A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulga as estatísticas do emprego formal celetista do agronegócio do Rio Grande do Sul e do Brasil referentes a agosto de 2017. As estatísticas geradas tomam por base os dados brutos disponibilizados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Em seguida, são descritos, brevemente, os resultados do Rio Grande do Sul para o mês de agosto, o acumulado do ano e os últimos 12 meses.
Agosto de 2017
No mês de agosto, foi registrado saldo negativo de empregos formais no agronegócio do Rio Grande do Sul. O número de admissões (11.174) foi inferior ao de desligamentos (13.695), resultando na perda de 2.521 postos de trabalho com carteira assinada. Esse é o quinto mês consecutivo com saldo negativo de empregos.
Em agosto, dois dos três segmentos do agronegócio gaúcho registraram saldo negativo de empregos. A perda mais substancial deu-se no segmento “depois da porteira”, formado por atividades agroindustriais e de comércio atacadista (menos 2.594 postos). Como tipicamente ocorre nesse período do ano, o setor de fabricação de produtos de fumo liderou os desligamentos em agosto, tendo apresentado um saldo negativo de 3.443 empregos com carteira assinada. A desmobilização desse setor — concentrada nos Municípios de Santa Cruz do Sul e de Venâncio Aires — teve início em junho e tende a perdurar até o último trimestre do ano. Na contramão do movimento geral do agronegócio, o setor com maior criação de vagas no mês foi o de abate e fabricação de produtos de carne (mais 751 postos). Esse desempenho foi determinado principalmente pelo crescimento das admissões no Município de Alegrete, resultado da reabertura de importante frigorífico especializado no abate de bovinos.
No segmento composto por atividades características da agropecuária (segmento “dentro da porteira”), houve diminuição de 91 postos de trabalho. Contribuiu decisivamente para esse desempenho o setor de produção de lavouras permanentes, responsável pela queda de 206 empregos com carteira assinada.
Por último, no segmento “antes da porteira”, constituído por atividades dedicadas ao fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos para a agropecuária, o saldo foi de 164 empregos. Nesse segmento, o setor de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários registrou a maior criação de empregos com carteira assinada em agosto (126 postos).
Na comparação com agosto do ano anterior, a perda de postos de trabalho em 2017 foi superior, com diferença de 839 empregos. Enquanto, em agosto de 2016, foram perdidos 1.682 empregos, em 2017, a perda foi de 2.521 postos com carteira assinada. Os setores com maior queda no saldo de empregos, na comparação desses dois meses, foram os de produção de lavoras permanentes, produção de lavouras temporárias e fabricação de produtos do fumo.
Acumulado no ano
No acumulado de janeiro a agosto, foram criados 3.223 empregos com carteira assinada no agronegócio gaúcho. Esse número é 60% superior ao observado em igual período de 2016, quando foram criados 2.011 empregos.
Os setores com maior criação de empregos em 2017 foram: o de fabricação de produtos do fumo (mais 4.978 postos), o de produção de lavouras permanentes (mais 1.443 postos) e o de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (mais 968 empregos). Por outro lado, os setores com maior fechamento de vagas foram: o de produção de sementes e mudas certificadas (menos 1.555 postos), o de fabricação de conservas (menos 1.443 postos) e o de produção de lavouras temporárias (menos 1.024 postos) (Tabela 1).
Na comparação dos primeiros oito meses de 2016 com os de 2017, o setor que mais melhorou seu saldo de empregos nesse período foi o de fabricação de produtos do fumo, seguido pelo de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários. A indústria fumageira foi favorecida pela expansão da oferta de matéria-prima agrícola para processamento, o que se traduziu na maior demanda por mão de obra e no alongamento do tempo médio dos contratos temporários característicos dessa atividade. Já o aumento dos empregos na indústria de máquinas e equipamentos agropecuários refletem a retomada das vendas no mercado interno e o estímulo à produção. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), durante os oito primeiros meses do ano, houve aumento de 25% na produção brasileira de máquinas e equipamentos para o setor agrícola, comparativamente a igual período de 2016. Após amargar dois anos de dificuldades, essa importante indústria do Estado passou a recompor lentamente seu quadro funcional, tornando-o compatível com um nível mais elevado de produto, mas ainda muito aquém do prevalente no período anterior ao início do ciclo recessivo nacional.
Os setores que mais pioraram seu saldo de empregos em relação ao período de janeiro a agosto de 2016 foram os de produção de sementes e mudas certificadas, de fabricação de conservas e de produção de lavouras temporárias.
Últimos 12 meses
Nos últimos 12 meses (set./2016-ago./2017), foram criados 2.913 postos de trabalho com carteira assinada no agronegócio gaúcho. Os setores com maior criação de empregos nesse período foram os de fabricação de produtos do fumo (mais 3.131 postos), de comércio atacadista de produtos agropecuários e agroindustriais (mais 993 postos) e de fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (mais 789 empregos).
Em contrapartida, entre os setores que seguem apresentando saldo negativo de empregos nos últimos 12 meses, os destaques são os de curtimento e preparações do couro (menos 870 empregos), de abate e fabricação de produtos da carne (menos 656 empregos) e de pecuária (menos 406 empregos).
Em termos relativos, comparando-se a variação nos saldos de empregos nos últimos 12 meses, observa-se que o setor que mais melhorou sua condição foi o de fabricação de produtos do fumo. Enquanto, no período set./2015-ago./2016, foram fechados 1.951 postos, nos últimos 12 meses foram criados 3.131 empregos no setor. Por outro lado, os setores que apresentaram as quedas mais expressivas foram: o de curtimento e preparações de couro e o de produção florestal.
No Gráfico 2, são apresentadas as informações do número de empregos nos cinco principais setores empregadores formais do agronegócio do Rio Grande do Sul. A diferença nos estoques de emprego de cada setor equivale ao saldo nos últimos 12 meses.