Carta de Conjuntura FEE traz análise do mercado de trabalho e da política econômica

Em 2015, o desempenho negativo do mercado de trabalho foi condicionado pelo ambiente de recessão da economia, com uma retração de 3,8% do PIB do Brasil (IBGE) e de 3,4% do PIB do Rio Grande do Sul (FEE). “É um recuo que interrompe uma trajetória de onze anos de avanços, que inclui redução do desemprego e das desigualdades de renda e aumento do rendimento médio real”, analisa a pesquisadora em Economia da Fundação de Economia e Estatística, Iracema Castelo Branco. Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (16), na apresentação da Carta de Conjuntura FEE de junho.

mesa carta junho

Economistas da FEE Iracema Castelo Branco, Bruno Paim e Fernando Lara na divulgação da Carta de Conjuntura

Em Avanços e recuos no mercado de trabalho na RMPA, Iracema Castelo Branco evidencia que a taxa de desemprego caiu de 15,9% em 2004 para 5,9% em 2014, voltando a subir, em 2015, para 8,7% da População Economicamente Ativa na Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA). Já o rendimento médio real dos ocupados, que cresceu 21,5% de 2004 a 2014, sofreu redução de 7,5% em 2015. Os indivíduos com menor nível de instrução foram os mais beneficiados com o ciclo de recuperação da renda iniciado em 2004, resultado que foi influenciado pela valorização do salário mínimo e pelo padrão de crescimento da economia brasileira, baseado no consumo das famílias, ampliado pelo crédito e pela política de transferência de renda em um cenário externo favorável.

No outro texto em destaque, o economista Fernando Maccari Lara questiona se Todos perderam com a recessão em 2015?

Lara analisa como foram, efetivamente, as interações ente taxa de câmbio, margens de lucro e salários ao longo do ano de 2015. Os dados sinalizam que a taxa nominal de câmbio desvalorizou cerca de 47% ao longo do ano. Em conjunto com o ritmo de crescimento dos salários nominais e com alguns relevantes realinhamentos de tarifas e preços administrados, isto resultou em taxa de inflação de 10,7% no ano, quatro pontos percentuais superior à inflação de 2014. Ainda que tenha sido uma elevação significativa da taxa de inflação, seu nível foi bem inferior à variação do câmbio nominal, implicando em expressiva desvalorização real do câmbio, pondera o pesquisador.  No mercado de trabalho houve, efetivamente, significativa elevação da taxa de desemprego, por consequência da recessão na demanda agregada e na produção. De acordo com o levantamento anual do DIEESE sobre as negociações salariais de 2015, tal contexto contribuiu decisivamente para que o resultado tenha sido o mais desfavorável aos assalariados desde 2004, conforme abordado também por Iracema Castelo Branco.

No cerne do questionamento de Fernando Lara, o autor inverte a lógica e analisa que –  se uma taxa de câmbio valorizada constitui obstáculo para que as empresas consigam repassar aos preços os aumentos de custos salariais, reduzindo deste modo as margens de lucro – como se poderia descrever essa dinâmica quando, ao contrário, o câmbio desvaloriza e os rendimentos reais do trabalho caem?

Outros temas da Carta de Conjuntura de junho:

Os indivíduos com menor nível de instrução foram os mais beneficiados com o ciclo de recuperação da renda de 2004-2014, diminuindo a desigualdade http://goo.gl/NBeukz

Indústria de fumo gaúcha tem desempenho positivo no 1º trimestre http://goo.gl/EGzbZp

Gravidez adolescente: breves considerações e a situação no RS e no Brasil em 2014 http://goo.gl/tXTJ84

Condições de Vida em Porto Alegre http://goo.gl/KV2ATS

Inovação inclusiva FEE: o quê é e por que é importante falar nisso? http://goo.gl/aE9d63

Os árduos caminhos do crescimento sustentado http://goo.gl/4DxPvs

 Uma Ponte para o Futuro: o que está por vir? http://goo.gl/f4FLjh

Acompanhe as notícias também no nosso Twitter e no Facebook.

Anelise Rublescki

Jornalista