Agronegócio gaúcho registra queda no emprego e estabilidade nas exportações no segundo trimestre

No segundo trimestre do ano, o agronegócio gaúcho registrou a perda de mais de 14 mil postos de trabalho e as exportações do setor totalizaram mais de 3,5 bilhões de dólares. É o que indicam os dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Núcleo de Estudos do Agronegócio da FEE.

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Sérgio Leusin Jr. (E) e Rodrigo Feix apresentam o desempenho do agronegócio gaúcho

No segundo trimestre de 2016, foi registrado um saldo negativo de 14.017 postos de trabalho com carteira assinada no agronegócio do RS. Essa é a diferença entre o número de admissões (33.127) e de desligamentos (47.144) de trabalhadores formais celetistas nas atividades que compõem o setor. O desempenho desse período foi o oposto do registrado no primeiro trimestre, quando houve saldo positivo de mais de 20 mil empregos no agronegócio. “Enquanto no primeiro trimestre do ano o Estado liderou a criação de vagas no agronegócio, no segundo trimestre o RS registrou a maior perda de postos de trabalho no País. No Brasil, foram criados mais de 90 mil empregos com carteira assinada no setor durante o segundo trimestre de 2016”, avalia o economista da FEE Rodrigo Feix.

Esse desempenho já era esperado pelos pesquisadores, pela própria sazonalidade das culturas do Estado. “Esse é um movimento característico do setor, em razão do encerramento da safra de verão. Nos primeiros meses do ano, as admissões crescem acentuadamente. Já no segundo e terceiro trimestres, reduz-se a demanda por mão de obra e os desligamentos passam a superar as admissões, o que explica os saldos negativos no período”, pontua Feix.

Apesar dessa ressalva, o pesquisador pondera que a perda de postos de trabalho no agronegócio gaúcho no segundo trimestre foi superior à observada em 2015. O que ajuda a explicar essa diferença é o desempenho do segmento “depois da porteira”, constituído principalmente de atividades agroindustriais e que responde por aproximadamente 2/3 do total do emprego celetista do agronegócio gaúcho. “Nesse segmento houve perda de cerca de 7 mil postos de trabalho entre abril e junho deste ano, enquanto a perda no ano passado havia sido de 4 mil empregos. Os setores mais afetados foram os de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais, de moagem e fabricação de produtos amiláceos, de fabricação de produtos do fumo e de abate e fabricação de produtos da carne”, exemplifica.

Os dois municípios com maiores perdas de emprego no segundo trimestre foram Vacaria e Santa Cruz do Sul. Os saldos de Vacaria e Bom Jesus resultam, sobretudo, da desmobilização da mão de obra temporariamente ocupada na colheita da safra da maçã e da redução de admissões nessa atividade. Em Santa Cruz do Sul, a perda de empregos é derivada do saldo negativo na indústria do fumo. A perda de empregos em Não-Me-Toque concentrou-se na atividade de fabricação de máquinas e equipamentos agropecuários.

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Exportações do agronegócio: mais de 70% das vendas externas do RS

As exportações do agronegócio gaúcho totalizaram US$ 3,562 bilhões no segundo trimestre de 2016, valor que corresponde a 72,8% das vendas externas totais do Estado. Na comparação com igual período de 2015, o valor exportado apresentou leve alta de 0,2%, registrando crescimento de 6,0% em volume e queda de 5,5% nos preços. O economista da FEE Sérgio Leusin Jr. avalia que historicamente o segundo e terceiro trimestres concentram aproximadamente 2/3 das exportações totais do agronegócio gaúcho. “Esse resultado é explicado pela dinâmica das vendas de grãos, sobretudo da soja, colhidos na safra de verão”, afirma.

Os cinco principais setores exportadores no período foram soja, carnes, fumo e seus produtos, produtos florestais e couros e peleteria. Os destaques negativos ficam por conta dos setores de cereais, farinhas e preparações e do complexo soja. “Grande parte do movimento no setor de cereais, farinhas e preparações é explicado pela queda nas exportações de trigo, produto com maior retração nas vendas do período. As exportações do trigo se concentram tradicionalmente no primeiro e, em menor grau, no último trimestre de cada ano”, explica Leusin. O pesquisador avalia que, apesar da redução da área plantada em 2016, as condições climáticas estão contribuindo para a melhora no rendimento por hectare e o crescimento da produção do cereal. “Se esse quadro for confirmado, o volume embarcado de trigo poderá crescer no segundo semestre”, projeta.

Em relação à soja, os dados revelam queda no valor exportado de todos os seus produtos (grão, farelo e óleo), mas foi o óleo de soja o principal responsável pelo desempenho do setor. No caso da soja em grão, apesar da queda em valor verificada no trimestre, foram exportadas 5,1 milhões de toneladas no acumulado do ano, quantia 3,2% maior que no mesmo período do ano passado. Leusin pondera que ainda são esperados para esse ano o embarque de aproximadamente mais cinco milhões de toneladas e então a projeção é de um pequeno crescimento do volume exportado de soja em grão em 2016. “A safra de soja deste ano é estimada em 16,3 milhões de toneladas, quantidade 3,8% superior à de 2015. Tendo em vista que nos últimos anos aproximadamente 60% da safra foi exportada sem processamento e o movimento dos embarques no primeiro semestre”, aponta.

Os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho no segundo trimestre foram China, União Europeia, Irã, Estados Unidos, Coreia do Sul, Paquistão e Rússia. Esses sete destinos responderam por 73,3% das exportações gaúchas do agronegócio.

Confira os dados completos.

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Gisele Reginato – Jornalista