“As perspectivas acerca do futuro da educação gaúcha não são alentadoras”, afirma o economista e pesquisador da FEE Thomas Kang, em análise divulgada na Carta de Conjuntura da FEE de outubro. O estudo toma por base o relatório Education at a glance, publicado anualmente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), trazendo informações de países membros e de outros países parceiros, tais como o Brasil.
Na edição de 2016, com dados de 2014, o relatório constata que o piso salarial para os professores da educação básica no Brasil (US$ 12.337 por ano, corrigidos por paridade de poder de compra) é menor que a metade do piso salarial dos professores do ensino primário dos países da OCDE (US$ 29.863). “Como esses países são ricos, isso poderia não ser um problema. Entretanto, mesmo em relação a seus pares, o piso salarial brasileiro é baixo: ele é menor do que em países como Chile (US$ 17.250), Colômbia (US$ 13.885) e México (US$ 17.041)”, pondera Kang.
Kang destaca que, devido à crise financeira, os professores gaúchos iniciantes não recebem sequer o piso nacional, o que tende a prejudicar a opção pela carreira. “A desvalorização da carreira influencia negativamente as decisões profissionais dos pretendentes mais capacitados à docência, levando à queda da qualidade da educação no longo prazo, embora haja um plano de carreira e alguns professores recebam pagamento extra por difícil acesso à escola, por exemplo”.
Quando se observa o ensino superior, os dados da OCDE mostram outra realidade. Os professores titulares (topo da carreira) do ensino superior nas universidades federais brasileiras recebem valores semelhantes aos pagos a professores titulares em países nórdicos: US$ 75.837 ao ano no Brasil, em comparação a US$ 80.012 na Finlândia, US$ 73.322 na Noruega e US$ 81.039 na Suécia. Na análise do pesquisador, “Isso parece ser outro problema, na medida em que a renda em países como Suécia e Finlândia é aproximadamente cinco vezes maior do que a brasileira”.
Saiba mais sobre os fatores que influenciam os salários dos professores na análise completa de Thomas Kang aqui.