A primeira carta de conjuntura de 2015 foi apresentada em coletiva para imprensa na manhã desta terça-feira, 20, no auditório da FEE. De acordo com a editora responsável pela publicação, Cecília Hoff, os textos começaram a ser elaborados ainda em dezembro do ano passado e trazem diferentes temas. Na coletiva são destacadas as análises da capa e contracapa, com a presença dos autores dos estudos.
O economista Augusto Pinho de Bem apresentou o texto de capa, Da crise financeira ao “novo normal”, no qual investiga se ainda persiste uma crise financeira mundial, tendo sido já superados os momentos mais críticos a partir das mudanças bruscas em 2007. Para o economista, as circunstâncias continuam difíceis. “Houve grande desaceleração se compararmos os seis anos precedentes com os seis anos seguintes a 2007. Este último período teve metade do crescimento. Se de 2011 a 2007 o desempenho econômico foi muito bom, com valorização dos ativos e crédito farto, de 2007 para cá houve uma grande desaceleração”, pondera o economista. O atual cenário, segundo a análise, é de incerteza. Embora os piores momentos tenham sido superados, há estagnação de commodities, crescimento baixo, menor intensidade no comércio internacional e maior desemprego, principalmente na Europa.
Na contracapa, o sociólogo Guilherme G. de F. Xavier Sobrinho apresenta o texto O desemprego está sendo contido pela inatividade? O autor busca responder se entre os fatores que determinam a manutenção do desemprego em patamares baixos é preponderante o recuo da taxa de participação. Essa taxa é a proporção da População em Idade Ativa (PIA) que efetivamente toma parte do mercado de trabalho, independentemente de estar ocupada ou desempregada. O economista conclui que a partir de um exercício de simulação nos últimos dois anos é possível responder positivamente à questão proposta. “Se fosse aplicado à PEA (População Economicamente Ativa) o mesmo crescimento demonstrado pela PIA e se fosse mantido constante o estoque de ocupação efetivamente registrado em 2014, a taxa de desemprego neste último ano ascenderia de 4,8% para 7,4%”, explica. Contudo, tal evidência é interpretada com ressalvas no texto, reconhecendo que se deve considerar o período ainda curto em que se observa essa redução e que é “necessário atentar para o substrato demográfico que informa esse movimento e sinaliza mudanças antes estruturais do que conjunturais”, conclui.
Os outros textos da Carta de Conjuntura são A trajetória recessiva da indústria calçadista (Bruno Paim), As exportações gaúchas e brasileiras para Cuba (Guilherme Risco), Os municípios gaúchos com os maiores ganhos de participação no PIB (Vinícius Fantinel), A inclusão produtiva no Plano Brasil Sem Miséria (Isabel Rückert) e Trabalhadores de baixos salários na Região Metropolitana de Porto Alegre (Raul Luís Assumpção Bastos).
A Carta de Conjuntura completa pode ser acessada no link: http://carta.fee.tche.br/numero-atual/?issue=ano-24-numero-01. Neste outro link, o economista Augusto de Bem explica os principais aspectos abordados em seu estudo.