A última edição de 2017 da Carta de Conjuntura foi lançada nesta quarta-feira, 27, na FEE. Dentre os destaques está a análise feita pela economista Cecília Hoff “O que dizem as diferentes bases estatísticas sobre a recuperação do emprego em 2017”. Para Cecília, apesar das incertezas do primeiro semestre sobre a recuperação da economia, no terceiro trimestre o desempenho do PIB e dos principais indicadores de atividade parece assentar-se sobre bases mais sustentáveis. Mas a pesquisadora alerta: “ainda não necessariamente potentes para induzir uma aceleração da retomada, como a retomada cíclica do investimento e a expansão do consumo associada ao aumento do emprego e da massa de rendimentos reais”. Segundo a PED, no trimestre encerrado em outubro 1,85 milhão de pessoas faziam parte da força de trabalho da RMPA, das quais 1,63 milhão encontravam-se ocupadas e 222 mil desempregadas (taxa de desemprego de 12,0%). Houve redução na ocupação de janeiro a outubro, sobretudo no setor público (menos 31 mil ocupados) e no setor privado com carteira (menos 14 mil ocupados). Segundo a economista, se o mercado de trabalho for olhado por diferentes ângulos, os sinais são de relativa melhora em 2017, embora o aumento da ocupação ainda esteja longe de recuperar as perdas dos anos anteriores. “Em conjunto com a queda da taxa de juros e com a melhora das condições de crédito, a ampliação do emprego e da renda teria potencial para dar tração ao processo de recuperação do consumo e de utilização da capacidade ociosa da economia”, avalia Cecília. Embora a análise mostre mais otimismo, a economista tem cautela ao avaliar a qualidade do mercado laboral: “o tipo de ocupação que está sendo gerada não parece consistente para, ao lado do crédito, balizar uma aceleração do crescimento com base no consumo. Mostra-se, apenas, consistente com a hipótese de recuperação lenta da economia”, defende.
Outro destaque da Carta de Conjuntura, elaborado pela pesquisadora em economia Clarissa Black, traz a seguinte questão: desaceleração cíclica ou estrutural no comércio mundial? Nesse texto, Clarissa propõe um debate em torno das razões cíclicas e/ou estruturais para a desaceleração do comércio mundial no período 2012-2016 e responde que há relevância de ambas as razões para explicar o desempenho. “O principal desafio consiste em quantificá-los e hierarquizá-los, o que faz com que o debate permaneça em aberto. Diante disso, torna-se importante ponderar acerca dos limites de interpretação que podem decorrer a partir da separação didática das possíveis razões para a desaceleração do comércio em cíclicas ou estruturais. Isso porque, os elementos considerados cíclicos podem ter uma dimensão estrutural para o comércio, e vice-versa”, explica a pesquisadora.
Compõem ainda esta edição da carta de Conjuntura os seguintes textos:
- A problemática descentralização das receitas no Brasil, do pesquisador em economia Alfredo Meneghetti
- Propriedade industrial: um breve perfil dos depósitos e das concessões de patentes no Brasil e no RS, da pesquisadora em economia Fernanda Sperotto
- O “Mal do Para-Choque”: violência no trânsito gaúcho, dos pesquisadores Renato Antônio Dal Maso e Augusto Neftali Corte de Oliveira.
- A tomada das ruas pelas motos e os custos sociais da mobilidade, do pesquisador em economia Ricardo Brinco
- Quem elabora as estatísticas e as análises socioeconômicas nos Estados Unidos?, do pesquisador em Assuntos Internacionais da FEE Bruno Mariotto Jubran
Confira as fotos da divulgação.
Sandra Bitencourt – Jornalista