Elevadas receitas das vendas de soja em grão não foram suficientes para compensar queda nos embarques de produtos manufaturados
No mês de julho de 2016, as exportações do Rio Grande do Sul totalizaram US$ 1,734 bilhão, uma redução de US$ 92,1 milhões em relação ao mesmo mês do ano anterior (-5,1%). Tanto o volume embarcado para o exterior (-4,4%) quanto os preços médios dos produtos exportados (-0,7%) apresentaram retração. Esses resultados vêm na contramão do que foi apresentado nos dois últimos meses, isto é, crescimentos em valor e em volume, repetindo o desempenho negativo verificado em abril. Por outro lado, os preços, apesar de estarem em um patamar bem abaixo em relação a anos anteriores, caíram menos do que vinham caindo. Com o desempenho apresentado, foi auferida a menor receita em dólar para um mês de julho desde 2010.
A despeito da redução das receitas auferidas em dólar, do menor volume embarcado e da perda de uma posição no ranking dos principais exportadores (de terceiro em julho de 2015 para quarto em julho de 2016), o Rio Grande do Sul ganhou participação nas exportações nacionais (de 9,9% para 10,6%). Explicam esse resultado as exportações de duas plataformas para extração de petróleo pelo Rio de Janeiro (estado que ultrapassou o RS em 2016) e o fato de outros estados terem apresentado retrações ainda maiores que a exibida pelo Rio Grande do Sul (a retração gaúcha foi a segunda menor em valor entre os principais exportadores).
O recuo do valor exportado pelo Estado deu-se em função da retração de US$ 123,5 milhões das vendas de produtos manufaturados (-20,5% em valor, -7,0% em volume e -14,5% em preço), na medida em que foram registrados crescimentos de US$ 36,1 milhões das vendas de produtos básicos (3,4% em valor, -4,1% em volume e 7,8% em preço) e de US$ 9,2 milhões de produtos semimanufaturados (7,7% em valor, 24,5% em volume e -13,5% em preço). Com isso, a participação das exportações dos produtos básicos no total exportado pelo Estado passou para 64,3% (ante 59,1% em julho 2015), a dos semimanufaturados, para 7,5% (ante 6,6% em 2015), e a dos manufaturados reduziu-se de 33,0% para 27,6%.
O crescimento do preço médio das vendas de produtos básicos contribuiu para elevar suas receitas auferidas mesmo com embarques menores, com a soja em grão contribuindo fortemente para esse resultado. Mesmo com um recuo de 1,5% no volume embarcado do grão, as vendas com preço mais elevado (11,9%) resultaram em crescimento de US$ 65,9 milhões (10,2%) das receitas. Assim, mesmo embarcando no mês (1,671 milhão de toneladas) um pouco menos do que no ano passado (1,697 milhão de toneladas), mas com preços superiores, as receitas das vendas de soja em grão alcançaram o seu maior valor histórico para um mês de julho (US$ 712,9 milhões). As vendas da oleaginosa representaram 41,1% de tudo o que foi vendido pelo Rio Grande do Sul no mês. As vendas externas de fumo em folhas também apresentaram preços mais favoráveis e desempenho positivo (segundo produto mais exportado no mês: 8,7%), com as exportações alcançando US$ 150,8 milhões (aumento de US$ 24,9 milhões; 19,8% em valor, 7,2% em volume e 11,8% em preço). Em contrapartida, as vendas de carnes sofreram grandes reduções, sobretudo as de frango (US$ -33,3 milhões; -27,9% em valor e -18,6% em volume) e as suínas (US$ -15,1 milhões; 31,7% em valor e -14,8% em volume).
No caso do crescimento das exportações de produtos semimanufaturados, a celulose continua sendo o produto com maior dinamismo (crescimento de US$ 10,6 milhões). Apesar da base de comparação não tão depreciada quanto nos meses anteriores, suas vendas ainda apresentam grande destaque (incremento de 27,0% em valor e 48,1% em volume). Por outro lado, as vendas de couros e peles — produtos com a maior participação em julho de 2015 nos semimanufaturados, com 35,6%, à frente da celulose, com 32,7% — recuaram US$ 10,3 milhões (-23,9% em valor e -13,5% em volume), passando a representar 25,2% da pauta dos semimanufaturados em julho de 2016, atrás da celulose, com 38,5%.
