O economista destaca ainda que o pico de inflação em 2015 se deveu em grande medida a fatores exógenos à condução da política monetária, o que leva a questionar se não foi excessiva a elevação dos juros na proporção praticada e desnecessários os efeitos recessivos sobre o restante da economia. “Da mesma forma, atribuir parcela importante da queda da inflação à firmeza na condução da política monetária parece tentar atribuir ao subjetivo e expectacional uma queda cujas fontes são bem identificáveis e que, em certo grau, independeu da postura dos atuais dirigentes do BC”, completa Paim.

Outro destaque da Carta de Conjuntura é o texto Taxa de Desistência no Ensino Superior Gaúcho Atinge 64,1% da Pesquisadora em Estatística da FEE  Gisele da Silva Ferreira. Gisele utiliza os Indicadores de Fluxo da Educação Superior, publicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) a partir dos dados do Censo da Educação Superior. As informações analisadas sobre os cursos oferecidos nas instituições de ensino superior brasileiras são a taxa de permanência (percentual de alunos com vínculo ativo, cursando ou trancado), taxa de conclusão acumulada (percentual de alunos que se formaram no curso) e taxa de desistência acumulada (percentual de estudantes que, ingressando em 2010, desistiram do curso).

Entre 2010 e 2015, as instituições de ensino superior do RS apresentaram uma taxa de conclusão acumulada de 24,5% e uma taxa de desistência acumulada de 64,1%. As maiores taxas de permanência estão entre os cursos presenciais (15,6% em 2015). Já os cursos à distância exibem as maiores taxas de conclusão acumulada (26,1%) e também de desistência acumulada (73,1%). As taxas de conclusão acumuladas das instituições públicas foram 63% maiores do que as privadas, ao mesmo tempo em que as taxas de desistência acumulada das privadas foram 37% maiores do que as públicas.

Os cursos da área de serviços (ciência aeronáutica, gastronomia, gestão ambiental, turismo, hotelaria, transportes, saúde e segurança no trabalho, etc.) aparecem com as mais elevadas taxas de conclusão acumulada em 2010-15, enquanto os cursos das áreas de engenharia, produção e construção apresentam as mais baixas. “As menores taxas de desistência acumulada foram registradas nos cursos ligados à agricultura e veterinária, já as mais elevadas, em ciências, matemática e computação”, aponta Gisele.

Compõem ainda esta edição da carta de Conjuntura os seguintes textos:

 Evolução da contribuição para a Previdência Social entre os ocupados na RMPA – 2010-2017, Jorge Augusto Silveira Verlindo, Sociólogo da FEE

Ciclos na economia gaúcha: em busca de fatos estilizados– Fernando Cruz, pesquisador em Economia da FEE

Indústria brasileira e gaúcha: que recuperação é essa? Clarisse Chiappini Castilhos,Pesquisadora em economia da FEE

Lei de Acesso à Informação e dados abertos: possibilidades e desafios a partir da experiência federal– Ana Júlia Possamai, Pesquisadora em Ciência Política da FEE, e Vitoria Gonzatti de Souza, Bolsista de iniciação científica da FAPERGS

Desigualdades sociodemográficas maternas e o Pré-natal inadequado– Marilyn Agranonik,  Pesquisadora em Estatística da FEE

 

Sandra Bitencourt- Jornalista