Embarques recordes dos dois produtos contribuíram para o desempenho positivo no semestre, além da elevação das receitas das vendas de produtos manufaturados
No 1.° semestre de 2017, as exportações do Rio Grande do Sul totalizaram US$ 8,299 bilhões, um crescimento de US$ 599,5 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior (alta de 7,8%). O resultado positivo, na esteira da baixa base de comparação, deu-se pelo crescimento tanto do volume embarcado ao exterior (1,9%) quanto dos preços médios dos produtos exportados (5,7%). Foi registrado recorde histórico de volume embarcado ao exterior (11,783 milhões de toneladas), além de as receitas auferidas em dólar e os preços médios terem voltado a crescer após três anos. Mesmo assim, o RS permaneceu na quinta colocação do ranking dos principais estados exportadores, com 7,7% das vendas externas brasileiras.
Em termos de fator agregado, houve um avanço da participação das vendas de produtos manufaturados (de 35,9% em 2016 para 40,4% em 2017) em detrimento da redução das receitas provenientes das vendas de produtos básicos (de 53,0% para 49,9%) e de semimanufaturados (de 10,3% para 8,9%). Já os principais produtos exportados pelo Estado em 2017 até agora foram: soja em grão (25,2%), carne de frango (6,5%), polímeros (6,3%), fumo em folhas (5,2%) e farelo de soja (4,4%). Contudo, embora quatro desses cinco produtos refiram-se a produtos básicos, a categoria que apresentou o maior crescimento, em valor, volume ou preço, foi a dos manufaturados.
Do crescimento de US$ 599,5 milhões das receitas exportadoras do Estado, as vendas de manufaturados contribuíram com US$ 593,6 milhões (alta de 21,5% em valor, 6,9% em volume e 13,6% em preço), seguida dos básicos (aumentos de US$ 56,1 milhões, 1,4% em valor, 3,2% em volume e queda de 1,8% em preços) e com uma redução de US$ 53,5 milhões nas vendas de produtos semimanufaturados (-6,7% em valor, -5,1% em volume e -1,7% em preços).
O principal destaque do grupo manufaturados foram as exportações de automóveis de passageiros, as quais cresceram US$ 162,5 milhões (109,1% em valor e 125,0% em volume). Foram embarcadas 38.463 unidades de automóveis, um recorde para um 1.° semestre. Desse total, 69,0% das unidades foram destinadas à Argentina, e praticamente todas as demais (com exceção de duas) foram exportadas para países sul-americanos (Chile, Uruguai, Colômbia, Peru, Paraguai e Bolívia). Desses países, os que mais elevaram suas encomendas em relação a 2016 foram Argentina (mais 12,7 mil automóveis), Chile (aumento de 5,1 mil) e Uruguai (mais 2,1 mil). Esses resultados são consequência de acordos automotivos estabelecidos desde 2015 no âmbito do Governo Federal com países da América Latina, além de se configurar em uma alternativa ao baixo dinamismo do mercado interno. Em 2017, o Rio Grande do Sul respondeu por 9,6% das exportações brasileiras de automóveis, atrás de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.
Embora os manufaturados tenham registrado o maior crescimento das receitas, em virtude do bom resultado das vendas de automóveis, além de hidrocarbonetos (altas de US$ 104,0 milhões, 117,6% em valor e 27,5% em volume) e máquinas agrícolas (aumentos de US$ 50,8 milhões; 88,2% em valor e 67,3% em volume), o produto que gerou o maior crescimento em receitas no semestre foi a soja em grão, com um aumento de US$ 180,4 milhões em relação ao 1.° semestre de 2016 (mais 9,4% em valor e 9,1% em volume).
Em 2017, foram embarcadas 5,596 milhões de toneladas de grãos de soja, batendo o recorde histórico que tinha sido atingido em 2016. Em realidade, esse recorde de embarques do grão vem sendo quebrado, sucessivamente, desde 2013. Apesar dos recordes nos embarques, a receita auferida em dólar (US$ 2,092 bilhões) não foi maior do que a de 2014, ano em que o preço do grão no mercado internacional ainda estava em um patamar muito elevado, antes do fim do boom das commodities. O Rio Grande do Sul contribuiu com 12,5% das receitas da venda brasileira de soja, atrás de Mato Grosso e Paraná. O destino da soja gaúcha é predominantemente a China: em 2017, foi registrado o recorde de vendas para o gigante asiático (5,2 milhões de toneladas), representando 93% de toda a soja vendida até agora, proporção recorde para um primeiro semestre. Todavia as receitas das vendas de soja para a China também não foram maiores do que as auferidas em 2014.
Por outro lado, os maiores recuos nas receitas exportadoras foram verificados nas vendas de fumo em folhas (US$ -123,8 milhões; -22,3% em valor e -25,5% em volume), celulose (US$ -66,7 milhões; -20,8% em valor e -11,5% em volume) e arroz em grãos (US$ -57,7 milhões; -39,1% em valor e -50,9% em volume).
Quanto aos principais destinos, destacam-se a China (27,9%), a Argentina (10,0%) e os Estados Unidos (7,7%). Em relação ao ano passado, tanto a China (mais US$ 324,3 milhões) — sobretudo pela elevação das compras de soja em grão — quanto a Argentina (mais US$ 238,3 milhões) — principalmente pela elevação das compras de automóveis — são os principais destaques, além do Chile (mais US$ 104,3 milhões), pelas compras de automóveis. Já os maiores recuos foram registrados nas vendas para o Paquistão (US$ -58,0 milhões), Venezuela (US$ -50,1 milhões) e França (US$ -48,5 milhões).