Já o recuo do valor exportado dos produtos manufaturados foi puxado pela redução das vendas de polímeros plásticos (US$ -38,7 milhões; -32,9% em valor e -17,3% em volume), gasolina (US$ -22,7 milhões), que praticamente não foi exportada em 2016, e leite e creme de leite (US$ -16,2 milhões; -91,9% em valor e -91,3% em volume). Por outro lado, cresceram as vendas de ônibus (US$ 9,9 milhões; 185,3% em valor e 216,1% em volume), tratores (US$ 3,8 milhões; 28,1% em valor e 18,2% em volume) e calçados (US$ 3,6 milhões; 9,7% em valor e 24,4% em volume).
A China foi o grande destino das vendas externas gaúchas em julho, alcançando 42,1% de tudo o que foi exportado. Apenas a soja em grão representou 90,1% (US$ 660,4 milhões) das compras de produtos gaúchos pelo gigante asiático. Na sequência, aparecem Estados Unidos (7,2%), Argentina (5,1%), Bélgica (2,9%) e Espanha (2,0%). No comparativo com julho de 2015, as maiores variações positivas — e os principais produtos que contribuíram para tanto — foram observadas para China (US$ 95,4 milhões; soja em grão), Paquistão (US$ 21,4 milhões; soja em grão) e Bélgica (US$ 15,9 milhões; fumo em folha). Por outro lado, as maiores variações negativas foram registradas para Vietnã (US$ -61,6 milhões; soja em grão), Venezuela (US$ -45,5 milhões; carne de frango e leite) e Rússia (US$ -28,2 milhões; carne suína). Nesse tocante, foram observadas reduções expressivas das vendas gaúchas para o Vietnã (-88,9% em valor e -89,0% em volume), a Venezuela (-86,3% em valor e -84,7% em volume) e, em menor intensidade, para a Rússia (-53,5% em valor e -40,5% em volume), destinos estes tradicionais dos produtos do Estado.
Acumulado do ano: mesmo com redução dos embarques, Estado figura como o terceiro maior exportador brasileiro
No acumulado de janeiro a julho de 2016, as exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 9,433 bilhões, um recuo de US$ 442,1 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior (-4,5% em valor, aumento de 6,1% em volume e -10,0% em preço). Mesmo com o recuo em valor, o estado gaúcho ganhou uma posição no ranking nacional por conta do recuo ainda maior das vendas externas do Rio de Janeiro. Os principais produtos exportados em 2016 foram soja em grão (27,8%), fumo em folhas (7,5%), polímeros plásticos (6,5%), carne de frango (6,5%) e farelo de soja (5,1%). As maiores variações positivas em 2016, no comparativo com 2015, foram nas vendas de celulose para a China (US$ 121,4 milhões), de soja em grão para o Paquistão (US$ 104,4 milhões) e de soja em grão para o Irã (US$ 53,7 milhões). Por outro lado, as maiores variações negativas foram observadas nas vendas de soja em grão para o Vietnã (US$ -82,9 milhões), de trigo em grão para Bangladesh (US$ -82,7 milhões) e de carne suína para a Rússia (US$ -63,9 milhões).
Tabelas
Mensal
- Tabela 1 – Exportações do Brasil e Regionalizações — julho/2016
- Tabela 2 – Exportações por fator agregado do Rio Grande do Sul — julho/2016
- Tabela 3 – Exportações por fator agregado e principais produtos do Rio Grande do Sul — julho/2016
- Tabela 4 – Exportações, segundo países de destino, do Rio Grande do Sul — julho/2016
Acumulado do ano
- Tabela 5 – Exportações do Brasil e Regionalizações — jan.-jul./2016
- Tabela 6 – Exportações por fator agregado do Rio Grande do Sul — jan.-jul./2016
- Tabela 7 – Exportações por fator agregado e principais produtos do Rio Grande do Sul — jan.-jul./2016
- Tabela 8 – Exportações, segundo países de destino, do Rio Grande do Sul — jan.-jul./2016