Exportações do agronegócio gaúcho voltam a apresentar queda em outubro

Em outubro de 2016, as exportações do agronegócio gaúcho totalizaram US$ 840,9 milhões. Comparativamente ao mesmo mês do ano anterior, ocorreram quedas em valor (22,1%) e volume (37,8%) e alta nos preços médios (25,1%). Em termos absolutos, a redução no valor exportado foi de US$ 239 milhões.
No mês, os cinco principais setores exportadores do agronegócio foram fumo e seus produtos (US$ 243,6 milhões), complexo soja (US$ 241,0 milhões), carnes (US$ 163,2 milhões), produtos florestais (US$ 54,1 milhões) e couros e peleteria (US$ 30,4 milhões). Entre os principais setores, as carnes e os produtos florestais foram os únicos que apresentaram crescimento no volume embarcado, respectivamente, de 1,9% e 43,4%. No caso das carnes, dada a estabilidade nos preços médios, houve crescimento no valor exportado em relação a outubro de 2015 (1,8%).
As maiores variações absolutas positivas foram registradas no setor de demais máquinas e equipamentos agropecuários e suas partes (mais US$ 5,7 milhões; 87,8%) e animais vivos (mais US$5,7 milhões; 27.503,7%). Contudo o que condicionou o resultado nesse mês foram as variações absolutas negativas ocorridas no complexo soja (menos US$ 201,6 milhões; -45,5%), no setor de cereais, farinhas e preparações (menos US$ 25,5; -61,0%) e lácteos (menos US$ 9,8 milhões; -77,3%).

grafico-1

Os principais destinos das exportações do agronegócio gaúcho em outubro deste ano foram China (40,6%), União Europeia (16,7%), Rússia (4,0%), Argentina (3,1%) e Coreia do Sul (3,0%). Esses cinco destinos concentraram 67,4% das exportações do setor nesse mês. A China foi responsável pela maior queda absoluta em valor (menos US$ 108,8 milhões; -24,2%), seguida da Venezuela (menos US$ 37,9 milhões; -79,4%), do Vietnã (menos US$ 37,2 milhões; -79,2%) e da União Europeia (menos US$ 29,1 milhões; -17,2%). As reduções nas vendas para China, Vietnã e União Europeia concentraram-se no complexo soja, enquanto para a Venezuela ocorreram quedas nos setores de carnes — particularmente as carnes de frango —, de máquinas e implementos agrícolas e de lácteos. Ajudaram a atenuar a queda nas exportações de outubro o incremento nas vendas de carne suína para a Rússia e a aparente retomada nas vendas de máquinas e implementos agrícolas para a Argentina. Merece destaque também o envio de aproximadamente 10.000 bovinos vivos para a Turquia. Recentemente, os governos do Brasil e da Turquia ampliaram o acordo sanitário firmado em 2015 que viabilizava vendas de bovinos vivos para a engorda. Pelo novo acordo, foram simplificados os procedimentos para os embarques de bovinos terminados para o abate, o que tende a expandir as vendas.

grafico-2

Acumulado do ano

No acumulado de janeiro a outubro de 2016, as exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 9,5 bilhões, o que representa uma queda de 6,3% em relação a 2015. Nesse período, a dinâmica das vendas externas foi caracterizada por apresentar queda acentuada nos volumes embarcados (-5,7%) e certa estabilidade nos preços (-0,7%). Observa-se que, até o mês de agosto, a trajetória das exportações do agronegócio gaúcho foi similar à verificada no ano anterior. Contudo, nos últimos dois meses, ocorreram quedas expressivas.

 

grafico-3

Até outubro, os setores mais importantes para o agronegócio gaúcho foram complexo soja (US$ 4,5 bilhões), carnes (US$ 1,6 bilhão), fumo e seus produtos (US$ 1,3 bilhão), produtos florestais (US$ 635,8 milhões) e couros e peleteria (US$ 365,6 milhões). Nesse período, o complexo soja foi o setor com maior queda absoluta em valor (menos US$ 392,0; -8,0%). Embora tenha ocorrido uma pequena elevação nos preços médios (1,4%), o menor volume embarcado (-9,3%) foi determinante para o desempenho do setor. Devido a particularidades agroclimáticas, a soja gaúcha é colhida depois das safras da maioria dos estados brasileiros. Considerando o mercado físico, essa característica expõe os sojicultores locais a uma janela de comercialização mais curta até a entrada da safra norte-americana. Em períodos em que se projeta crescimento da oferta mundial de soja, como 2016-17, as oportunidades de negócios tendem a diminuir nos últimos meses do ano. A valorização do real frente ao dólar no segundo semestre também desfavoreceu a formação de preços atrativos para a exportação.

Comparativamente aos 10 primeiros meses de 2015, o setor de cereais, farinhas e preparações apresentou a segunda maior queda absoluta no valor exportado (menos US$ 250,2 milhões; -42,3%). Houve uma significativa redução nos embarques gaúchos de trigo (menos US$ 165,8 milhões; -64,7%) e de arroz (menos US$ 50,0 milhões; -19,2%). Outro setor que registrou significativa redução no valor exportado foi o de fumo e seus produtos (menos US$ 105,9 milhões; -7,4%). A menor disponibilidade de matéria-prima é apontada como principal explicação para a redução nas exportações desse setor. As condições climáticas adversas verificadas no Rio Grande do Sul foram particularmente impactantes para a cultura, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou uma produção 22,0% inferior à de 2015.

No acumulado entre janeiro e outubro de 2016, os principais destinos das exportações gaúchas do agronegócio foram China (38,8%), União Europeia (15,4%), Estados Unidos (3,7%), Irã (3,5%) e Coreia do Sul (3,5%). As principais reduções absolutas ocorreram nas vendas para China (menos US$ 357,3 milhões; -8,8%), Vietnã (menos US$ 230,5 milhões; -59,1%) e Venezuela (menos US$ 182,7 milhões; -57,9%). O complexo soja foi o setor com maior redução absoluta nas exportações para os países asiáticos. Observou-se também uma relevante redução nas vendas do setor de fumo e seus produtos para a China. Apesar da elevação nas vendas do setor de cereais, farinhas e preparações — notadamente arroz e milho — para a Venezuela, esse movimento de alta foi insignificante, comparativamente às reduções ocorridas no setor de carnes (carne de frango e suína), lácteos (leite em pó) e máquinas e implementos agrícolas (tratores, colheitadeiras e semeadores-adubadores). A queda verificada nas exportações do complexo soja não se mostrou generalizada, haja vista os significativos incrementos observados para o Irã e o Paquistão. No acumulado no ano, a União Europeia também aparece como destaque positivo, com importantes incrementos nas exportações do complexo soja (farelo de soja), no setor de fumo e seus produtos (tabaco não manufaturado), assim como no setor de produtos florestais (celulose).

grafico-4