Crescimento da taxa de desemprego, retração do nível ocupacional e diminuição de 59 mil pessoas ocupadas caracterizaram o mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre, em 2017. O rendimento médio real dos ocupados e dos assalariados também manteve trajetória de redução, como já havia sido verificado nos dois anos anteriores. O informe anual da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-RMPA) foi apresentado nesta quarta-feira, 31, na Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Os dados da PED mostram que a taxa de participação diminuiu de 53,1% em 2016 para 51,5% em 2017, o menor nível de toda a série histórica da Pesquisa. A taxa de desemprego total aumentou para 11,2% da PEA em 2017, frente aos 10,7% do ano anterior. O contingente de desempregados teve pequeno acréscimo de 3 mil pessoas, sendo estimado em 205 mil indivíduos. De acordo com a pesquisadora da FEE, Iracema Castelo Branco, esse resultado deveu-se à redução do nível ocupacional (menos 58 mil pessoas, ou -3,4%) ter sido superior à saída de pessoas do mercado de trabalho (menos 55 mil pessoas, ou -2,9%).
O nível de ocupação na RMPA repetiu movimento descendente, com a estimativa de 1.628 mil trabalhadores em 2017 (redução de 58 mil pessoas, ou -3,4%). Esse é o quarto ano consecutivo de retração no contingente de ocupados. No que diz respeito aos principais setores de atividade econômica, houve grande redução no setor de serviços (menos 73 mil, ou -7,7%). Os demais setores apresentaram acréscimos em seus níveis ocupacionais: indústria de transformação (mais 4 mil, ou 1,5%), construção (mais 2 mil, ou 1,7%) e comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 7 mil, ou 2,1%).
Segundo a posição na ocupação, a retração do nível ocupacional deveu-se à diminuição do emprego assalariado (menos 58 mil, ou -4,9%), determinada pela redução no setor privado (menos 30 mil, ou -3,0%) e no setor público (menos 28 mil, ou -14,5%). No âmbito do setor privado, houve retração do assalariamento com carteira assinada (menos 21 mil, ou -2,3%), pelo segundo ano consecutivo, e do sem carteira assinada (menos 9 mil, ou -9,7%). Em relação aos demais contingentes, observou-se aumento entre os trabalhadores autônomos (mais 9 mil, ou 3,9%) e empregados domésticos (mais 5 mil, ou 5,4%) e redução para o agregado demais posições (menos 14 mil, ou -7,9%), que inclui empregadores, donos de negócio familiar, trabalhadores familiares sem remuneração, profissionais liberais, etc.
O rendimento médio real do trabalho na RMPA, em 2017, apresentou queda para os ocupados (-3,7%) e para os assalariados (-1,1%). O rendimento médio real passou a corresponder a R$ 1.900, e o salário médio real, a R$ 1.910, sendo estes os menores valores desde o início da série, em 1993 (Tabela D).
Em 2017, houve redução, pelo quarto ano consecutivo, da massa de rendimentos reais dos ocupados (-7,0%) e dos assalariados (-6,0%). Em ambos os casos, esse comportamento foi determinado tanto pela redução dos rendimentos reais quanto do nível de ocupação.
Jornalista Sandra Bitencourt